Carolina Aranda, de 24 anos, foi a grande vencedora de “O Triângulo”, o reality show da TVI que esteve no ar de 26 de fevereiro deste ano a 28 de maio, e que foi conduzido por Cristina Ferreira. A ex-concorrente de Évora apaixonou os telespectadores da estação de Queluz de Baixo, que a apoiaram neste desafio e a fizeram ficar em primeiro lugar. Fora da casa, a alentejana quer lançar a sua marca.
Carolina Aranda e Inácia Nunes, ex-concorrente do mesmo reality show, deram muito que falar durante “O Triângulo”, pela cumplicidade que tinham uma com a outra e pela possibilidade de serem um casal. A ex-concorrente de Évora não tinha noção de que a relação entre as duas era um tema fora do programa, até uma gala em que abordaram o tema de uma forma “brusca”. “Acho que o assunto não foi tratado como deveria ter sido”, afirma.
“Depois de um jogo do ‘Eu Nunca’ houve um jantar. O que eu sinto é que foi criada uma narrativa que não correspondia propriamente à verdade”, confessou, garantindo que a relação entre ambas era a mesma desde a segunda semana, a semana militar, com “afetos” e “brincadeiras”.
Carolina admitiu no programa que se sentiu atraída por Inácia Nunes. “Para mim foi algo leve, normal, o facto de ter dito que senti atração por esta pessoa, independentemente de ser homem ou mulher. De alguma forma parece que pintaram como se isto tivesse acontecido de um dia para o outro, só ali é que estávamos a falar de coisas mais íntimas ou mais pessoais, ou que só ali é que estávamos a ter algum afeto uma com a outra”, explicou Carolina.
“Quase que meteram em causa o que eu disse. Pareceu-me um bocadinho brusco e tenho pena de não ter tido a oportunidade de ir a uma sala do Mestre falar do assunto com tranquilidade, explicar o meu lado e o facto de ter sido feito na sala, no meio de todos com farpas à mistura e algumas perguntas mais desconfortáveis à mistura. E isso custa-me”, partilhou.
Além disso, a alentejana sentiu que revelou algo importante sobre si, o ter sentido atração por Inácia, e que o desvalorizaram. “Do nada, estou a ver que revelei algo de mim e que o fiz, novamente, de forma leve, mas parece que me estavam a fazer sentir mal por tê-lo feito. Nos dias que correm não deveriam fazer isso, principalmente porque deve haver muita gente na mesma situação, e o facto de terem desvalorizado e não ter passado a parte de ‘ok, é normal uma pessoa sentir atração por outra nem que seja pela personalidade’. Parece que isso passou para segundo plano e o mais importante era ‘será jogo ou não será jogo?’. A narrativa que foi pintada foi muito dessa forma e eu realmente não gostei da forma como o assunto foi tratado”, explicou.
Atualmente, a relação entre Carolina e Inácia “continua aquilo que era” dentro do programa. “Nós já sabíamos que provavelmente cá fora iríamos ter o mesmo tipo de relação que tínhamos lá dentro, que iríamos querer passar muito tempo as duas, partilhar muitos momentos uma com a outra. Eu acho que a relação está igual, só que obviamente cá fora temos muita mais liberdade para fazermos muito mais coisas, estarmos mais à vontade. Aquilo que se viu acaba por ser uma amostra do que se passa cá fora”, contou, acrescentado que continuam a ter uma ligação “muito grande” e que “não dá para explicar”.
“O meu maior objetivo era a exposição para daí conseguir alavancar um ou outro projeto que tivesse"
Quanto à experiência n' "O Triângulo", Carolina Aranda revela que “não tinha muitas expectativas”, porque prefere não as criar para não se desiludir. O que a ex-concorrente queria era “algum tipo de oportunidade” que a tirasse da situação em que estava, nem que fossem apenas durante algumas semanas. “O meu maior objetivo era a exposição para daí conseguir de alguma forma alavancar um ou outro projeto que tivesse. Nós sabemos que hoje em dia, principalmente com as redes sociais, os números são muito importantes. Mas para um projeto ou para uma marca é mais fácil para alguém que tem algum tipo de exposição”, admitiu.
