Em 1932, Alberto Ferreira do Couto criava a Pasta Medicinal Couto, em colaboração com um dentista. Um século depois, ainda se ouve falar desta invenção, que marcou tantas gerações. Na realidade, o projeto começou em 1918, quando surgiu a marca Flores e Couto.

Passaria a chamar-se Couto, Lda. e viria a ficar sob a administração de Alberto Ferreira do Couto até 1974, ano em que morreu. A responsabilidade passou para o sobrinho, Alberto Dionísio Gomes da Silva, que havia começado a trabalhar nesta empresa em 1958.

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Alberto Dionísio Gomes da Silva morreu a 7 de maio deste ano, aos 85 anos. "Encontrava-se em recuperação após sucessivos AVC no último ano", divulgou a marca, nas redes sociais. "Toda a família e amigos Couto S.A. e Fundação Couto estão profundamente consternados com esta perda", continua, assim como citou o "Jornal de Notícias".

alberto gomes da silva
Alberto Dionísio Gomes da Silva presidia a Couto S.A. desde 1974. créditos: DR

Atualmente designada por Couto S.A., a marca vai muito além da pasta dentífrica. A bisnaga amarela e preta marcou a sociedade portuguesa do século XX, já que ajudava a combater problemas nas gengivas, muitos deles causados pela sífilis.

Mais de 100 anos depois, este símbolo da marca continua a existir e a poder ser adquirido. Mantém a mesma receita e é produzido de forma semiartesanal e sem ingredientes de origem animal. A empresa familiar apostou na diversificação dos cuidados pessoais.

Em 1969 surgiram novos produtos: o restaurador olex e o petróleo olex, desta vez direcionados para o cabelo. Em 2017 a marca sofreu um rebranding e, em 2018, abriu uma loja na Rua de Cedofeita, no Porto, que tem um design retro e que funciona como a montra física da marca.

Este espaço contém todos os produtos da Couto S.A., bem como fotografias que evidenciam a evolução da marca e ainda exemplares dos primeiros produtos e utensílios. Com o surgimento da pandemia, em 2020, o projeto apostou na criação de uma loja online.

Em 2021, registaram um volume de vendas superior a um milhão de vendas, comercializando mais de 700 mil bisnagas icónicas. De acordo com a "Sábado", Espanha, França, Itália, Alemanha, Suíça, Áustria, EUA e Coreia são os principais destinos dos produtos Couto.

Hoje, inspirados na tradição portuguesa, têm produtos como gel desinfetante, máscaras de tecido, cremes, colónias e vários coffrets. O preço dos coffrets começa nos 11,26€. O after shave custa 12,38€, o creme de mãos 5,23€, o hidratante 7,91€, a água de colónia 24,88€ e a famosa pasta 1,80€.

O gosto pelo vintage

Afinal, o que explica este regresso em força da Couto S.A.? O que faz com que uma marca tão antiga continue a estar posicionada no mercado tanto tempo depois? Para Luís Miguel Pereira, fundador da Antiga Barbearia do Bairro, um dos motivos é a aposta na inovação.

"A Antiga Barbearia do Bairro tem 13 anos, já tem alguma história e peso no mercado masculino português", aponta. Este projeto inspirado nas barbearias antigas e nos bairros típicos portugueses vende o tipo de produtos que se podiam encontrar à data, o pincel e o sabão de barba.

Luís Miguel Pereira, que pegou nos produtos da altura em que o homem ia ao barbeiro e saía de lá a saber as notícias, inspirou-se na "parte histórica e tradicional da ligação entre o homem e a barbearia antiga como espaço social e cultural e de bairro" para esta iniciativa.

"Em 2010, sentia que havia um trend mundial e nacional em que as barbearias antigas começavam a estar um bocadinho na moda", disse à MAGG, explicando o porquê desta aposta, com a qual avançou com "um toque de modernidade" e com "produtos e aromas bastante atuais", uma estratégia que se assemelha ao rebranding da Couto S.A..

"Pode inovar-se, trazendo, por exemplo, produtos que tinham caído em desuso. Não significa que, se colocar novamente esses produtos, não sejam peças interessantes", crê o empresário. "Os pais e os avós usavam, mas hoje em dia só existe no circuito mais vintage. E o consumidor reage bem", conclui.

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