Há três décadas que Lidija Kolovrat faz da sua vida em Portugal uma tela de emoções e histórias, traduzidas através de cada coleção. A mais recente, apresentada este sábado, 12 de outubro, na 63.ª edição da ModaLisboa, é uma reflexão do mais íntimo que há sobre esse percurso.
Com Amália Rodrigues a ecoar pelo Pátio da Galé, num remix subversivo de "Estranha Forma de Vida", não descreveríamos melhor o percurso da designer da Bósnia em Portugal: afinal, a relação que teve com o País teve tanto de abraço, como de rejeição. Há lá sentimentos mais díspares (e estranhos de se entrelaçarem) do que estes?
Posto isto, sente-se a fusão de culturas e influências, nas quais se vê o espírito de um País que a acolheu, mas que também a desafiou a reinventar-se. E esse diálogo constante entre os dois mundos está presente em cada detalhe das suas criações – nomeadamente naquelas que contam com as imagens de guitarras portuguesas distorcidas.
A par disto, é como se a criadora pegasse na melancolia do fado e a transformasse em algo novo e inesperado, tal como fez ao longo da sua carreira ao desafiar as convenções da moda com a sua visão artística singular. O resultado foram peças com formas grandes e planas, mas bem estruturadas e cheias de emoção, que agora lhe mostramos.