Uma mulher, Connie Stadelmann, abriu a porta da sua casa, em Chicago, nos Estados Unidos, e deparou-se com algo inusitado: as filhas dos seus vizinhos, Nicole Schoo, de 9 anos, e a sua irmã Diana, de 4, a tremer de frio. 

Segundo as duas crianças, os pais deixaram-nas sozinhas durante uma viagem de Natal ao México, com a duração de nove dias, segundo a revista “People”. Connie Stadelmann contaria mais tarde que as meninas afirmaram que o alarme de incêndio estava a tocar e que algo estava a verter.  

Tudo isto ocorreu a 21 de dezembro de 1992, dois anos depois da estreia do filme “Sozinho em Casa”, protagonizado por Macaulay Culkin, nos cinemas. Mas, neste caso, não se tratava de uma comédia. Os pais das crianças eram David Schoo, um engenheiro de 45 anos, na altura, e Sharon, uma dona de casa de 35 anos. O casal tinha partido para umas férias em Acapulco, no México, no dia anterior, e disseram às filhas para se orientarem sozinhas. 

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Nenhuma ama foi contratada para tomar conta de Nicole e Diana Schoo e as mesmas não tinham nenhum número de emergência para contactar os pais. Foram deixadas apenas com um monte de refeições congeladas, cereais e uma nota com indicações sobre quando deveriam comer e ir para a cama. 

“Durante muito tempo senti-me mesmo mal, a pensar no que eles estariam a fazer”, disse, mais tarde, a filha mais velha do casal a um repórter. Segundo Nichole Schoo, não era a primeira vez que isto acontecia: no verão anterior, tinham ficado sozinhas em casa, enquanto os pais estiveram em Massachusetts durante quatro dias. 

Depois das crianças terem chegado a casa de Connie Stadelmann, bombeiros e investigadores do gabinete do xerife local apareceram devido aos relatos de fumo. Não encontraram nenhum incêndio, mas, ao repararem que não havia nenhum adulto na casa das duas meninas, começaram a fazer perguntas.

As crianças passaram a viver com a avó materna e, mais tarde, em casas de acolhimento, enquanto as autoridades tentavam localizar os pais. Acabaram por ser avistados numa verificação de alfândega no aeroporto de Houston, a caminho de casa, no dia 28 de dezembro.  

David e Sharon Schoo foram acusados de crimes que incluíam negligência, abandono, perigo e crueldade contra crianças. Conseguiram evitar o julgamento e foram condenados a dois anos de liberdade condicional, de acordo com o que foi noticiado pelo jornal “Chicago Tribune”. 

O caso rapidamente mexeu com a atenção pública, conduzindo a uma mudança na lei estadual, com os legisladores do Illinois a redigirem uma lei que define quando e durante quanto tempo uma criança pode ser deixada sozinha.