O foco da alentejana antes de participar no programa e atualmente é a carreira. A ex-concorrente garante não ter entrado n’ “O Triângulo” com estratégias nem “barreiras”. A reação da família e amigos à entrada no reality show foi “muito positiva” e deram-lhe “muito apoio”. Carolina adorou a sua entrada na casa mais vigiada do País, por ter entrado “sozinha e sem jogos e dilemas”.
Carolina Aranda foi a vencedora d’ “O Triângulo”, com 52% dos votos. Apesar de a ex-concorrente ser sempre uma das primeiras salvas das nomeações, nunca pensou vencer o programa, por ser um pouco “impulsiva” quando vê alguma injustiça ou uma situação com a qual não concorde, insurgindo-se contra isso.
“Apesar das salvações e da pirâmide, numa final é tudo muito imprevisível e eu tinha um pouco de receio dessa imprevisibilidade. Ao mesmo tempo, sabia que havia pessoas que também eram muito gostadas, ou seja, poderia ficar entre mim e outra pessoa ou eu poderia nem ficar no pódio. Sempre foi algo em que eu nem quis pensar. O que tivesse de acontecer acontecia”, afirmou.
Carolina garante ter sido ela mesma no programa. “Quem viu [o reality show] conhece-me. Claro que estamos num ambiente que exponencia comportamentos, tanto a alegria, como a tristeza ou a raiva. É tudo amplificado lá dentro e há situações que cá fora podem parecer um exagero, mas lá dentro é como se sentem as coisas”, disse, acrescentando que na sua vida é “muito mais tranquila” e não tem confrontos ou “discussões constantes”. Contudo, rodeia-se de pessoas de quem gosta e com quem se dá bem.
Se pudesse mudar alguma coisa na sua participação tinha-se “divertido mais”, “relativizado uma ou outra situação só” e tinha sido “mais confiante” e sem “tantos momentos de insegurança”. Após três meses fechada na casa mais vigiada do País, foi altura de regressar à vida real. “Na altura eu lembro-me que foi um bocadinho estranho de assimilar, porque nós não estamos habituados a ver tanta gente, tanta mensagem, ser reconhecido na rua, abordarem-me”, confessou.
A ex-concorrente também falou sobre como lidou com os comentários negativos que recebeu sobre a participação no reality show da TVI. “Foram coisas que eu consegui relativizar super bem, não fiquei melindrada por algumas coisas que possa ter lido, porque a onda de amor que eu senti e as muitas mensagens que eu recebi vão sempre sobrepôr-se a um ou outro comentário negativo”, afirmou.
“Muitas pessoas perceberam aquilo que eu era e gostaram, viram as minhas atitudes, apoiaram-me, estiveram sempre lá. É mesmo uma sensação difícil de explicar a quem não passa por ela, porque passamos de estar numa bolha, para sair e termos pessoas que nos querem ver e acompanhar. No meu caso foi um bom choque, mas demora algum tempo até assimilar”, contou.
"Se visse algum tipo de comentário ou ação preconceituosa eu não iria achar estranho, ainda que ficasse triste, porque sei que é algo que existe"
Carolina garante não ter sofrido de preconceito por ter participado num reality show, mas “ainda não” esteve presente em “situações em que isso pudesse acontecer”. “Infelizmente, o preconceito vai sempre haver e todos nós temos essa noção. Se visse algum tipo de comentário ou ação preconceituosa eu não iria achar estranho, ainda que ficasse triste, porque sei que é algo que existe. Ao mesmo tempo, eu acho que apesar de ainda haver, está muito mais diluído do que há uns anos, felizmente para nós. As pessoas já conseguem ver para além daquele estereótipo e conseguem ver que as pessoas que participam são muito mais do que isso”, disse.
Carolina Aranda tem-se dedicado às redes sociais desde que saiu d' "O Triângulo", onde publica vídeos a arranjar-se ou vlogs dos seus dias. Uma das maiores ambições da jovem de 24 anos para o futuro é lançar algo seu, nomeadamente a sua marca, que abrangesse dois ou três setores que lhe interessam, como a roupa, acessórios e bijuteria, que “seria mais para o imediato”, e o outro “ainda é um segredo".
