Sofia Vasconcelos, ex-repórter da TVI de 29 anos e apresentadora do podcast “100 Purpurinas”, na Mega Hits, lançou recentemente a “Leve-Leve”, uma coleção unissexo da marca Marma, inspirada na sua viagem a São Tomé e Príncipe, onde esteve durante o mês de dezembro de 2023 a fazer voluntariado, mais precisamente em Guadalupe.

Sofia é cofundadora da Marma, juntamente com a amiga Catarina Medon, que surgiu porque “a moda sempre foi uma paixão” para a repórter e ambas tinham “este gosto”. “Sempre gostei da ideia de eu poder criar as minhas coleções”, diz à MAGG. Quanto ao nome, queriam que “tivesse que ver com praia, mar” e com “dharma”, que “é uma expressão hindu que significa viver mais o presente e não tanto aquilo que já se passou, é um bocadinho o contrário de ‘karma’”. Como tal, surgiu da junção entre os dois nomes.

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Inicialmente, e até há bem pouco tempo, era apenas uma “marca de biquínis”, dado que sentiu “falta que existissem marcas portuguesas" de acordo com os seus gostos. “Nós privilegiávamos acima de tudo a licra e também que os biquínis tivessem acessórios, que já era uma coisa que se via principalmente no Brasil, que sempre foram muito fortes em biquínis, e não tanto em Portugal. Aqui eram mais à base de licra, folhos e mais estampagem. Nós queríamos ir um bocadinho para o lado dos acessórios nos biquínis, que acho que foi aquilo que nos diferenciou até agora”, explica.

No início, tinham um conceito bem traçado para a Marma. “Nós queríamos que o conceito fosse muito de: nós não estamos propriamente só a vestir um biquini. O importante não é propriamente o biquíni que estamos a vestir, o importante é a forma como nós nos sentimos nele. Uma coisa da qual nós falamos sempre muito desde o início foi que a praia, apesar de ser um local que a maior parte de nós gosta muito, também é um lugar onde a maior parte das mulheres mostra as suas inseguranças”, refere.

“Para mim, sempre foi o meu lugar preferido, mas também já foi o lugar que mais me assustou. Isto não está, e era aquilo que nós queríamos transmitir, na forma como é o nosso tipo de corpo. Está, acima de tudo, na forma como nós nos sentimos nele. Foi isso que quisemos fazer na Marma, que foi: termos exemplos de pessoas que tivessem diferentes problemas físicos, daí termos tido mulheres com cicatrizes, queimaduras, problemas de pele, outras com distúrbios alimentares, para tentarmos mostrar que, apesar de cada uma ter problemas diferentes com o corpo, nada está no tipo de corpo, mas sim na forma como se lida com eles. Às vezes há pessoas que podem ter um problema físico e sentirem-se muito bem e outra que pode não ter esse problema e não se sentir bem nele. Tudo está na nossa cabeça e era isso que nós queríamos transmitir com a Marma”, reflete.

A nova coleção, “Leve-Leve”, surgiu durante a viagem de Sofia Vasconcelos a São Tomé e Príncipe. “Eu nunca imaginei, quando fui para São Tomé, fazer uma coleção lá. Nunca, nunca, nunca. Aliás, lá tive algumas dúvidas se realmente faria ou não, porque não queria estar com as preocupações que tinha cá em Portugal, de roupa, fotografias, de andar sempre a correr para a costureira. Mas depois apercebi-me que lá havia tecidos incríveis e eu, inicialmente, ainda pensei em comprar os tecidos e depois trazer e fazer cá em Portugal. Mas depois pensei: ‘ok, eu vou comprar cá os tecidos, seria muito giro se conseguisse ajudar a comunidade de cá com aquilo que eu vou fazer e se eu comprar cá os tecidos e fizer lá já não vai ter o efeito que eu quero que tenha’”, conta.

Sofia partilhou a ideia com as outras voluntárias, que lhe deram “força para continuar”, e arranjou uma costureira, “que era a que toda a gente ia lá em Guadalupe” e “a mãe de uma das miúdas da associação, a Jéssica”. “Era todo um cenário incrível, porque ela estava lá numa casa de madeira com a máquina de costura ali, com tudo verde à volta, e era muito engraçado, porque todas as peças foram feitas artesanalmente e ela ia vendo em mim, íamos vendo os tamanhos e até tenho uma imagem dos primeiros esboços que fizemos. Ela desenhou num post-it uma das camisas e ia pondo, por exemplo, a manga e quantos centímetros é que eram, e ia escrevendo tudo num post-it com uma caneta”, recorda.

