Ainda que a pandemia da Covid-19 pareça uma miragem, sendo que há cerca de um ano que vivemos com alguma normalidade, nem todos a encaram dessa forma. E Jessica Chastain, que marcou presença na 80.ª edição dos Globos de Ouro, deixou bem claro que continua sem intenções de ser apanhada por esse bicho ou outro qualquer – especialmente tendo em conta que os Estados Unidos registaram esta terça-feira, 10 de janeiro, 16.943 novos casos de COVID-19 e 274 mortes provocadas pelo coronavírus.

A atriz desfilou pela passadeira vermelha do Beverly Hilton Hotel, em Los Angeles, Estados Unidos, numa criação cintilante de Oscar de la Renta, cujo design remetia para teias de aranha. Depois de ser fotografada, rapidamente voltou a tapar o sorriso com uma máscara de lantejoulas, que combinava com o vestido.

Jessica Chastain não o fez com a intenção de tornar o acessório numa afirmação do seu estilo pessoal ou porque se estava a sentir nostálgica em relação aos tempos de pandemia. Fê-lo porque queria, efetivamente, estar protegida, já que, por ter um projeto em mãos, não podia arriscar ficar doente.

"Agora estou a fazer uma peça em Nova Iorque", começou por explicar a atriz, em conversa com Laverne Cox, que conduzia a emissão no canal "E!". A atriz vai subir aos palcos da Broadway a partir de 13 de fevereiro, dando vida à personagem Nora, uma das protagonistas da peça "A Doll's House". "Estou um bocadinho nervosa em relação a adoecer, mas tenho a minha máscara", continuou Jessica Chastain. "Também tenho de ter muito cuidado no anfiteatro, porque não quero desiludir o meu elenco", acrescentou. E, a julgar pelos vídeos da cerimónia, a artista levou o compromisso a sério, uma vez que foi vista no meio da multidão sempre de máscara.

Mas será que a máscara cumpria a função que a atriz pretendia? É que, com dois anos de pandemia em cima, sabemos que Jessica Chastain não aparentava estar a usar uma máscara apropriada para se proteger (as chamadas FFP2, que são equipadas com filtro). À MAGG, a médica especialista em Medicina Interna Paula Pereira ressalvou que não passava de um "acessório para combinar com o vestido".

"Confesso que não a vi e que não sei se terá cosido outra máscara por trás daquela, mas, olhando para aquilo, parece exatamente o tecido que ela está a usar no vestido", explica a profissional de saúde. "Se tiver cosido uma máscara por trás, dá perfeitamente para proteger, mas, sem esse acrescento, não protege de forma alguma", continua.

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Doutora Paula Pereira. créditos: Divulgação.

Mas também não poderia ter cosido uma máscara qualquer. Isto porque, segundo Paula Pereira, as máscaras cirúrgicas não iriam surtir o efeito pretendido. "Essas só servem quando estamos a trabalhar e temos tosse, por exemplo, porque protegem os outros das nossas secreções – ou seja, não infetamos as pessoas à nossa volta", frisa a médica.

Se a atriz queria proteger-se das pessoas que a circundavam, deveria ter optado pelas FPP2. É que, além de serem "mais densas e grossas", assemelhando-se a "bicos de pato", como normalmente lhes chamamos, "quem as usa fica protegido das secreções dos outros, das partículas e do que houver no ambiente", reafirma Paula Pereira.

Por isso, a lógica é esta: se a atriz estava efetivamente protegida, a olho nu, tudo indica que não. Mas a máscara não deixa de ser um complemento glamouroso ao vestido. "De qualquer das formas, era uma máscara bastante bonita", concluiu Paula Pereira, entre gargalhadas.