Em Portugal, cada vez menos jovens conseguem comprar casa própria. Prova disso são os dados dos Censos, disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que deixam patente que o número de jovens proprietários caiu para metade em apenas uma década.

Em 2011, eram quase 300 mil os proprietários de uma residência com idades compreendidas entre os 24 e 34 anos. Em 2021, esse número decresceu vertiginosamente, com apenas mais de 150 mil pessoas dessa faixa etária a serem donos de uma casa – mas os especialistas alertam que a falta de acesso a habitação acessível é um problema transversal a várias gerações.

Ainda assim, fatores como os salários baixos e as regras mais apertadas no acesso ao crédito à habitação podem prejudicar os mais novos no processo de aquisição de casa própria. Esta é uma realidade que se confirma, especialmente se tivermos em conta que, em Portugal, os jovens saem de casa dos pais, em média, aos 29,7 anos, de acordo com os dados do Gabinete de Estatísitica da União Europeia (Eurostat), para o ano de 2022.

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A média portuguesa está acima da que se regista na União Europeia (UE), fixada nos 26,4 anos. Analisando por género, os homens da UE deixam a casa dos pais aos 27,3 anos, mais tarde do que as mulheres, que o fazem aos 25,4, uma diferença acompanhada pelos 27 estados-membros. Portugal (30,4 anos) é o nono estados-membros onde os homens saem de casa depois dos 30 anos.

A par disto,  o preço médio de alojamentos familiares em Portugal aumentou 14,4%, para 1.484 euros por metro quadrado em 2022, face a 2021, segundo a CNN Portugal. O município de Lisboa (3.872€ por metro quadrado) é o que regista o preço mais elevado do país, tendo-se verificado também valores superiores a 2.900€ por metro quadrado em Cascais, Oeiras e Loulé.

Tendo em conta a crise na habitação, este sábado, 30 de setembro, há protestos marcados para 24 cidades de norte a sul de Portugal. A iniciativa é promovida pela plataforma "Casa para viver, Planeta para habitar", que também vai dar voz à crise climática e integra mais de 100 associações e coletividades.

Em Lisboa, a iniciativa vai fazer-se ouvir da Alameda Afonso Henriques ao Rossio, na baixa de Lisboa, a partir das 15 horas. Em Aveiro, é o Largo Jaime Magalhães que recebe a manifestação, em Coimbra, a Praça 8 de Maio, e em Faro, no Algarve, o Jardim Manuel Bivar, também à mesma hora.

Em alguns pontos do País, os protestos aconteceram de manhã, a partir das 10 horas, como foi o caso do Barreiro, junto à Escola Secundária Santo André, de Beja, no Jardim do Bacalhau, de Évora, na Praça do Giraldo e de Portalegre, no Mercado Municipal. Em Tavira, os protestantes reuniram-se às 11 horas, também no Mercado Municipal.

Mas há mais cidades onde os portugueses vão sair às ruas, como Guimarães (Toural), Braga (Coreto da Avenida), na Covilhã (Largo da Câmara Municipal, no Pelourinho), Porto (Batalha), Leiria (Fonte Luminosa), Portimão (Largo 1.º Dezembro) e Torres Novas (Largo do Paço).