Podemos ainda nem sequer ter chegado a meio de agosto, mas o tempo passa a correr, o que significa que estamos a um saltinho da próxima edição da ModaLisboa, que se realiza de 10 a 13 de outubro. Depois de ter dado um autêntico espetáculo que escancarou as portas à diversidade, em março de 2023, Luís Borges não apresentou mais nenhuma coleção da sua marca de acessórios no certame – e, mesmo que a etiqueta esteja a passar por uma nova era, ainda não é desta que as criações do manequim vão voltar à passerelle.
"Apresentar na ModaLisboa é um processo criativo que demora e envolve muito dinheiro", explica o modelo e empresário à MAGG, acrescentando que o regresso ainda não está à vista. "Realmente eu quero voltar, mas quero voltar em grande", continua, ao mesmo tempo que frisa que não quer desiludir ninguém, precisamente pelo facto de saber que, pela dimensão e aparato, os seus "desfiles tiveram muita adesão" e que "as pessoas adoraram aquilo que viram". "Quero que continue assim", remata.
Por isso, uma coisa é certa: quando voltar, a grandiosidade será a mesma, mas a marca não, uma vez que os tempos da Call Me Gorgeous já lá vão, fruto do rebranding que a etiqueta sofreu. Não por sua vontade, mas por obrigação. Isto porque, em abril deste ano, Luís Borges viu a identidade da sua marca a ser roubada por outra empresa, que solicitou o registo comercial do nome – e não o tendo registado, tornou-o vulnerável a este tipo de apropriação indevida.
"Não registei a marca, deixei passar e pensei 'depois registo'", admite o modelo, dizendo que ficou "muito mal" quando se apercebeu do que se estava a passar. "Foi feito de má fé", afirma, explicando que, ainda assim, optou por não se deixar consumir por questões legais. "Eu pensei 'não me vou preocupar'. Uma coisa era ter 15 lojas abertas, eu só tinha uma. E acho que estar a perder o meu tempo, a minha energia, com alguém que simplesmente queria dinheiro não era isso que eu queria", garante.
Ainda assim, não descura o facto de ser dispendioso ter uma marca em Portugal, um investimento que (quase) foi por água abaixo no rescaldo deste percalço. "O facto de não poder usar o nome Call Me Gorgeous [fez com que], por exemplo, os sacos da loja não pudessem ser usados e custaram-me muito caro. São coisas que ficas a pensar se vale a pena voltar a ter uma marca", acrescenta.
O que é certo é que três meses depois, em julho, (re)nasceu a F*CKINGOURGEOUS. E a mudança vai além da substituição do nome: o fundador, que se recusou "a baixar os braços", ergueu-se com uma visão fresca sobre aquilo que quer fazer com a marca. "Eu quero ser uma marca de lifestyle", afiança, desde logo, Luís Borges, que garante que, embora não possa revelar as cartas que tem na manga, este projeto vai ser muito mais do que uma marca de acessórios.
Aquilo que não muda é a premissa da etiqueta, daí ter decidido manter parte do nome. É que a Call Me Gorgeous era reflexo de todos os valores em que acredita, como "a diversidade, a individualidade, a extravagância, a irreverência", assim como a ideia de que toda a gente se pode sentir gorgeous (bonito, em português) a usar as peças que cria. Contudo, a manutenção da essência vem de mãos dadas com uma provocação. "O 'fucking' é uma provocação. [Significa que] ainda estou aqui", afirmou o empresário, referindo-se à sua capacidade de resiliência.
Aliando-se aos clássicos brincos com um B de Borges, a F*CKINGORGEOUS chegou repleta de novidades – acessórios coloridos e ousados. "Acho que estamos a passar por tanta coisa no mundo, no País, que já é tão cinzento, portanto acho que um bocado de cor não faz mal", explica, acrescentando que as mais recentes adições (uns colares adornados com cogumelos e pendentes que afastam o mau-olhado) também são, igualmente, uma provocação.
No fim, Luís Borges volta a frisar: "Eu não faço as peças para um nicho de pessoas, eu quero que todas as pessoas usem". As novas peças da F*CKINGORGEOUS estão disponíveis no site oficial, bem como na loja física da etiqueta, que fica naGalerias Lapa 71, na Rua Garcia de Orta, em Lisboa.