Após anunciar a construção dos aeroportos do Montijo e Alcochete esta quarta-feira, 29 de junho, decisão entretanto revogada pelo primeiro-ministro, António Costa, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, de Pedro Nuno Santos, pronunciou-se sobre o que aconteceu.
"Queria lamentar toda esta situação criada à volta do despacho sobre a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), fruto de erros de comunicação e de articulação dentro do governo, que são da minha inteira responsabilidade", assumiu o ministro numa conferência de imprensa ao final da tarde desta quinta-feira, 30.
"Estas falhas tiveram consequências e causaram esta situação que estamos a viver e pela qual eu me penalizo profundamente", continuou. O responsável pelo Ministério das Infraestruturas e da Habitação admitiu que fugiu ao procedimento que foi definido por António Costa e disse porquê.
"A vontade de querer concretizar, realizar, levou a que esse objetivo não fosse concretizado, nomeadamente a procura ativa pelo consenso pela realização de uma infraestruturas com a importância de um aeroporto", disse.
Contudo, a certa altura do discurso em que se esperava que o ministro pudesse demitir-se de funções, essa hipótese começou a desvanecer-se quando Pedro Nuno Santos falou sobre a relação de longa data com António Costa. "Esta é uma falha relevante, que assumo, mas que obviamente não mancha aquilo que é o trabalho já longo, em conjunto com o Sr. primeiro-ministro, ainda antes de sermos governo. A caminhada que fizemos em conjunto para conseguirmos a liderança do partido socialista", afirmou.
Pedro Nuno Santos referiu-se não só a uma relação profissional, como de amizade com o primeiro-ministro, que não será manchada pelo "momento infeliz" que, reforçou, teve "consequências negativas".
"Queremos obviamente ultrapassar este momento, retomar os nossos trabalho em conjunto, reconstruir a nossa relação de confiança de trabalho e é esse o nosso objetivo. E neste quadro, em concreto do tema que se prende com o aeroporto, seguir aquele que foi o procedimento definido pelo Sr. primeiro-ministro, que é público, que é a procura ativa do consenso nomeadamente com o maior partido da oposição para garantirmos estabilidade às decisões que envolvam a localização e todas as matérias importantes para o futuro aeroporto de Lisboa e para o futuro do País", disse já no final da curta comunicação ao País.
Quando na manhã desta quinta-feira, 30, foi divulgada uma nota pelo gabinete de António Costa, que se encontrava na Cimeira da NATO, em Madrid, o primeiro-ministro destacava precisamente que qualquer alternativa ao aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, "tem de ser negociada e consensualizada com a oposição, em particular com o principal partido da oposição e, em circunstância alguma, sem a devida informação prévia ao senhor Presidente da República".
De acordo com o despacho que tinha sido apresentado por Pedro Nuno Santos esta quarta-feira, a ideia seria começar a construir o aeroporto do Montijo no próximo ano, de modo a estar pronto em 2026, e a meta era ter o aeroporto de Alcochete operacional em 2035.