Carlos Gil nunca se escondeu atrás de subtilezas, tendo sido sempre maximalista, vibrante, arrojado. Desta vez, parece que o designer tomou um rumo diferente. Dizemos isto porque MATCH, a nova coleção apresentada na ModaLisboa Capital, este sábado, 8 de março, marca um equilíbrio inesperado entre o excesso e a contenção, a excentricidade e a simplicidade.

"A minha intenção é criar um match", começa por explicar o designer à MAGG, acrescentando que isso é conseguido a partir do momento que vai "buscar imagens maximalistas, padrões exagerados, com muita cor" e as mistura com um "corte simples" e minimalista. Por isso, dos casacos aos vestidos, o que de mais arrojado associamos ao designer agora convive com opções mais sóbrias (e que sentimos que podemos vestir todos os dias).

Este diálogo entre opostos é mais do que uma questão estética. É uma resposta ao que a mulher contemporânea precisa: elegância e conforto, sem concessões. "Ela pensa nas coisas exatamente como elas foram apresentadas aqui no desfile. Elas vão de stilettos trabalhar, mas chegam ao carro e metem a pantufa porque não aguentam", exemplifica (quem nunca, não é?).

carlos gil
carlos gil créditos: © ModaLisboa | Photo: Ugo Camera

Por isso, esta coleção de Carlos Gil é para "as mulheres apaixonadas pela vida, que sabem o que querem e não abdicam nem do estilo nem do bem-estar". Afinal, a moda tem de acompanhá-la nessa dualidade, sem lhe impor limites. Contudo, como qualquer projeto criativo que se preze, este novo caminho trouxe novos desafios.

“Em todas as coleções, eu proponho-me algo”, conta. "E vocês, que já me acompanham há tantos anos, já perceberam que ou procuro algo a nível de tecidos ou uma nova imagem. Aqui, a principal novidade é encontrar um equilíbrio na mulher. Nas mulheres que também procuram elegância e conforto", continua, acrescentando que isso também se aplica ao homem, uma parte fundamental da coleção.

O designer reforça a evolução do homem moderno, aquele para quem também desenha atualmente. "Hoje o homem é diferente do homem de há 10 anos e de há 15 anos. Hoje o homem procura beleza. Procura sentir-se diferente do comum. Mas procura também ser ele próprio e sentir-se bem com ele próprio", frisa. A coleção masculina reflete esta mudança com peças que combinam força e sofisticação, sem perder a identidade.

"Provavelmente, esta coleção de homem é a mais equilibrada que já fiz. Com tantas peças de roupa, com tantas cores, mas toda ela muito equilibrada", continua, acrescentando que isto até culminou em peças que se tornam fluidas, sem um género fixo – afinal, a moda faz-se sempre acompanhar das mudanças do mundo. Os coupe-vent, os casacões, são disso um exemplo, mas mostramos tudo na fotogaleria.

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