É o sonho tornado realidade para muitas mulheres. E o pesadelo de muitos homens. A Tea – Dating Advice tornou-se um fenómeno do dating por prometer aquilo que durante anos se fez em grupos fechados: criou um espaço onde mulheres, de forma anónima, partilham experiências e “red flags/green flags” sobre homens com quem saíram — e onde também pedem “tea” (informação) antes do primeiro encontro.
Mas como é que funciona esta app, que já está disponível em Portugal para Android? Na prática, a utilizadora publica uma foto, primeiro nome, idade aproximada e cidade do homem em causa para recolher feedback da comunidade. Se alguma mulher já tiver tido algum tipo de experiência com esse homem, pode deixar o feedback e comentário. A app, que bloqueia capturas de ecrã, para que não sejam enviados para terceiros, verifica que os perfis são de mulheres e permite, na versão paga (0,99€), extras como pesquisa por imagem, pesquisa do passado de alguns homens e consulta de registos (alguns por subscrição mensal).
Esta nova app apresenta-se como uma “ferramenta de segurança para mulheres”, pensada para complementar Tinder, Bumble ou Hinge. Muitas mulheres estão a usá-la para obterem reações a homens com quem ainda não saíram mas conheceram em apps de dating (o “vetting”).
Só que após o boom inicial, sobretudo nos Estados Unidos, em que chegou ao topo de dowloads, a TEA viu-se envolvida numa grande polémica nas últimas semanas. A empresa confirmou um incidente de segurança que expôs cerca de 72.000 imagens, incluindo aproximadamente 13.000 selfies, além de dezenas de milhares de imagens de posts, comentários e mensagens privadas, material que circulou no internet. A Tea anunciou ter conseguido corrigir as falhas, mas a sua credibilidade foi muito afetada.
A polémica não se esgota nesta fuga de informação. Vários especialistas em relações têm-se pronunciado contra esta ferramenta, a que chama de “surveillance dating”, já que, argumentam violam a privacidade de muitas pessoas e expõem publicamente cidadãos sem contraditório ou verificação real.
Quase como resposta, surgiu no mercado um “clone” para homens, TeaOnHer, que rapidamente originou igualmente fugas de dados com documentos de identificação expostos.