A região Centro de Portugal é das mais fascinantes, surpreendentes e, por isso mesmo, memoráveis para quem aqui faz férias. E foi só mesmo depois de termos passado 10 dias a viajar pelo Centro de Portugal, litoral e interior, que percebemos o que tanta gente anda a perder. Foi também por isso que criámos um roteiro dividido em quatro artigos, em que iremos dar a conhecer várias zonas da região Centro do País, com diversas sugestões de coisas para fazer, sítios para visitar, locais para comer ou dormir. Começamos este roteiro pela região Oeste e pelo Médio Tejo, com visitas a Óbidos, Caldas da Rainha, Foz do Arelho, Vila de Rei, Ferreira do Zêzere, Almourol, Dornes e Tomar

1. Perca-se pelas ruas do centro histórico de Óbidos

Óbidos é uma das vilas mais românticas de Portugal, perfeita para explorar em qualquer altura do ano, mas que se consegue viver de forma mais intensa fora das épocas de maior confusão, como os meses de julho e agosto e o período do Natal. E a magia de Óbidos está um pouco por todo o lado, mas, sobretudo, nas pequenas ruas que se cruzam e confundem ao longo de todo o centro histórico. Por isso, visitar Óbidos é muitas vezes, tão só, deambular pelas ruas, olhar em redor, ver casas antigas e pitorescas, lojas artesanais, provar uns bolinhos secos (como a Capinha de Óbidos), beber uma ginjinha num copo de chocolate, entrar numa livraria, numa mercearia e sentir o peso da História daqueles locais, muitos deles centenários. 

2. Faça o percurso pela muralha de Óbidos

Uma das formas mais interessantes de se conseguir ter uma perspetiva global de Óbidos é fazendo o percurso por cima da mural, que circunda toda a vila. É um percurso relativamente fácil, o terreno está cuidado e não é demasiado perigoso (cuidado, apenas, se levar crianças, porque não há proteções), e em cerca de uma hora consegue fazer tudo, tirar fotos e ver Óbidos de diferentes perspetivas. É também possível, em dias de céu limpo, avistar do alto da muralha toda a extensa região Oeste até ao mar.

3. Visite as livrarias históricas de Óbidos

Óbidos é muitas vezes associado a História, mas fala-se pouco do lado cultural da vila, onde se podem encontrar algumas livrarias fascinantes. Uma delas fica dentro da histórica igreja de Santiago, colada à entrada do castelo, mandada edificar em 1186 por Dom Sancho I, segundo rei de Portugal. É lá que pode encontrar uma vasta lista de obras, nacionais e internacionais, mais antigas ou mais recentes, que se distribuem pelo piso da entrada e por uma mezanine. Outro espaço criativo é a Livraria do Mercado, que fica na Rua Direita, a principal, e que mistura uma mercearia com frutas, legumes e enlatados com uma enorme coleção de livros. É um conceito que funciona e atrai muita gente que fica fascinada com a mistura que encontra.

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4. Durma dentro do Castelo de Óbidos

Não há forma de terminar melhor uma experiência na vila de Óbidos do que dormir dentro do castelo, num quarto centenário, com paredes históricas e uma decoração a fazer lembrar os tempos medievais. É isso que pode encontrar na Pousada Castelo de Óbidos, que faz parte das Pousadas de Portugal, do grupo Pestana. O castelo, que hoje alberga a Pousada, foi um presente de casamento do Rei Dom Dinis à Rainha Santa Isabel, e foi ali que passaram a lua de mel, no ano de 1282. Por ter apenas 9 quartos, nem sempre é fácil encontrar uma reserva, por isso, o ideal é fazer a marcação com alguma antecedência.  

5. Mexa-se na Lagoa de Óbidos

A Lagoa de Óbidos pode ser um local perfeito para complementar umas mini-férias caso queira meter um pouco de adrenalina e aventura nesses dias de descanso ou, por outro lado, prolongar a sensação de paz e silêncio. Dá para as duas coisas. Se quiser passear, pode simplesmente percorrer as variadíssimas zonas servidas pela lagoa, ir molhar os pés na água (é quentinha, não se preocupe), passear, almoçar tranquilamente no Covão dos Musaranhos (prove o ensopado de enguias, e coma-o com vista para a Lagoa). Mas se quiser agitação, aventura, então, pode ir até à Escola de Vela de Óbidos e alugar uma prancha de stand-up paddle ou fazer kitesurf. São atividades que dão para toda a família. Se alguém não quiser ir, pode simplesmente ficar a ler um livro na Escola de Vela, que tem um barzinho em cima da Lagoa com petiscos da região.