“Aquilo teve todo um significado muito especial e fizemos aquilo muito em contra-relógio, porque, para mim, fazendo lá a coleção, fazia todo o sentido fotografar lá. Como eu não sabia quando é que poderia voltar a São Tomé nem em que circunstâncias, quis ao máximo que aquilo acontecesse naquele momento. Fazia muito mais sentido para mim que fosse fotografado pelos miúdos da associação e foi isso que aconteceu”, diz, acrescentando que “10% da coleção reverte para a Associação" Kele do país, que “dá apoio escolar aos miúdos de Guadalupe”, porque fazia “total sentido” para Sofia “ajudar não só a produção local, mas também estar em Portugal e continuar a contribuir para isso”.

Uma parte da coleção é unissexo, “duas camisas e umas calças”, algo inédito para a Marma. “Era algo que já queríamos experimentar. Aliás, havia muitos homens que perguntavam: ‘esse padrão é tão giro, porque é que não fazem uma camisa para homem?’. Então pronto, com os padrões que consegui arranjar lá, acho que fazia todo o sentido que fosse e para já está a resultar muito bem”.

Já o nome, “Leve-Leve”, também tem um significado. “É uma expressão que eles usam lá muito e é a forma de eles viverem lá, basicamente. A simples pergunta que nós fazemos todos os dias de ‘como é que estás?’, eles a maior parte das vezes dizem: ‘leve-leve’, que é mesmo a forma como eles encaram tudo. E foi esse ‘leve-leve’ que eu senti lá que queria trazer para Portugal. Se a coleção foi feita lá e se as pessoas aqui estão a ver como a coleção é, podem ter um bocadinho da coleção, gostava que viesse com essa bagagem atrás. É mesmo uma forma deles viverem e que os tranquiliza ao longo do dia, assim como às pessoas que estão à volta deles”, explica.

Espreite a coleção.

"A televisão é uma paixão minha e é algo que eu quero continuar a fazer”

Esta viagem a São Tomé e Príncipe aconteceu após a sua saída da TVI, mas Sofia garante que “já há muitos anos que queria fazer voluntariado”, mas “nunca tinha tido a oportunidade”, já que nunca tinha tido “um mês sem nenhum compromisso diário que exigisse estar presente em algum sítio”. “Achei que seria o momento ideal para isso acontecer, porque não sabia quando é que voltaria a ter esse tempo. Falei com esta associação e foi ótimo, porque foi em cima da hora mas eles estavam a precisar e só lhes faltava um voluntário para dezembro. Foi muito bom e depois acabei por passar lá o Natal. Arrisco-me a dizer que, além de ter sido a melhor experiência da minha vida, foi também se calhar o Natal com mais significado na minha vida”, garante.

Para o seu futuro, Sofia quer conciliar o podcast “100 Purpurinas” e a Marma, sendo que foi a própria que criou ambas e que lhes dão muito orgulho, mas não esconde a vontade de voltar a trabalhar em televisão. “Quero obviamente voltar à televisão, televisão é o que eu gosto mais de fazer. Passou muito pouco tempo desde que eu saí da TVI, mas eu já estou com muitas saudades de fazer televisão, apesar de que no podcast também estou a descobrir todo um lado novo e uma forma de comunicar nova e diferente. Isso está a ser muito giro, porque era exatamente isso que eu queria também, que era conseguir reinventar-me e perceber os outros meus lados. Mas obviamente que a televisão é uma paixão minha e é algo que eu quero continuar a fazer”, confessa.

Sofia Vasconcelos conduz o podcast “100 Purpurinas” na Mega Hits, que estreou há cerca de dois meses e que já teve convidados como Mariana Machado, Liliana Filipa, Luís Borges e Bruna Gomes. “Este desafio está a correr mesmo muito bem e está a ser um projeto que eu estou a gostar mesmo muito de fazer, porque é muito giro conhecer as pessoas sem purpurinas e também elas predisporem-se a estar sem purpurinas numa conversa comigo”, garante.

“Tem sido um voto de confiança muito grande, principalmente das primeiras pessoas que foram ao podcast, porque não sabiam para o que iam. Agora está a ser muito giro, porque as pessoas que vão já sabem para aquilo que vão e todas pensam na pergunta que eu faço sempre, que é: ‘quando, onde e com quem é que és tu sem purpurinas?’. Está a criar-se uma marca, o que é muito bom, e têm sido conversas muito interessantes, que era o que eu queria”, afirma, acrescentando que vai haver uma segunda temporada do podcast.