Ricardo Quaresma tem sido, ao longo da sua carreira, uma voz ativa na luta contra a discriminação e contra o racismo. Na 4ª edição da Global StopCyberbullying Telesummit, uma iniciativa da cyberbullying.pt, o futebolista de 39 anos recordou que os insultos que ouviu em campo serviram para trabalhar ainda mais.
"Havia estádios em que ouvia chamarem-me de cigano e sei que era com maldade. Ouvi muitas coisas que mexiam comigo mas que, ao mesmo tempo, me davam força para fazer ainda melhor e os calar com o meu trabalho", disse Quaresma, num relato reproduzido pelo "Correio da Manhã".
Atualmente sem clube, e depois de uma carreira que começou no Sporting e passou por clubes como o FC Porto, FC Barcelona, Chelsea, Besiktas e Vitória de Guimarães, Ricardo Quaresma explicou que o bullying o afetava sobretudo quando estava em campo.
"Na minha vida pessoal nunca admiti que gozassem ou me tratassem mal. Mas quando estava em campo não podia responder às pessoas. Em vários estádios vi cartazes com ‘cigano, devias morrer’ ou ‘cigano, não devias ter nascido’. Eram coisas que me davam força para jogar e fazer melhor", explicou, salientando ainda: "para quem é fraco mentalmente é difícil ouvir essas coisas".
Ao longo de duas décadas como jogador profissional de futebol, Ricardo Quaresma também foi testemunha de ataques racistas a colegas. "Houve casos em que colegas africanos eram alvo de bullying nos estádios. Os adeptos faziam sons de macacos e mandavam bananas para dentro do campo. Via a cara deles de tristeza. Se para quem vê é difícil, para quem vive uma situação daquelas é pior", contou.