6. Vá comprar figuras clássicas às Caldas da Rainha

As Caldas da Rainha ficam a uns 7 minutos de carro de Óbidos, e são mais uma descoberta fantástica para quem gosta de arte e cultura. A cidade transpira Bordallo Pinheiro, com obras de rua, em tamanho gigante, a homenagear o artista em todos os bairros. Mas a cerâmica vai muito além de Bordallo e pode ser vista e comprada em dezenas de lojas que surgem quase porta-sim-porta-sim pelo centro da cidade. E aí há de tudo: dos tradicionais jogadores de futebol com um galhardete e um cordão que se puxa e… (imaginamos que saiba o que acontece), até a figuras clássicas da cultura urbana internacional, como estatuetas em barro de Woody Allen, Robert de Niro, Jack Nicholson ou Marlon Brando a vestirem a pele de personagens históricas de grandes filmes.

Se estiver numa onda mais romântica, há andorinhas de todos os tamanhos e cores, há todo o tipo de pratos, jarras, tigelas, com influências Bordallianas. 

Se for até à Fábrica Bordallo Pinheiro pode mesmo comprar sets completos de 6 ou 12 pratos rasos, de sopa, muitos deles com descontos grandes em peças com imperfeições quase impercetíveis.

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7. Passeie pelos jardins do Parque Dom Carlos I

Fica mesmo no meio da cidade e é local perfeito para ir buscar um pouco de paz e silêncio. Criado para funcionar como jardim do Hospital Termal das Caldas, o atual Parque Dom Carlos I era uma zona tradicional onde os pacientes faziam os seus passeios e caminhadas. Foi também lá que, em finais do século XIX, Rodrigo Maria Berquó, arquiteto, um dos grandes planificadores da cidade das Caldas, e também diretor do hospital da cidade, começou a construir os pavilhões que iriam albergar uma nova unidade de saúde. Mas a obra que não ficou concluída antes da sua morte e acabaria por ser interrompida já com os edifícios prontos. Durante anos, funcionaram ali uma esquadra, uma escola, até ao abandono dos pavilhões, que hoje dão um ar poético e misterioso ao parque.

8. Coma um açaí com granola no Citrus Coffee

Numa região onde a comida é quase uma instituição, é bom saber que também há locais que nos servem opções leves e saudáveis. O Citrus Coffe & Healthy Food é um desses sítios. Fica mesmo no centro, na Praça da República, e não só tem comida boa como uma decoração muito original e cuidada. O espaço é cosmopolita, mistura comida com cultura urbana e arte, tem dois pisos cheios de detalhes decorativos curiosos e, mais importante que tudo, tem uma carta cheia de opções boas para um brunch de fim de semana ou um almoço saudável, ligeiro. Há bowls de açai com granola e banana, ovos Benedict, panquecas variadas, papas de aveia, húmus, wraps, saladas, tudo. Vale muito a pena.

9. Vá relaxar pelos Passadiços da Foz do Arelho

A poucos minutos de carro das Caldas, a Foz do Arelho é a zona de praias que serve a cidade. Mas é muito mais do que isso. É também um sítio perfeito para passear, descansar e recuperar energias. Uma das sugestões é a de aproveitar o maravilhoso passadiço de madeira que percorre quase 1 km das arribas junto à praia e que permite, em dias de céu limpo, avistar uma área tão extensa que vai de Peniche às Berlengas. É um passadiço com uma estrutura recente e uma arquitetura diferente, com uma zona de painéis concêntricos, que ficam incríveis em fotos para o Instagram.

O pôr do sol é outra das grandes atrações dos passadiços, que têm pouco desnível, poucas escadas, o que permite que se façam sem dificuldades de maior, e com crianças. Vale muito o passeio.

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10. Visite o Castelo de Almourol

A história de fundação de Portugal cruza-se com a história do Castelo de Almourol. No início do século XII, a região era ocupada por muçulmanos, que acabaram derrotados e expulsos por Dom Afonso Henriques, em 1129. Na zona já existia uma fortaleza, mas a forma atual do castelo só foi idealizada pelos Templários, especialistas na criação de fortes, recrutados por Dom Afonso Henriques para defenderem toda aquela zona de novas investidas dos mouros. O castelo de Almourol protegia os acessos a Coimbra, então capital do território do condado portucalense. 

Hoje, toda a história do Castelo pode ser compreendida com uma visita ao monumento. Para se chegar lá é necessário apanhar um pequeno barco, que faz um curto percurso de aproximadamente 150 metros (3 minutos) e deixa os visitantes na entrada do castelo, só acessível pelo rio. O bilhete custa 4 euros e dá acesso ao barco e ao castelo. 

11. Durma no incrível Zab Living e vá fazer wakeboard

O Zab Living é um dos segredos ainda bem escondidos na zona de Ferreira do Zêzere. As donas, a Rute e a Joana, compraram umas casas devolutas na encosta do Zêzere, com uma maravilhosa baía à frente, e fizeram um alojamento local perfeito para passar uns dias em silêncio, na paz, mas também com a possibilidade de descer 20 metros a pé e entrar no rio. O espaço é muito clean, com muito bom gosto, e o pequeno almoço maravilhoso, preparado na hora, pode ser saboreado a olhar para o Zêzere. 

