Vanessa tem 34 anos e vive com um problema de saúde incapacitante. Em 2019, foi diagnosticada com cistite intersticial, também conhecido como síndrome da bexiga dolorosa. "Vivo 24 horas com sintomas severos de infeção urinária", disse Vanessa num vídeo partilhado nas redes sociais. Agora, a portuguesa e a mãe, de 66 anos, estão prestes a ser despejadas da casa onde vivem.
"Temos de sair a 31 de janeiro de 2025 ou seja, temos 19 dias", referiu Vanessa no mesmo vídeo. Sem emprego devido à sua situação de saúde, e com a mãe desempregada desde os 63 anos, as duas mulheres sobrevivem com o subsídio de desemprego da mais velha, que é pouco superior a 500€.
Os sintomas do síndrome da bexiga dolorosa fazem com que Vanessa não consiga dormir. "Já tentei o suicídio por estar em privação de sono e em sofrimento extremo", referiu num vídeo publicado nas redes sociais, onde também abordou o facto de muitas pessoas desconfiarem da veracidade da sua situação.
"Dou a cara desde 2022, fui entrevistada pela SIC, várias pessoas que viram a minha entrevista [no programa "Júlia"] conheceram-me pessoalmente, vieram a minha casa, conheceram a minha mãe. Somos pessoas honestas e vivo nesta luta online, a tentar ter alguma voz, sem sucesso, desde 2022. Qualquer seguidor da minha página que já me tenha conhecido e que saiba da minha situação pode deixar um comentário, se assim quiser, ajudaria muito (...) Não tenho nada a esconder, só preciso desesperadamente de ajuda e o meu tempo está a esgotar-se", referiu.
O que pode fazer para ajudar?
Para auxiliar Vanessa e a mãe, a ativista Francisca Barros criou uma campanha no GoFundMe, com uma meta de 22 mil euros. Até ao momento, foram arrecadados 13 mil euros. Também Nuno Markl partilhou a história das duas mulheres e apelou à ajuda dos seus seguidores.
"Pelo que percebi, esta é a maneira mais fácil de entender o que esta doença crónica é: imaginem uma infecção urinária que não acaba nunca. Que vos massacra dia e noite, que vos priva de sono e vos leva à loucura. É isto. A Vanessa e a mãe (também doente) estão prestes a ser despejadas da casa onde vivem (é já no fim deste mês). Estão sem trabalho, sobrevivem com pouco mais de 500 euros de subsídio de desemprego. A vida delas é um beco sem saída e já lhes passou várias vezes pela cabeça a solução mais drástica de pôr fim ao seu sofrimento. Já foram ao programa da Júlia Pinheiro, numa emissão gravada - um directo é demasiado traiçoeiro para uma pessoa que padece desta doença", referiu, salientando como podem as pessoas ajudar.
"Do que é que elas precisam? Um tecto - nem que seja um T0, de preferência na zona da Amadora - a um preço que elas possam pagar; contribuições para o crowdfunding (...); água Evian. Todos a conhecemos como uma água de luxo, mas é a única com um pH aceitável para uma doente de Cistite Intersticial. Creio que ela é distribuída em Portugal pela JMD - Jerónimo Martins Distribuição. Se pudessem ajudar, era incrível. E já agora partilhem o instagram da Vanessa o mais que puderem."
Uma vida em suspenso desde os 19 anos
Vanessa foi diagnosticada com a doença em 2010, aos 19 anos. "Após sofrer durante meses com sintomas urinários severos 24 horas por dia, que me deixaram presa a uma casa de banho sem conseguir dormir, após imensas consultas, testes de urina negativos, ecografias, fui diagnosticada com Cistite Intersticial/Síndrome da Bexiga Dolorosa. A minha vida acabou aí. Tive algumas melhorias com a medicação (Fibrocide), mas tive de parar devido a efeitos secundários graves. A urgência e a frequência urinária voltaram a aumentar, mas para números inferiores, o que pelo menos me permitia dormir, com muitas interrupções para urinar durante a noite, e sair de casa para as coisas básicas e num dia bom talvez até para fazer uma pequena caminhada", contou numa publicação no seu Instagram.
"Passei a ter de cumprir uma dieta muito rigorosa e nem água da torneira podia (nem posso) beber. Nunca nenhum dos tratamentos que fiz ao longo de todos estes anos fizeram com que conseguisse ter uma vida normal, impossibilitando-me de trabalhar. Durante muitos anos afundei-me numa depressão, desisti de lutar, conformei-me e quando finalmente arranjei forças para pedir ajuda, depois de uma tentativa de suicídio que me deixou em coma, a pandemia aconteceu e ficou tudo em suspenso. Desde então, também devido a problemas psiquiátricos que se têm vindo a agravar devido à minha condição, que a mesma tem vindo a piorar, tendo neste momento muita dificuldade em sair de casa, pois passo a maior parte do tempo com sintomas urinários bastante severos que me impedem de dormir ou de fazer o que quer que seja", disse Vanessa.