E se lhe fizessem uma pergunta para a qual teria de abrir o coração? “Humanos” é a nova série digital da Rádio Comercial, a primeira da rádio portuguesa a assinar apenas como Comercial, e promete fazer com que todo o público se sinta despido pelas perguntas de Carolina Torres. Com a empatia na ponta da língua, “Humanos” não quer ser apenas uma série com temas pesados, mas sim um espaço livre com um único objetivo: deixar as pessoas falar. 

E Carolina Torres foi a apresentadora certa para conduzir este formato. A influenciadora, que esteve afastada dos holofotes durante algum tempo, sempre teve o hábito de fazer perguntas desde pequena, e diz que, para ela, a partilha em demasia não é algo que lhe assenta. “Eu sempre tive um bocadinho uma curiosidade meio infantil, que às vezes até pode ser confundida com má educação, mas eu sempre ouvi muito as pessoas. Sempre foi uma coisa muito natural”, começou por dizer Carolina Torres à MAGG.

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“E acho que se calhar, por isso mesmo, fui posta no mundo para desmistificar o ‘oversharing’. Para mim, não existe isso. Se eu quero partilhar uma coisa, independentemente do quanto te conheço ou não, eu vou partilhar”, acrescentou. Isto é o que Carolina Torres quer trazer para a série digital, fazendo perguntas sinceras, honestas e sem rodeios àqueles que encontra pelas ruas. O objetivo é meter as pessoas a falar das suas histórias, das suas vivências, e tentar ajudar aqueles que estão a ouvir através de um ecrã a não se sentirem tão sozinhos. 

“O último que saiu, da Ana, da menina que fala do divórcio, é uma história super comum em Portugal mas que ainda é meio um tabu. Nós queremos normalizar esse tipo de assunto, portanto, estimular a empatia, é, sem dúvida, a nossa missão”, disse a apresentadora, que referiu que estas histórias são precisamente aquilo que descreveria a um alien se tivesse de explicar o que é um ser humano. “Se eu tivesse que explicar a um alien o que é um humano, diria que são estas partilhas, são estas histórias”, disse, entre risos.

Este tipo de normalização também foi feito na vida de Carolina, que respondeu sem rodeios à MAGG quando questionada pela sua maior cicatriz e o porquê de também querer falar sobre as cicatrizes dos outros. Na sua vida, a ausência do pai foi o que a marcou, mas não foi o que a definiu. “Infelizmente, é uma cena super normal, e marcou-me tanto que me definiu durante muito tempo. Eu não sabia que os homens podiam amar, e a situação teve muita repercussão na minha vida. Mas hoje, é diferente. Não me define, porque não deixo que isso me defina. E vou sempre querer falar sobre isso. Vou sempre querer contar esta história, e por isso é que quero ouvir a dos outros”, disse.

Carolina Torres apenas quer passar a mensagem que todas as histórias de vida são válidas. “Há tanta coisa na nossa vida que não foi culpa nossa e que nós carregamos como se fosse uma culpa, uma vergonha. Ninguém sabe, na verdade, o que é que estamos a fazer. É uma espécie de perdoar algo, definindo sempre os nossos limites”. Desta maneira, a apresentadora só tem um objetivo: fazer a diferença. “Eu gostava de fazer diferença, quero falar de coisas sinceras”, disse. 

E algo sincero que a deixou bastante abalada foi uma história de um senhor já com alguma idade, que lhe contou que era abusado pelo professor da escola na altura da ditadura. A história não foi gravada, mas Carolina Torres ficou a falar com o senhor durante algum tempo, e a história pesou tanto que não se sentiu capaz de continuar. Este é precisamente um dos motivos pelos quais a influenciadora foi a escolha certeira, uma vez que a sua capacidade de ouvir o outro torna tudo mais fácil. 

Mas também é por estas e por outras que Carolina Torres não se pode sobrecarregar, uma vez que as histórias de vida, por vezes, podem mesmo ser bastante pesadas. “Eu não sei se estamos todos preparados para essa conversa que um dia teremos de ter, com urgência, da violência que é a falta de consequência em Portugal para este tipo de crimes. Então, ele falar daquilo, mas ao mesmo tempo falar com aquela alma”, disse Carolina Torres, não acabando a frase. 

Quer seja sobre o divórcio dos pais ou sobre estes atos violentos, Carolina Torres promete assim episódios com todo o tipo de vivências, onde o objetivo é dar voz a quem tem medo de falar. Mas para isso, é preciso alguém firme do outro lado.

“Acho que todos nós temos capacidade de empatia e de interesse, e é só isso que interessa. Sermos interessados faz-nos mais interessantes. De repente estamos a fazer aquela conversa de circunstância e a malta está a falar sobre coisas desinteressantíssimas, mas nós temos tanta coisa gira para discutir. Tantas histórias para contar”, rematou. 

Humanos” está disponível em todas as redes sociais da Rádio Comercial, e já conta com três episódios.