Sou contra qualquer tipo de cotas. A afirmação de qualquer pessoa deve passar pelo seu valor, pelo seu trabalho, pelo seu talento, pelo seu mérito. Na política, tem havido alguns passos ténues no sentido de as mulheres vingarem. Porém, o poder ainda é uma arena de homens onde, timidamente por vezes, as mulheres têm evoluído de peças decorativas — como muitos as encaravam no passado – para mais lugares de decisão, mas é pouco.

Por estes dias, li um trabalho no “Courrier Internacional” sobre os jovens que tomaram o poder, a geração “star-up”, que vai moldando as suas nações. Entre Emmanuel Macron, Justin Trudeau, Sebastian Kurz, Jigme Khesar, Luigi di Maio, entre outros, só estavam duas senhoras, Anna Brnabic e Jacinda Ardern, ambas primeiras-ministras da Sérvia e Nova Zelândia.

A mais poderosa de Hollywood
A mais poderosa de Hollywood
Ver artigo

Por cá, Maria de Lurdes Pintasilgo já governou, Manuela Ferreira Leite liderou o PSD, Assunção Cristas e Catarina Martins comandam CDS e BE. E surge pela primeira vez uma mulher a lançar um partido, a Sofia Afonso Ferreira. É tempo de se perder a timidez e começar a ir a jogo. De levantar a voz e apresentarem a sua visão sobre os problemas nacionais e do mundo. Na sociedade civil existem diversas instituições e organizações que fazem vincar as suas ideias através de mulheres, no entanto, a política é o tabuleiro mais evidente onde tudo se decide.

Sou de um tempo em que uma mulher no Parlamento era quase uma raridade e factor de curiosidade. Hoje, as bancadas já estão muito mais coloridas com a presença feminina. Há talento e a sua essência é fundamental para ajudar a que os portugueses voltem a confiar nos políticos. Sim, tenho mais esperança nelas no que neles e espero que atinjam patamares de qualidade em virtude do seu trabalho e não como “ascensoristas” de juventudes partidárias. E sigam o conselho da líder indiana Indira Gandhi: «Há dois tipos de pessoas: as que fazem as coisas e as que ficam com os louros. Procure ficar no primeiro grupo, há menos competição lá».

O autor escreve segundo a antiga ortografia