Vamos começar por esclarecer: Márcia Silva não tem um restaurante, nunca trabalhou num restaurante e não trabalha diretamente com restauração. Tudo aqui funciona na ótica do utilizador. É que Márcia não gosta mesmo de cozinhar e, por isso, come muitas vezes fora, tantas vezes que isso já até uma piada entre o seu grupo de amigos.

Esta prática faz, no entanto, com que conheça muitos restaurantes e esteja a par do que abre — e também do que fecha — em Lisboa. E, nos últimos meses, o tempo não está para boas notícias.

"Queria fazer algo mais para ajudar estes espaços", conta à MAGG, aproveitando o trabalho que já fazia enquanto publicitária para avançar com uma campanha. Juntou-se a dois amigos da área e foi em trio que lançaram o Leva no Pacote, disponível no Instagram e no Facebook como forma de incentivar as pessoas a comprar em take away — uma vez que as idas aos restaurantes estão limitadas.

"Este é um movimento de solidariedade que criámos por sentirmos que os restaurantes estavam ao abandono", refere Márcia. E, pelo feedback, estavam mesmo. "Enviam-nos mensagem a agradecer a iniciativa e partilham a nossa página". Mas também os clientes parecem estar a a aderir em massa, isto sem qualquer tipo de marketing. "Tudo tem acontecido de uma forma orgânica".

Leva no Pacote

Márcia sabe que foi ousada na escolha da expressão, mas admite que surgiu naturalmente. "Um dia comentei em voz alta que os restaurantes, devido a esta situação, estavam a levar no pacote. Logo a seguir pensei, mas se todos levarmos no pacote — aqui pensando no take away — eles levam menos". Descontraída como é na forma de falar, Márcia só quis transformar esta expressão em "algo mais positivo".

O chef Ljubomir Stanisic já partilhou, assim como figuras publicas como Jessica Athayde ou Inês Castelo Branco. "Mas o mais engraçado é ver as pessoas que realmente recorrem ao take away a republicarem os nossos posts com a mensagem: "Eu já levei no pacote", refere.

Esta foi uma campanha pensada para os dois fins de semana com horários especiais — os restaurantes têm que fechar às 13 horas, estando apenas disponíveis para entregas depois disso — mas, uma vez que a situação dos restaurantes não irá melhorar em breve, o trio de apoio à restauração pretende continuar com o projeto enquanto fizer sentido.