Numa altura em que começam a surgir os primeiros sinais de esperança de que a pandemia da COVID-19 já esteve mais longe de terminar, o uso da máscara ainda não pode ser descurado. Contudo, são várias as pessoas que se queixam de que a pele está a sofrer com a sua utilização, seja borbulhas ou mesmo reações alérgicas. No entanto, existem formas de evitar estas complicações.

Helena Toda Brito, dermatologista e membro da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia, explica à MAGG que a utilização de máscara por períodos prolongados pode afetar a pele através de três mecanismos principais. Estes mecanismos podem contribuir para o aparecimento de eczemas, feridas superficiais, reações alérgicas, acne e agravamento de doenças de pele pré-existentes, como é o caso da rosácea ou da dermatite seborreica. Mas que mecanismos são estes?

“Um deles é a alteração do microclima à superfície da pele, que se torna mais quente e húmido nas áreas cobertas pela máscara devido à acumulação de calor e humidade provenientes da respiração, transpiração e saliva”, começa por explicar a especialista, referindo que o microclima alterado aumenta, por sua vez, a oleosidade da pele, desregulando o conjunto de microrganismos que habita nela naturalmente.

“Outro é o contacto direto da pele com a máscara que, além de a agredir de forma mecânica — pela pressão, atrito e oclusão que provoca — , sujeita-a ao contacto frequente com um tecido que acumula oleosidade, transpiração e sujidade ao longo do seu tempo de utilização”, acrescenta.

Por outro lado, Helena Toda Brito explica que algumas pessoas podem ser alérgicas a um dos componentes da máscara, como é o caso do aro metálico existente em algumas delas ou o próprio tecido que as compõem. O que também pode provocar estas reações adversas.

Quais os cuidados a ter para evitar problemas de pele ao usar máscara?

Não deveria ser uma surpresa, mas a melhor forma de evitar os problemas de pele ao usar máscara é, à partida, já ter o rosto bem cuidado. Pode não os evitar totalmente, mas ajuda a reduzir grande parte destes problemas, garante a especialista em dermatologia.

“Quando a pele está bem cuidada, a barreira cutânea está íntegra, resistindo melhor à agressão provocada pela máscara“, explica Helena Toda Brito.

A especialista refere ainda que, em pessoas que já tenham algum tipo de patologia de pele, este tipo de cuidados constantes torna-se ainda mais fundamental, independentemente da utilização da máscara. “Nas pessoas que tenham doenças de pele pré-existentes como, por exemplo, eczema, rosácea ou acne, este aspeto é ainda mais relevante, sendo importante manter o acompanhamento regular pelo médico dermatologista e o cumprimento da terapêutica indicada”, afirma Helena Toda Brito.

Segundo a especialista, para evitar o aparecimento destes problemas de pele ao usar máscara, é essencial redobrar os cuidados diários, fazendo uma limpeza com água morna e um “produto de limpeza suave com pH neutro, hipoalergénico e sem perfume”. Deve-se ainda reforçar a hidratação da pele com a aplicação de “um creme hidratante de composição simples, que não obstrua os poros, antes e após a utilização de máscara”.

A escolha da máscara deve também ser um aspeto a ter em conta. “Para diminuir a agressão à pele, deve-se optar por máscaras que contenham um tecido suave e respirável, como o algodão, na camada mais interna que está em contacto direto com a pele, e ter o cuidado de escolher uma máscara que se adapte correta e confortavelmente ao rosto”, refere a especialista alertando para o facto de que uma máscara muito larga, para além de poder comprometer a sua capacidade protetora, pode provocar maior atrito na pele.

Para além disso, Helena Toda Brito refere que a máscara deve ser substituída frequentemente fazendo “períodos de pausa pelo menos a cada quatro horas ao longo do dia, desde que possível e seguro”, e deve-se ainda evitar fatores adicionais de irritação da pele como, por exemplo, a utilização de maquilhagem, esfoliações e limpezas de pele.

“Lembro, contudo, que o nível de proteção conferido pela máscara — comunitária, cirúrgica ou respiratória — é o fator mais importante a ter em conta na escolha da máscaraexistindo situações em que as últimas estão indicadas, mesmo que possam ser mais agressivas para a pele”, remata a especialista.

Caso as medidas não sejam suficientes para evitar o surgimento de problemas de pele, Helena Toda Brito aconselha a que consulte um médico dermatologista de modo a que seja possível fazer um diagnóstico correto e um tratamento específico. O tratamento dependerá do tipo de problema que tenha surgido e pode incluir a alteração dos produtos utilizados na rotina diária — no caso de produtos específicos para peles sensíveis, eczema rosácea, ou peles acneicas — ou mesmo prescrição de medicação.

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