Já lá vão mais de 20 anos desde que uma jovem fadista de cabelo platinado transformou para sempre aquilo que achávamos saber sobre o mais nobre género musical português. O tempo passa, mas o público continua apaixonado por Mariza, e prova disso foram os milhares de todas as gerações que este sábado, 19 de agosto, cantaram em plenos pulmões, ao longo de uma hora, os maiores êxitos da fadista de 49 anos.

O Sol da Caparica. Veja os looks frescos e práticos do terceiro dia do festival
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Do dançável êxito "Maria Joana", que interpreta em dueto com os Calema até "Melhor de Mim", houve avós com netos, jovens festivaleiros com o rosto decorado com brilhantes, imigrantes, famílias inteiras que, emocionadas, trauteavam as letras das canções celebrizadas pela fadista. Houve também um momento de ternura, quando o filho de Mariza, Martim, de 12 anos, subiu a palco para cumprimentar o público, e outro, de arrepiar mesmo o mais gélido dos corações.

A fadista desceu do palco, percorreu o fosso junto ao público e, enquanto entoava "Ó Gente da Minha Terra", era cumprimentada pelos felizardos que estavam na primeira fila. Sem encontrões nem confusões, apenas um silêncio de admiração e respeito por uma canção que é também um hino à portugalidade. E, no final, houve fogo de artifício.

"Qualquer artista fica feliz. Enche a alma, enche o coração saber que, depois de 24 anos de percurso, de fazer música, de batalhas, de sofrimentos, de alegrias, as pessoas continuam a reconhecer, a cantar, a ouvir. É muito bom", disse Mariza à MAGG após o concerto.

Nos tops das músicas mais ouvidas em Portugal desde o lançamento, em abril deste ano, "Maria Joana" foi, segundo a fadista, um êxito surpreendente. "Ninguém estava à espera. Começou por uma brincadeira, por nos convidarmos uns aos outros. Depois íamos para casa e ouvíamos, 'eu canto esta parte, tu cantas esta', e quando acabámos o tema, 'ai, 'tá muito giro'. E nunca ninguém esperou que ficasse o sucesso que ficou. Recebo imensas mensagens, desde pequeninos a pessoas mais velhas, de grupos de dança que fazem as coreografias, desde jovens a pessoas mais idosas. É muito interessante porque é transversal a tantas idades", disse ainda Mariza.

O Sol da Caparica - concertos dia 3
Mariza com o filho Martim em palco créditos: Fotoverdiano

De quase desconhecido a estrela maior da pop nacional, Nininho Vaz Maia tem feito um percurso meteórico, desde 2019 até este ano que culminará, em dezembro, com dois espectáculos em formato arena, no Sagres Campo Pequeno (Lisboa, 2 de dezembro) e Super Bock Arena (Porto, 15 de dezembro). Apesar do ligeiro atraso, e de ser quase uma da manhã, o ânimo d'O Sol da Caparica não esmoreceu, e o músico de 35 anos foi fazendo várias alusões futebolísticas enquanto atuava (ou não fosse ele um dos artistas favoritos de Cristiano Ronaldo e Georgina Rodríguez), para gáudio dos fãs que, com as letras na ponta da língua, entoaram êxitos como "Gosto de ti" e "Bebé".

Antes do concerto, a MAGG conversou com o artista, que descreveu como "uma loucura" os últimos quatro anos da sua vida. "Ainda hoje não acredito. Por vezes, quando faço um concerto para 40 mil pessoas, como já aconteceu, é um sonho ainda. Mas é um sonho com um sabor gostoso, que me dá muita força. Estou mais focado do que nunca para lançar novos trabalhos, continuar a fazer música e continuar a conquistar toda esta gente", disse Nininho Vaz Maia.

Para os concertos do final do ano, o cantor e compositor adianta que está a preparar música nova. "Vamos ver se vou a tempo de fechar o álbum. Estamos a correr para isso, é dificil com esta caminhada. Se não conseguir, no início do ano o álbum está na rua. Mas, sem dúvida, muita música nova."

O Sol da Caparica - concertos dia 3
Nininho Vaz Maia créditos: Fotoverdiano

O momento mais eletrizante e surpreendente do terceiro dia d'O Sol da Caparica acabaria por ser a atuação de Chico da Tina. O artista natural de Viana do Castelo (cujo nome de batismo não é conhecido, embora se apresente como Francisco da Concertina, nascido em 1996) transformou o recinto do Parque Urbano da Costa da Caparica numa gigantesca pool party, onde não faltaram os insufláveis e uma energia hipnotizante, que parecia vinda sabe Deus de onde (do Minho, provavelmente).

O Sol da Caparica - concertos dia 3
Chico da Tina créditos: Fotoverdiano

Acompanhado em palco por um grupo composto por DJ, vários MC e animadores, o intérprete de "Resort" e "Põe-te Fino" mostrou, ao levar um mar de gente, composta maioritariamente por jovens entre os 15 e os 25 anos, a fazer um mosh espontâneo (coisa rara nos festivais nos tempos que correm) e saltar com uma energia absolutamente impressionante. Mesmo. De ficar de queixo caído.

João Pedro Pais e Deejay Telio também atuaram no terceiro dia do festival. O Sol da Caparica termina este domingo, 20, com atuações como Pedro Mafama, Ivandro e Excesso.

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