De tempos a tempos, a Adidas tem um modelo que é um autêntico sucesso. Primeiro, foram os Stan Smith, depois os Superstar e, mais recentemente, foi a vez de os Samba serem vistos nos pés de toda a gente. Agora, a marca alemã (re)lançou um modelo que tem tudo para destronar os ténis mais populares do momento – mas também fez com que uma polémica explodisse.
Estamos a falar da mais recente edição dos Adidas SL 72, no qual várias celebridades apostaram as fichas todas. Em Portugal, é o caso de Madalena Aragão, que foi um dos principais destaques do lançamento do modelo na Sportino do Chiado, que aconteceu a 25 de julho. Lá fora, Emily Ratajkowski, Suki Waterhouse e até Bella Hadid também ficaram rendidas – e foi precisamente por causa desta última que a polémica estalou.
O modelo foi lançado originalmente durante os Jogos Olímpicos de 1972, em Munique, que, por sua vez, foi palco de um trágico episódio, conhecido como Massacre de Munique, com a morte de 11 atletas israelitas pelo grupo militante palestiniano Setembro Negro. Invadiram a Vila Olímpica, assassinaram dois atletas israelitas e raptaram outros nove, que entretanto foram mortos, numa tentativa de forçar a libertação de palestinianos mantidos presos em Israel.
E o que é que isto tem que ver com a modelo? Bem, Bella Hadid é filha do magnata palestiniano Mohamed Hadid e nunca escondeu o apoio à Palestina, muito antes de o conflito armado ter começado, em outubro de 2023. Contudo, com a guerra a continuar a todo o gás atualmente, tem sido ainda mais incisiva no seu posicionamento. Por isso, quando foi escolhida para ser cara da campanha dos novos ténis, a coisa deu para o torto.
Ao verem Bella Hadid a ser o rosto associado à reedição do modelo de ténis da marca alemã, surgiram fortes críticas por parte de ativistas pró-Israel e entidades judaicas, que a acusavam de antissemitismo, bem como do governo de Israel, que acusou a campanha de insensibilidade histórica. Para acabar com a confusão causada, a Adidas retirou a campanha do ar e emitiu um pedido de desculpas, no qual reconhecia a falta de sensibilidade. E a modelo não ficou contente.
Bella Hadid contratou uma equipa jurídica e começou a preparar-se para uma batalha judicial contra a Adidas. Num comunicado publicado no Instagram, relatou ter ficado "chocada e dececionada" com o episódio e que nunca se envolveria em "nenhum trabalho artístico que estivesse ligado a uma horrível tragédia". Isto porque, de acordo com a própria, nem sequer tinha "conhecimento da conexão histórica à atrocidade" que ocorreu em 1972.
E embora este episódio se tenha desenrolado, culminando na remoção da modelo da campanha, a nova reedição não foi retirada do mercado. O modelo continua disponível em várias cores – de preto a cinzento, passando por vermelho, amarelo e azul –, por 100€, nas lojas da Adidas, no respetivo site oficial, bem como em retalhistas, que é o caso da Sportino.