Depois de comer, a Joana e a Rute levam-no até ao rio onde o espera um barco próprio para puxar praticantes de wakeboard. Quem nunca experimentou, as criadoras do Zab (instrutoras de wake) ensinam. Quem já domina, é só aproveitar a experiência ao máximo.

12. Prove a melhor comida regional n’ O Cobra, em Vila de Rei

É um daqueles restaurantes que gritam portugalidade por todos os lados, com quase todos os clichés que podemos encontrar nos espaços tipicamente nacionais. Mas também na qualidade da comida, regional, saborosa, bem servida, se pode sentir que estamos verdadeiramente em Portugal.

O Cobra é um dos melhores (e mais procurados) restaurantes de toda a região que vai de Vila de Rei a Ferreira do Zêzere e indo lá percebe-se porquê. Prove os maranhos, o bucho recheado, o bacalhau à Cobra ou a açorda de marisco e vai ver como temos razão. 

13. Passe uma tarde na península encantada de Dornes

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A aldeia de Dornes podia bem ser cenário de uma cidade de “A Guerra dos Tronos”, tal o seu encanto, com uma geografia única, em que uma pequenina vila se amontoa numa pequenina península em cima da albufeira de Castelo do Bode. Esta originalidade explica porque se chama a Dornes A Península Encantada e o reconhecimento chegou com a eleição de uma das 7 Maravilhas de Portugal na categoria Aldeias.

Como muitos locais desta região, sente-se e vê-se a presença dos Templários, que deixaram uma torre de vigia na aldeia, ponto estratégico de controlo do rio. A aldeia não tem propriamente grandes atrações para ver, mas é sobretudo encantadora para passear, ir até ao rio, tirar fotos lindíssimas, e sentir a povoação. Vale a pena espreitar a igreja, fazer um passeio de barco e, se gostar, perder-se num dos vários trilhos que existem e chegam até Dornes.

14. Vá viver uma experiência gastronómica ao Chico Elias, em Tomar

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Não tem estrelas Michelin, mas devia. É eleito no boca a boca do cidadão comum como um dos melhores restaurantes de Portugal mas o reconhecimento não se fica por aqui e já chegou em formato de prémios diversificados e artigos em revistas e jornais ao longo de mais de 20 anos (que podem ser consultados nas paredes do Chico Elias). 

Não se vai ao Chico Elias almoçar ou jantar. Vai-se viver toda uma experiência, que começa logo no dia anterior, quando se faz a reserva. Só se pode visitar o restaurante mediante marcação — é obrigatório — porque a cozinha tem de perceber mais ou menos as quantidades de comida a servir. É tudo preparado de véspera, os temperos e marinadas chegam a levar 48 horas mas depois esse cuidado saboreia-se nos práticos originais. Não há menus, mas os pratos são levados à mesa, em travessas, e explicados individualmente para que possamos escolher entre um bacalhau com carne de porco, uma feijoada de caracóis, o famosíssimo coelho em abóbora, entre muitas outras especialidades. Não sendo propriamente barato, está muito longe de ser caro para toda a experiência que se vive. Também as sobremesas são servidas à colherada de enormes travessas (e pode pedir para repetir, que ninguém leva a mal, ou cobra mais por isso).

15. Conheça a história dos Templários no Convento de Cristo

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Quando pensamos em Templários, pensamos em hordas gigantescas de guerreiros com a ordem de Cristo a lutar contra os muçulmanos e a defender os territórios cristãos. Mas tudo isso é um mito. Na verdade, muito mais do que monges guerreiros os Templários eram monges arquitetos, especializados na edificação de fortalezas e castelos. E eram pouquíssimos. Estima-se que ao longo dos 200 anos em que passaram por Portugal, nunca tenham existido mais de 50 templários em simultâneo no nosso país, espalhados essencialmente pela zona centro, desde Coimbra até Monsanto, do litoral ao interior. Em cada castelo, não devia haver mais do que 4 ou 5 Templários, responsáveis pela arquitetura das fortalezas e estratégias de defesa. Ainda assim, a herança que tão poucos homens deixaram é uma parte muito relevante da História da fundação do nosso País. E nenhuma cidade acima de Tomar é mais indicada para conhecer tão bem a vida e obra dos Templários, até prque acolhe uma das suas mais importantes obras, o Convento de Cristo.

O convento começou a ser construído precisamente pela Ordem Templária em 1160, 17 anos após a fundação de Portugal. A obra demorou séculos a ser terminada, e, por isso, é possível identificar diferentes estilos arquitetónicos, do Manuelino ao Renascentista. É uma estrutura incrível, muito bem conservada, e que pode (e deve ser visitada) ao longo de todo o ano. Desde 1983 que o Convento de Cristo é classificado pela UNESCO como património mundial. 

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