A quota mínima de música portuguesa a passar nas rádios tem variado nos últimos anos: esteve fixada nos 25% até 2021 e aí, em época de pandemia, subiu para os 30%. Depois dessa fase, já tinha regressado ao valor anterior. Agora, o Bloco de Esquerda (BE), o PCP e o PAN apresentaram a proposta para fixar a quota nos 30%, como consta no “Público”. A MAGG falou com dois artistas nacionais para conhecer a sua perspetiva sobre o assunto: Agir e Miguel Cristovinho, dos D.A.M.A.
“A decisão do ministro da Cultura [de reverter a quota para os 25] (…) não foi, naturalmente, bem recebida pela sociedade civil que, em protesto, criaram uma petição a pedir o aumento da quota mínima obrigatória de música portuguesa nas rádios para 30%.”, como se pode ler no texto de iniciativa do PAN a 14 de abril.
Agir integrou o grupo inicial de artistas que protestaram contra a descida da quota. Sobre esta atualização para os 30%, o cantor comenta à MAGG que “as pessoas acham que é para aqueles que já passam bastante continuarem a passar, mas não é”, no seguimento das especulações do público sobre as rádios dedicarem essa quota a um grupo exclusivo de músicos.
Já Miguel Cristovinho explica que não prevê grande mudança no cenário, no sentido em que “há rádios que apostam em coisas novas e há rádios que já só gostam de apostar em coisas que sabem que funcionam”, fazendo a comparação de que “as rádios são como as equipas de futebol, cada uma tem a sua estratégia”.
"É isso que vai e que deve acontecer, porque é fixe para nós, que já cá estamos há mais tempo, sabermos que para as rádios somos valorizados, mas também é fixe dar espaço a quem está a começar agora e merece ter espaço”, acrescentou.
"Se a música portuguesa que passasse na rádio fosse 90% portuguesa, como é no Brasil ou em Espanha, ia ficar ainda mais feliz, porque acho que é isso que devemos fazer para nós próprios valorizarmos mais aquilo que fazemos aqui”, diz o cantor dos D.A.M.A.
Para Agir, o benefício da lei “tem que ver com uma data de artistas em diferentes situações ou em diferentes tipos de rádio, que não têm as mesmas oportunidades e que não passam [na rádio] porque ainda não são conhecidos do público”. Para o artista, esta é uma oportunidade para quem está a tentar crescer no mundo da música, e “tudo o que ajude a exponenciar o talento das pessoas, não com base só nos números que as pessoas têm, é ótimo”.