A apresentadora Leonor Poeiras ficou surda do ouvido direito há quatro anos. A revelação foi feita numa entrevista com Rui Maria Pêgo e Ana Martins, no programa "Era o que faltava" da "Rádio Comercial", na qual Leonor Poeiras conta que o problema acabou por afetar a vida profissional.

"Recentemente deixei de fazer o Somos Portugal. Foram oito anos e meio, que chegaram ao fim no ano passado", disse. A última participação foi em Lisboa e de forma discreta deixou o programa. A decisão parece não ter sido fácil, mas Leonor Poeiras reconhece que foi a mais acertada.

"O Somos Portugal era a coisa mais certa que tinha na minha vida nos últimos anos. Terminei-o por várias razões. Não consigo, não quero continuar a fazer, não devo, e isto tem a ver com questões de saúde também. Eu sou surda do ouvido direito. Eu ensurdeci. Foi um episódio de surdez súbita há quatro anos", contou a Rui Maria Pêgo e Ana Martins.

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Mas afinal o que é a surdez súbita? "É uma perda de audição que normalmente ocorre apenas num ouvido, é muito raro que atinja os dois ouvidos ao mesmo tempo, e no decurso de horas a pessoa apercebe-se de que está a ouvir menos de um ouvido", explica à MAGG a otorrinolaringologista Luísa Monteiro.

Pode acontecer tanto com uma pessoa que tinha uma audição normal, como numa que já não ouvia bem e subitamente tem um agravamento da condição, acrescenta a especialista. Quanto aos sintomas, podem passar apenas pela perceção de que a pessoa está a ouvir pior, mas também por um zumbido acompanhado de alterações do equilíbrio — vulgarmente vertigens.

Diagnóstico

Seja qual for o caso ou sintoma, a otorrinolaringologista Luísa Monteiro alerta que mal o problema seja detetado, deve ser analisado por um especialista. "É obrigatório, mesmo quando a pessoa se está a sentir melhor, que procure um médico para que se faça um diagnóstico para perceber qual é a causa".

Embora esta nem sempre seja fácil detetar e a pessoa possa até recuperar, noutras situações a surdez súbita pode ser a manifestação de uma doença mais complexa, como um tumor benigno ou inflamação, que requer que um acompanhamento, revela a otorrinolaringologista.

O primeiro exame passa pela observação de um otorrinolaringologista, seguindo-se um estudo audiométrico em que o especialista faz uma quantificação da audição. "Se o doente não tinha um audiograma antigo pelo qual se possa comparar com o atual, serve de termo de comparação o ouvido que está bom. Se é uma pessoa que já tinha alguma perda auditiva, olhamos para o último exame e vemos se houve um agravamento súbito", explica a especialista Luísa Monteiro.

No caso da apresentadora Leonor Poeiras, só se dirigiu ao médico algumas semanas depois por não se ter apercebido do que estava a acontecer. "Quando fui já era uma situação avançada, cerca de 70% de surdez, e percebemos, ao longo dos meses, que era irreversível", disse.

Revelou que ao longo dos anos a situação agravou-se por estar muito exposta ao ruído a fazer o Somos Portugal, razão que a levou a abandonar o programa. "Estou praticamente sem ouvir nada e não posso, porque é o ouvido onde eu ponho o auricular quando trabalho em televisão", explicou.

Causas

A surdez súbita pode ter causas variadas ou nem sempre detetadas. Ainda assim, a otorrinolaringologista revela que, na maior parte das vezes, é um acontecimento isolado e que não está no decurso de uma doença prévia, como uma constipação ou uma gripe, e pode acontecer em qualquer idade.

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"Cerca de 50% das vezes acaba por desaparecer. O que não quer dizer que a doença que está por detrás deste episódio não possa estar a evoluir", razão pela qual a especialista Luísa Monteiro aconselhada fazer sempre um diagnóstico.

Tratamento

Depois de serem realizados os exames de diagnóstico, é então feito um tratamento de acordo com cada caso, com o objetivo de resolver o problema.

O tratamento pode ser à base de anti-inflamatório, com cortisona, ou pode recorrer-se a sessões em câmara hiperbárica — na qual a pressão ambiente é superior à pressão atmosférica a que estamos habituados aumentando a oxigenação do ouvido interno e, ainda, potenciando a recuperação.

Já no caso de existir efetivamente uma doença por detrás da surdez súbita, é então necessário ir à origem do problema, revela a especialista.

"Foi um dia realmente triste para mim"

Para Leonor Poeiras, a surdez súbita revelou-se irreversível. Após ter consultado o médico e percebido não havia solução, a apresentadora passou um momento difícil, tal como revela na entrevista à "Rádio Comercial".

"Foi um dia realmente triste para mim. Foi no dia 2 de agosto, foi nesse dia que eu percebi. Chorei copiosamente para aí durante uma hora e tal. Nesse dia passei a noite a ouvir música aos berros, tipo despedida", contou.

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No caso de a surdez súbita ser irreversível, algo que pode acontecer ao fim de três a seis meses sem evolução positiva, há duas opções que permitem melhorar a condição de quem vive com este problema: "Pode prescrever-se um aparelho auditivo para balancear a audição em relação ao outro ouvido ou, se foi uma perda de audição quase total, é possível avançar para um implante coclear", refere a otorrinolaringologista.

Apesar de reconhecer que esta é uma cirurgia um pouco mais complexa, Luísa Monteiro reconhece que hoje em dia é já recorrente e mais segura.

Em conclusão, a otorrinolaringologista Luísa Monsteiro revela que esta é uma doença sobre a qual os especialistas não sabem tudo: "Quer porque é que aparece, ou porque é que nalgumas pessoas desaparece e noutras não", por isso, apela para que, em qualquer caso, se consulte um especialista.