
O artista plástico Bordalo II voltou a provocar – e desta vez, a jogada fez-se à escala de um tabuleiro de Monopólio. Esta sexta-feira, 3 de maio, a Praça Duque da Terceira, no Cais do Sodré, em Lisboa, ficou coberta por uma lona gigante que simulava o conhecido jogo de tabuleiro, numa crítica direta à crise da habitação em Portugal.
A intervenção artística, intitulada Provoc, ocupava toda a rotunda da praça e foi rapidamente partilhada nas redes sociais do artista. "As nossas cidades estão a ser convertidas em grandes tabuleiros de jogo", escreveu Bordalo II no Instagram. “O direito à habitação, presente na Constituição, está agora à mercê da sorte ou do azar", continuou.
"Alguns jogadores trocam casas por hotéis, uns hipotecam os imóveis à banca, outros são a banca – mas neste jogo, nem todos começam com a mesma quantia e poucos recebem ao passar pela casa de partida", acrescentou ainda. A metáfora, ilustrada com a escala real do jogo, não passou despercebida, mas também não durou muito.
Horas depois, a Câmara Municipal de Lisboa anunciou a remoção da instalação, alegando que se tratava de uma obra não autorizada e que "representa um atentado ao património da cidade". Segundo fonte oficial, a colocação da lona danificou a calçada portuguesa com que a rotunda conta.
A autarquia liderada por Carlos Moedas deixou claro que não foi informada nem consultada antes da intervenção, de acordo com declarações prestadas ao "Observador". Segundo a Câmara Municipal, a instalação obrigará "à reparação da calçada portuguesa artística existente no local, a qual ficou danificada na sequência deste ato".