Além disso, “gostava de ter um projeto televisivo”, nomeadamente na área da apresentação, porque “gosta de comunicar”. “Qualquer projeto que viesse de áreas que para mim fazem sentido, como um programa de dança, sendo uma das participantes”, afirmou.
A alentejana gostava ainda de estar envolvida com alguma associação, dado que a situação da mãe, que teve dois cancros, lhe é “tão querida”. “[Quero] ser um exemplo para outras mulheres que queiram ser de alguma forma empresárias, donas de algo, importantes, que tenham essa ambição”, garante.
O prémio d’ “O Triângulo” foram 22.750€ e Carolina pretende investir o valor na sua marca, já que já tem “um teto e um carrinho”. “O dinheiro neste momento é para ser usado e investido no meu futuro, não só na marca, mas em tudo o que me possa ajudar e acrescentar”, partilhou. “Além da marca tenho uma outra coisa que gostava de concretizar e preciso de meios para isso, a nível profissional claro. O meu foco é esse e, para além disso, se eu tiver de ajudar de alguma forma quem está à minha volta, vou fazê-lo sem qualquer problema”, adiantou.
Carolina fez "limpezas" e "vendas porta a porta" para pagar estudos na universidade
Carolina Aranda partilhou no Portal do Tempo, no reality show, que quando entrou para a universidade a mãe foi diagnosticada com o primeiro cancro da mama e, após os tratamentos, este reapareceu, acabando por morrer. Conciliar os estudos e a vida académica com a fase delicada que vivia “não foi fácil”, chegando a dizer n’ “O Triângulo” que tinha alguns “arrependimentos” dessa altura.
“Talvez não tenha feito a melhor gestão na altura. Apesar de olhar para trás e pensar que dificilmente faria de outra forma, que estive presente sempre e que nunca houve uma altura em que eu não estive. Ao mesmo tempo acho que talvez tenha havido ali uma ou outra vez em que meti a vida académica acima daquilo que era a minha vida familiar”, afirmou.
“Mas isso aconteceu meia dúzia de vezes se tanto”, explicou, acrescentando que foi “um balanço muito difícil de fazer na altura”, porque tanto a vida familiar como a entrada na universidade era “novo” para si. “Eu olho para trás e penso que há situações em que devia ter feito de outra forma, mas foi o que a maturidade na altura me permitiu e eu também tenho de ter noção disso”, acrescentou.
Carolina tem um irmão, Guilherme Ramalho, e a relação entre ambos “é ótima”. “Compreendemo-nos como ninguém, porque passámos os dois pelas mesmas coisas, assistimos exatamente às mesmas coisas e sempre fomos muito próximos desde pequeninos. Ele é uma pessoa que é muito protetora em relação a mim e qualquer coisa que eu tenha ou que ache que me possa prejudicar ele tenta sempre defender-me”, contou.
O irmão está a viver atualmente na Alemanha, mas Carolina garante que apesar da “distância física” mantêm a mesma relação, falam regularmente, tentam “perceber o que se passa um com o outro” e tentam aconselhar-se mutuamente. “A relação em momento algum mudou. Depois de tudo o que aconteceu, acho que ainda se fortaleceu mais, apesar de já ser bastante forte”, acrescentou.
Quanto à infância da alentejana, esta considera que era “observadora, muito criativa, já tinha um feito bastante marcado” e já tinha “ideias muito fixas”, gostando de “deixar isso bem claro desde muito cedo”. Na universidade optou pelo curso de Relações Internacionais e, apesar de ter entrado em Lisboa, optou por ficar em Évora, por ter coincidido com o primeiro cancro da mama da mãe.
Quanto aos trabalhos que já exerceu ao longo dos anos, começou a trabalhar com 17/18 anos em “várias lojas de roupa e de acessórios, call center”, chegou “a fazer limpezas”, trabalhou em eventos e chegou “a fazer vendas porta a porta”, aliando por vezes dois destes trabalhos em simultâneo “por necessidade” e enquanto estudava.
Nos tempos livres, a jovem de 24 anos adora “tudo o que seja mais criativo”, como dança ou moda. “Gosto muito de criar peças, de modificar peças. Até me relaxa a questão de coser, é um dos meus principais hobbies”, contou. Também gosta de estar com as pessoas com quem se dá melhor, de falar com elas, de passear e “espairecer um bocadinho”.