Aos 22 anos, Sophia Hadjipanteli está longe de corresponder aos traços convencionais que marcam as super modelos. Mas foi a diferença que lhe valeu o reconhecimento na indústria da moda. Tudo começou de forma acidental, em 2014, quando queria pintar as sobrancelhas. “Vi um vídeo no YouTube onde alguém estava a pintar as sobrancelhas. Tentei fazer o mesmo, mas devo ter feito algo errado porque acabei por torná-las pretas”, explicou à revista "Harper’s Bazaar", em 2017. Sendo loira natural, a experiência acabou por criar um visual distinto, que lhe valeu um contrato com uma agência de modelos britânica.
Apesar de as sobrancelhas serem a imagem de marca de Sophia, a cor passou a ser apenas um pormenor secundário quando a jovem decidiu deixar crescer uma “monocelha”, não retirando os pelos que crescem entre as duas sobrancelhas.
Com isto, a jovem criou o “unibrow movement” traduzido em português para “movimento monocelha”, com o qual pretende fugir aos estigmas criados pela sociedade, para que cada um possa ser aquilo que quer ser. “Eu não estou a fazer isto para as pessoas gostarem da minha monocelha, estou a fazê-lo para mostrar às pessoas que elas podem viver as suas vidas seguindo as suas preferências. Pessoalmente, acho que a minha cara fica mais bonita desta maneira. Outros podem discordar, e está tudo bem”.
A atitude e as ideias defendidas por Sophia popularizaram-na nas redes sociais. Mas apesar dos 322 mil seguidores do Instagram e vídeos no YouTube que ultrapassam as 20 mil visualizações, a jovem parece ainda não ser bem aceite no meio. Nas publicações que cria, os comentários dividem-se entre o apoio e aqueles que dizem não compreender as opções da jovem.
Ao tema das sobrancelhas, junta-se ainda a maquilhagem colorida que marca o estilo de Sophia, e que muitos consideram exagerada. São várias as publicações que a jovem utilizam para responder aos comentários de ódio. “Eu uso maquilhagem porque é divertido. Eu tenho uma monocelha porque prefiro. Eu uso maquilhagem e uso uma monocelha porque é aquilo de que eu gosto. Só porque eu abraço um lado mais natural de mim, não quer dizer que sou uma hipócrita por querer demonstrar outros lados daquilo que eu sou”, afirmou numa fotografia, publicada em setembro de 2017.
Apesar de querer espalhar uma mensagem de diversidade e inclusão, a modelo não nega a existência de um lado mais negro nas suas redes sociais. Numa entrevista ao programa "Good Morning Britain", assume mesmo que a maioria dos comentários que recebe são negativos. “Eu recebo muitas reações negativas. Não me vou sentar aqui e dizer que a maioria são positivas porque esse não é o caso”.
Sophia admite mesmo já ter recebido várias ameaças de morte, apenas por considerarem o seu estilo “descuidado”. "É terrível que digam que é inaceitável ser como eu sou ao ponto de ameaçarem a minha vida.”
Apesar de tentar sempre “não ler esses comentários”, Sophia não tem duvidas de que são essas mesmas opiniões que a fazem sentir que está a seguir o estilo de vida correto.
A indústria da moda tem sido uma das mais vigiadas no que a inclusão diz respeito. No entanto, casos como o de Sophia Hadjipanteli demonstram que o caminho para a aceitação total da diferença ainda é longo. Mas os passos já começam a ser dados. Na galeria, pode consultar uma lista de modelos que ganharam notoriedade no mundo da moda, apesar de apresentarem características que fogem àquilo que são os padrões de beleza pelos quais a indústria e a sociedade ainda se regem.