Se já viu o filme "A Ressaca" sabe o quanto as despedidas de solteiro podem ser loucas e memoráveis. Desde tigres na casa de banho do quarto de hotel, a bebés dentro do guarda-roupa, tudo pode acontecer: pior do que isso é mesmo perder o noivo. Mas não são só os homens que fazem despedidas de solteiro malucas: as mulheres, mesmo conhecidas por serem mais românticas, têm a sua quota-parte de desvario na última noite de solteiras da sua vida. O filme "A Noite é Delas", em que cinco amigas têm uma noite de bebedeira, sexo, drogas (e um cadáver de um stripper, que afinal não está assim tão morto), é um bom exemplo disso. A MAGG conta-lhe as melhores histórias reais que encontrou destas festas.
Durante a noite alguns amigos iam desaparecendo, uns para dentro do autocarro, outros para o meio do mato, mas todos chegámos vivos a casa e alguns a horas ao casamento"
Filipe Zaben, de 29 anos, que tem uma banda de música electrónica, foi noivo em Setembro de 2015 e a sua despedida de solteiro não foi bem planeada, mas mesmo assim acabou por ser uma grande aventura. "Na noite anterior ao casamento tinha um concerto agendado numa festa de aldeia a 200 km de Lisboa. Como tinha de ir dar o concerto decidi alugar um autocarro de 20 lugares e levei alguns amigos à festa", começa por contar. Era suposto sairem de Lisboa às 18 horas, mas o imprevisto aconteceu e o autocarro que os foi buscar ao local combinado não arrancava, estava com uma avaria. "Ali mesmo, entrámos dentro de um shopping e começámos a beber. Durante uma hora e pouco, até o autocarro estar bem, e até a senhora do bar onde estávamos dizer que já não tinha mais cerveja, ficámos ali".
Depois de uma hora e meia de atraso, e com "o caos do trânsito de Lisboa", lá seguiram para o destino. Chegaram quase na hora de fazer o teste de som, mas ainda tiveram tempo de jantar na festa e de beberem mais um pouco: "Três grades de cerveja". Filipe conta que "a partir daí estava montada a barraca" e que foi até às seis da manhã. "O casamento era às três da tarde, por isso dava tempo para tomar banho, vestir, arranjar e ir ao casamento", conta. Mas a noite foi mais animada do que aquilo que quis contar: "Durante a noite alguns amigos iam desaparecendo, uns para dentro do autocarro, outros para o meio do mato, mas todos chegámos vivos a casa e alguns a horas ao casamento".
Mafalda Magalhães trabalha no Share Events, uma empresa que organiza, entre muitas coisas, despedidas de solteiro e conta quais as mais estranhas e malucas que já fez: despedidas de solteiro em conjunto, com noivo e noiva, pub crawls que não acabam bem e até rompimento de relações.
"Uma delas foi uma despedida de solteiro masculina em que o noivo era virgem e os amigos quiseram comprar um dos pacotes que temos que é com strippers. Nós vendámos o rapaz enquanto o levávamos até lá: quando chegámos tínhamos uma zona privada para eles. Entretanto, quando chegaram as strippers e começaram a fazer as suas danças, tirámos a venda ao rapaz. Quando ele viu onde estava e que elas estavam semi-nuas a dançarem à sua volta, desmaiou", recorda. Este foi um dos momentos mais cómicos e assustadores que já viveu numa despedida de solteiro. No entanto, também aconteceu uma "em que o rapaz se embebedou imenso e foi parar ao hospital", e o casamento era no dia a seguir.
Houve um casal que quis fazer a despedida de solteiro juntos e quiseram strippers femininos e masculinos, todos nus, porque queriam ficar a ver o espétaculo um do outro"
Uma das piores situações por que Mafalda Magalhães passou foi quando o noivo decidiu pôr fim à relação que tinha com a namorada na despedida de solteiro: "Essa história nem sei como ficou. Não sei se voltaram entretanto ou não, mas foi muito má, a rapariga deve odiar-nos". Já as despedidas de solteira de raparigas são "mais soft e mais românticas" e "amalucadas de outra forma".
Mafalda conta que "normalmente embebedam-se todas, choram e vomitam". Uma das despedidas de solteiro mais estranhas foi quando a noiva decidiu que queria juntar a sua festa com a do namorado: "Tivemos de ligar para a outra empresa, que estava a organizar a do noivo, e juntámos as duas. O noivo não gostou muito da idéia, mas pronto". No entanto, há noivos que não se importam: "Houve um casal que quis fazer a despedida de solteiro juntos e quiseram strippers femininos e masculinos, todos nus, porque queriam ficar a ver o espétaculo um do outro".
Numa das despedidas de solteira "houve uma cliente que também se embebedou e acabou aos beijos com um rapaz na rua, quando estávamos a fazer o pub crawl (um género de tour por vários bares em que está incluído uma bebida ou um shot) e tirou uma selfie que enviou para o noivo. Mas, pelo que percebi, devia ser um noivado muito à frente porque o noivo levou aquilo na brincadeira".
Quanto aos pedidos mais estranhos, Mafalda admite que nem todos são exequíveis: "Houve uma rapariga que queria uma despedida de solteira muito bondage: queria vários strippers que ficassem completamente nus e artigos e máquinas de sadomassoquismo. Não podemos fazer exatamente como a cliente queria, por ser muito ousado".
Rita Romano, da empresa organizadora de eventos Last Bad Decisions, faz maioritariamente despedidas de solteiros a ingleses, mas garante que eles não são menos estranhos: "Os pedidos mais comuns são strippers: nos autocarros, em barcos, nas limousines e em apartamentos. Normalmente também pedem shows lésbicos, e costumam atirar-se muito ao rio Tejo, todos nus".
Tivemos um pedido para um pub crawl em que o noivo vinha vestido com um fato de latex, que tapava a boca e os olhos, e andava algemado a um anão pelas ruas do Bairro Alto e do Cais do Sodré"
Aqui há um serviço especial para mulheres: chama-se "cheeky waiter" e são "rapazes jeitosos que vão só de avental" para o apartamento das meninas fazer e servir cocktails, "basicamente tratá-las como princesas". E, se ainda tinha dúvidas, Rita confirma: "As raparigas são mais atrevidas e, normalmente, fazem certos tipos de propostas que não estão incluídas no pacote".
Entre as despedidas de solteiro mais estranhas que já teve, lembra-se de três: uma em que pediram que contratassem alguém que fosse fazer a depilação completa, a cera, ao noivo. Outra em que, um grupo de 20 rapazes jogava um jogo nas ruas de Lisboa: "Fingiam que eram soldados num jogo de guerra e cada um tinha uma posição. Sempre que eu gritasse a palavra antes combinada entre nós, eles punham-se todos nas posições. Paravam no meio da rua e durante dois minutos não se mexiam e as pessoas ficavam todas a olhar. Esse foi muito engraçado".
O pedido mais extravagante veio de um grupo que queria um anão: "Tivemos um pedido para um pub crawl em que o noivo vinha vestido com um fato de latex, que tapava a boca e os olhos, e andava preso a um anão pelas ruas do Bairro Alto e do Cais do Sodré. Este fez-lhe um striptease, bateu-lhe e andou algemado a ele a noite toda".