2023 vai marcar o regresso dos D'ZRT depois de um hiato de 12 anos. Nem de propósito, são agora 12 as datas confirmadas para as atuações da banda composta por Cifrão, Edmundo Vieira e Paulo Vintém. Mas como será este regresso com um elemento a menos?
Angélico Vieira também fazia parte da banda que nasceu em 2004, na série "Morangos com Açúcar". Depois da trágica e repentina morte do cantor, em 2011, vítima de complicações de saúde depois de um acidente de carro, tudo mudou para os D'ZRT.
"Precisámos do nosso tempo. Foi tão intenso para nós que precisámos mesmo de parar, de nos afastar um pouco e de deixar o tempo curar para podermos voltar", disse Vintém aos jornalistas no evento de apresentação das novidades relativas à Tour Encore 2023, o retorno da banda.
"Não temos a presença física, mas está sempre connosco. Estará sempre presente"
Este evento, que decorreu sexta-feira, 14 de outubro, no Altice Arena, serviu para anunciarem novos concertos, sendo que os bilhetes já estão à venda. A curiosidade acerca do que esta iniciativa implicará depois da perda de um membro era muita, e cada um dos artistas explicou o que aí vem.
"Isto é parte de uma banda. Não é a banda completa", relembrou Cifrão, que foi logo apoiado por Edmundo. "Obviamente será diferente. Nem nós sabemos como irá ser. Não temos a presença física, mas está sempre connosco. Estará sempre presente."
Os três cantores asseguraram que existirão homenagens dedicadas a Angélico, embora ainda não tenham "tudo fechado". "Temos algumas ideias e queremos que seja tão especial para vocês como de certeza vai ser para nós", adiantou Cifrão. "O que fizermos vai ser feito com o maior carinho possível", reforçou.
Os três garantiram que não darão um único passo relativamente a Angélico sem a aprovação da mãe do cantor, Filomena. "O contacto manteve-se ao longo de todo este tempo", começou por esclarecer Vintém, afirmando que, assim que começaram a pensar em voltar, "há dois ou três anos", entraram em contacto "com a Mena".
"Falámos do que íamos fazer e ela está connosco como sempre esteve. Diz que nós somos os meninos dela e ela sabe o cuidado que temos, o respeito. Somos família. Não há qualquer dúvida", rematou, confirmando a mãe de Angélico como "convidada especial".
Cifrão reforçou que "a dona Filomena" vai "saber exatamente" o que irão fazer e tudo será "perfeito, da forma mais bonita e mais certa possível". "Porque sabemos que ele está a olhar para nós e que vai sentir-se feliz pela forma como o vamos querer representar", justificou, assegurando: "O momento mais bonito do concerto vai ser esse. Não tenho sequer dúvida".
"A nossa tour chama-se Encore, mas podia chamar-se saudade. É por isso que nós estamos cá outra vez: porque bateu a saudade"
Este regresso, de acordo com o que a banda revelou, já está a ser pensado há alguns anos, depois de tantos outros em que, embora houvesse vontade, não estavam todos em sintonia. "Havia sempre um que não estava preparado", esclareceu Cifrão. Mas, afinal, porquê voltar agora?
Edmundo justificou usando algo "que o Angélico dizia muito": a expressão "go with the flow", que apela a que se deixem levar. "Nós sentimos que era o momento e só fomos", concluiu. "A nossa tour chama-se Encore, mas podia chamar-se saudade. É por isso que nós estamos cá outra vez: porque bateu a saudade", acrescentou Cifrão.
No entanto, parece tratar-se de um retorno esporádico, já que "não há nada previsto para continuar". "A ideia é mesmo terminar ali", disse Edmundo sobre o último concerto que está marcado e que acontecerá a 19 de agosto de 2020 no Estádio do Algarve. "A nossa intenção é fechar a loja", sublinhou Cifrão.
O derradeiro espetáculo vai ser "completamente diferente" do resto que será feito ao longo da tourné. "Vai ser o regresso ao 'Verão Azul'. Vai ser dedicado à geração 'Morangos'. Vai ter convidados muito especiais que nós vamos revelar no passar dos próximos meses", elucidou Cifrão. E foi precisamente "Verão Azul" o tema que cantaram durante o evento de apresentação.
A "viagem ao passado" que é esta tour começou oficialmente com um telefonema de Cifrão, que tentou requisitar o Altice Arena para o mínimo de lotação desta sala de espetáculos, 6000 pessoas, sendo que apontavam ter metade, talvez pouco mais, desse número.
"Para nós, é um sonho. Era inacreditável voltarmos a isto na nossa cabeça. É inexplicável o que está a acontecer"
"Depois, isto deu algumas voltas maravilhosas", prosseguiu Cifrão. "Ninguém sabe explicar muito bem o que é que aconteceu. De repente, isto tornou-se um fenómeno novamente", crê Edmundo, que se confessou arrepiado. "Para nós, é um sonho. Era inacreditável voltarmos a isto na nossa cabeça. É inexplicável o que está a acontecer", disse, ainda.
Edmundo garantiu que a banda tem "tentado dar resposta para que ninguém fique de fora" e Vintém confirmou à MAGG que "os concertos serão registados", embora não sejam emitidos em direto. Os D'ZRT já têm um alinhamento pronto, mas ainda não está "fechado".
"De momento, não estamos a pensar fazer nada novo a nível de música", esclareceu Cifrão. "Tem de fazer sentido. Tem de surgir naturalmente. E isso não aconteceu ainda", disse Vintém à MAGG. Em vez de apresentarem novos temas, vão apostar em parcerias.
"Vamos pegar nas nossas músicas, vamos dá-las aos artistas de que nós gostamos, do passado e do presente, e vamos pedir-lhes para re-misturarem as nossas músicas e cantarem-nas connosco", revelaram. Planeiam "reviver" as músicas que mais marcaram a história dos D'ZRT, bem como a dos fãs.
Os ensaios têm corrido bem e, para Vintém, "é um bocadinho como andar de bicicleta". A memória de Cifrão não melhorou e o cantor continua a esquecer-se das letras das músicas, algo que já acontecia no passado e que tentava solucionar ao olhar para quem cantava na fila da frente dos concertos.
"Continuamos a encaixar muito bem musicalmente. Isso vai permitir-nos trazer algo muito especial para os concertos", considera Edmundo. Já há datas esgotadas para os novos concertos dos D'ZRT. "Por ser importante" para a banda, a tour terá início no Altice Arena — ou "Pavilhão Atlântico", como Vintém insistiu em apelidá-lo.