A 38.ª edição dos Prémios Goya vai contar com duas representações lusas: “Alma Viva” e “Great Yarmouth: Provisional Figures” foram os filmes selecionados pela direção da Academia Portuguesa de Cinema como representantes portugueses nos conceituados prémios espanhóis. A cerimónia realiza-se a 10 de fevereiro de 2024, em Valladolid.
“Alma Viva”, nomeado para a categoria de Melhor Filme Ibero-americano, é realizado por Cristèle Alves Meira e produzido pela Midas Filmes. Conta-nos a história de Salomé, que todos os anos regressa à aldeia natal da família, em Trás-os-Montes, para passar férias.
"É um tempo de festa e de descontração, mas, de repente, a sua adorada avó morre. Enquanto os adultos disputam por causa do funeral, Salomé é assombrada pelo espírito daquela que na aldeia era vista como uma bruxa, a sua avó”, pode ler-se na sinopse. Lua Michel, Ana Padrão, Esther Catalão, Jacqueline Corado, Duarte Pina, entre outros, são alguns dos atores que compõem o elenco.
A Academia Portuguesa de Cinema (ACP) justifica a escolha desta longa-metragem pois considera que este seja “um retrato das tradições transmontanas, influenciadas pelas raízes ibéricas que nos compõem enquanto povo, movendo-se num equilíbrio fascinante entre realidade e superstição”. “Alma Viva” foi o grande vencedor da 12.ª edição dos Prémios Sophia, ao conseguir seis distinções em diversas categorias.
Já “Great Yarmouth: Provisional Figures” está nomeado para a categoria de Melhor Filme Europeu. Realizado por Marco Martins, com argumento de Ricardo Adolfo e Marco Martins e produção Uma Pedra no Sapato, o filme teve a sua estreia mundial no Festival de Cinema de San Sebastian, também em Espanha.
A longa-metragem tem lugar em Great Yarmouth, Inglaterra, e é passado três meses antes do Brexit. Conta-nos a história de Tânia, que “está agora casada com um inglês e lidera uma rede de contratação de mão de obra barata vinda de Portugal para trabalhar nas fábricas de peru”, refere a sinopse, que acrescenta que a protagonista “vive da exploração dos imigrantes que instala nos decadentes hotéis da marginal (pertencentes ao pai do seu marido), na esperança de um dia vir a adquirir cidadania inglesa e deixar o negócio de alojamento dos imigrantes, transformando os hotéis do seu marido em residências para cidadãos seniores”.
Com direção de fotografia de João Ribeiro, o filme conta com as interpretações de Beatriz Batarda, Nuno Lopes, Romeu Runa, Rita Cabaço, Hugo Bentes, entre outros.
“O filme reflete sobre importantes questões laborais da emigração portuguesa, no contexto de um Reino Unido na iminência do Brexit, através de uma linguagem crua e dilacerante, onde o belo nos surpreende nos cantos mais inóspitos do ser humano”, afirma a ACP no contexto da seleção deste filme.