No sábado, Kamala Harris fez história ao ser eleita como a primeira mulher vice-presidente dos Estados Unidos da América. Mais do que isso, será a primeira vice-presidente negra e de ascendência asiática a ocupar este cargo. Quando subiu ao palco, sua primeira aparição pública causou burburinho e continha uma mensagem clara, enviada antes mesmo que dissesse uma única palavra. O motivo? A sua escolha de indumentária, cheia de estilo e simbolismo. 

Kamala

Os espetadores aplaudiram a escolha do guarda-roupa e o look representou uma homenagem comovente ao passado e às mulheres que vieram antes dela, preparando o caminho, ao longo da história, para que este momento se tenha tornado realidade. O traje escolhido é semelhante aos usados ​​pelas sufragistas do início do século XX, mulheres que lutaram e se sacrificaram pelo direito a igualdade, liberdade e justiça e a cor por elas usada, o branco, tornou-se a cor do movimento.

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Harris reservou um momento para invocá-las no seu discurso, agradecendo a "todas as mulheres que trabalharam para garantir e proteger o direito de voto por mais de um século: há 100 anos com a 19ª Emenda, há 55 anos com a Lei de Direitos de Voto, e agora, em 2020, com uma nova geração de mulheres no nosso país que votaram e continuaram a lutar pelo seu direito fundamental de votar e serem ouvidas”, afirmou. “Esta noite, reflito sobre a luta delas (…) - eu ergo-me nos seus ombros.”

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Os novos lideres políticos dos EUA créditos: @joebiden

O look de Harris teve a assinatura de Carolina Herrera, uma marca de luxo americana icónica e uma das favoritas das antigas primeiras-damas das duas fações políticas, incluindo Jackie Kennedy, Laura Bush, Michelle Obama e Melania Trump.

No passado, várias mulheres da vida política americana usaram indumentárias semelhantes. Tratam-se de nomes como Geraldine Ferraro (a primeira mulher a concorrer à vice-presidência em 1984, vestiu branco quando aceitou a indicação do Partido Democrata); Hillary Clinton (também usou um fato branco quando aceitou a nomeação democrata para presidente em 2016); Ivanka e Tiffany Trump (as duas usaram conjuntos brancos na tomada de posse do seu pai em 2017); a deputada Nancy Pelosi (fez a mesma escolha para anunciar o início do processo de impeachment contra o presidente Donald Trump); as deputadas Alexandria Ocasio-Cortez, Madeleine Dean e Ilhan Omar (todas usaram fatos brancos nas suas cerimônias de juramento), entre outras.

Hillary
Hillary Clinton

Por debaixo do casaco branco, outro detalhe de peso: uma blusa de seda branca com laço da marca Tory Burch. Já vimos várias vezes mulheres na política usarem blusas semelhantes, um toque feminino num mundo marcado maioritariamente pela presença masculina. Outra líder feminina, a primeira mulher primeira-ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher, era uma fã deste visual e popularizou o estilo na década de 1980. 

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Margaret Thatcher, ex-primeira ministra do Reino Unido créditos: @thatcherite13

No entanto, em 2016, este estilo tornou-se viral quando Melania Trump gerou polémica ao vestir este estilo de blusa em rosa choque para participar de um debate presidencial, depois de Donald Trump ter “brincado” sobre questões de agressão sexual. Desde então, o estilo foi recuperado e usado por mulheres para lutar contra o assédio sexual.

Em muitos aspetos, Harris é a personificação dos sonhos e do trabalho árduo de muitas dessas mulheres. No final do seu discurso, Harris olhou em frente e disse: “Posso ser a primeira mulher neste cargo, mas não serei a última.” Agora, não se trata mais da esperança de uma mulher poder ocupar um cargo superior, mas de celebrar a conquista de finalmente alcançá-lo. 

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