Os negócios de comida brasileira estão cada vez mais presentes em Portugal não só devido à diáspora daquele país mas também porque os próprios portugueses têm-se tornado fãs da tapioca, do brigadeiro e do beijinho, do pastel de feira, sem esquecer o refrescante gelado de açaí. Foi exatamente isso que percebemos ao falar com Ana César, a fundadora do restaurante Saborizze, a fazer sucesso em Lisboa e nas redes sociais.
"O Saborizze já existe há quatro anos, e eu já estou cá em Portugal há 20 anos", começou por contar a empresária de 41 anos. Desde o começo do negócio, em março de 2019, a ideia da gerente foi sempre "trazer os produtos brasileiros", numa época em que ainda não eram muito conhecidos. "O espaço tem um ambiente agradável, familiar, para que as pessoas possam vir com tranquilidade, tomar um bom lanche brasileiro, o açaí, a tapioca. Eu queria que o espaço tivesse variedade dos produtos do Brasil, para os portugueses, mas também para os brasileiros matarem as saudades, e para os turistas também", conta.
Inicialmente, o Saborizze acolhia maioritariamente clientes brasileiros, mas com o tempo esta tendência foi-se alterando. À época, em 2019, Ana conta que ainda "não existia tanta procura de açaí, pastel", mas que os portugueses começaram a demonstrar interesse e curiosidade nestes produtos tipicamente brasileiros. "Hoje, posso dizer que a nossa clientela é 50% portuguesa, realmente os portugueses adoram os nossos produtos e a demanda aumenta cada vez mais".
Sozinha, Ana César implementou as ideias e fundou a primeira loja num espaço muito mais pequeno do que o atual, na Rua Carlos Mardel, em Arroios, mas mais tarde mudou o restaurante para a Avenida Almirante Reis, Lisboa, onde ainda se encontra. "Estamos próximas, mas precisávamos de uma loja maior. O nosso espaço era realmente muito pequeno, as pessoas faziam fila, e vimos que não dava, e por isso, em plena pandemia, arrendámos um espaço maior e mudámos e deu super certo". Hoje, a equipa já tem 12 pessoas, a contar com a gerente.
Dos refrescantes milkshakes e açaís, aos quentes e recheados pastéis de feira e tapiocas
No discurso da fundadora é evidente o orgulho e a felicidade sentida pelo sucesso do negócio, e revela que está sempre a pensar em novos produtos para implementar no menu. "Agora fiz outro menu, coloquei ideias novas, estou sempre a atualizar. Há realmente uma grande procura, e o cliente precisa de coisas novas".
Ana partilha que, quando fundou o negócio, implementou logo o "pastel de feira do Brasil, que é recheado e frito na hora", cujo valor começa nos 3,90€. "Começámos também com caldos de cana de açúcar [desde 3,80€], em que o sumo da cana é moído, também trouxemos o açaí [a começar nos 7€, com dois toppings incluídos], que é um grande sucesso da loja, sendo o próprio logotipo". Não esqueçamos os milkshakes [desde 4,50€], "um sucesso, temos já nove disponíveis no menu", passando ainda pela ampla variedade de sumos naturais que foram surgindo, cujos valores se iniciam nos 3,20€.
Como sugestão de almoço, pode sempre provar a "tapioca, saladas, salgados brasileiros", que começam, respetivamente, nos 3,50€, 7,50€ e 2,10€, sendo que o foco do negócio é mesmo o "o pastel e o açaí", que constituem os produtos mais escolhidos.
Ana conta que todos os produtos se encontram disponíveis no menu durante todo o ano, e que "incrivelmente", vendem "mais milkshakes no inverno do que no verão", e mesmo o açaí, o típico gelado de fruta brasileiro, continua a ser um dos produtos prediletos na estação mais fria.
"Fico muito feliz quando um cliente sai satisfeito"
Nas redes sociais, o Saborizze tem tido muito sucesso, contando já com mais de 18 mil seguidores. Ana confessa que já teve vários gestores de redes sociais a propor-lhe tomarem conta das plataformas do seu negócio, mas que nega sempre, pois gosta de ser ela a tratar de tudo. "Não gosto de fotos computadorizadas, com efeito, acho que o cliente gosta de ver aquela foto e ver o produto realmente como ele é, porque às vezes você vê uma foto toda linda e quando o produto chega à mesa não é bem aquilo que está na fotografia. Então eu mesma cuido do Instagram, e gosto de postar a verdadeira foto do produto que vai para a mesa do cliente".
Ana César atribui o feedback positivo que o restaurante tem tido às partilhas dos próprios clientes. "Acho que realmente são os clientes, por repostarem, e publicarem o que comem. (...) A propaganda do boca a boca conta muito". Para além disso, também muito influenciadores começaram a visitar o espaço, e a fazer divulgação nas redes sociais, partilha a gerente.
"Começámos logo a ter muito sucesso de início, porque a loja em si, o espaço já tem certas características, ou seja, quem entra já pensa que é um negócio com franchise. A loja é um espaço limpo, agradável, no começo nem vendíamos bebidas alcoólicas, já para doutrinar os clientes, para ter esse ambiente que tem hoje em dia, de ambiente familiar". Hoje em dia o espaço já vende bebidas com álcool, como as caipirinhas, mas Ana decidiu dar esse passo apenas quando sentiu que o espaço já tinha ganhado a sua própria personalidade.
A fundadora, que criou todo o negócio do zero, totalmente sozinha, conta que não costuma dar a cara, por não achar que seja preciso, querendo apenas o sucesso da loja, que vê como uma "filha". "Eu não costumo dar a cara. Às vezes as pessoas perguntam pela dona e eu digo 'sou a gerente, a dona não está'. Eu amo o que eu faço, eu amo a loja, costumo dizer que é a minha filha, e eu vivo para isso, e acho que temos de fazer as coisas que realmente gostamos", explica.
Para Ana César, a prioridade número um é o excelente atendimento. "Fico muito feliz quando um cliente sai satisfeito ou fala super bem do atendimento, que é o primordial para mim. Eu costumo dizer, o produto, vamos supor um pastel, pode sair gorduroso, pode acontecer sair com óleo, mas se o cliente é bem atendido ele vai dar uma segunda oportunidade. Se o produto é bom e você é super mal atendida, eu pelo menos, não volto ao espaço. Esse é o meu lema aqui dentro da loja, acho que o cliente tem de ser super bem atendido, tem de se sentir em casa, acolhido".
Quanto a um possível franchise, Ana César conta que tem essa ideia em mente, "mas para agora não". "Acho que tudo tem o seu tempo, uma coisa de cada vez. A nossa loja já existe há quatro anos, já muitas pessoas perguntaram se vendemos a marca, mas acho que para agora não. Temos ideia de abrir futuramente uma loja no Porto, em França, na Bélgica, mas cada coisa no seu tempo", conclui.