Mais do que um meio de entretenimento, o cinema e a televisão têm o poder de gerar reações e influenciar comportamentos. Em 2007, quando "Os Sopranos" chegou ao fim, foram vários os espectadores que reagiram dando pancadas na televisão por acharem que estava estragada — o final da série chegou através de um ecrã negro repentino que ainda hoje gera discussão. Cerca de 11 anos depois, "La Casa de Papel" tornou-se num fenómeno mundial ao chegar à Netflix e em poucos meses levou fãs a usarem macacões vermelhos e máscaras de Salvador Dalí nos seus disfarces de carnaval.

A série que mostra um grupo de assaltantes a tentar roubar a Casa da Moeda, em Espanha, pôs também milhares de pessoas um pouco por todo o mundo a cantar a canção "Bella Ciao" — o tema de intervenção anti-fascista que, de forma surpreendente, se tornou no hino da série quando Berlin (Pedro Alonso) e O Professor (Álvaro Morte) a cantam antes do assalto.

De repente, a série passou a estar em todo o lado. Em spots publicitários na televisão, em outdoors e em artigos de merchandising que os fãs de tudo o que é cultura popular tanto gostam de colecionar.

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Foi a pensar nisso que André Rito, jornalista e músico de 41 anos, fundou uma empresa dedicada à produção de caixinhas de música de "La Casa de Papel".

À MAGG, André explica que sempre teve uma ligação muito forte com a música. Além de ter crescido rodeado de instrumentos, aprendeu a tocar piano, guitarra e já compôs para peças de teatro e curtas-metragens de amigos.

"Em criança tive uma caixa destas e desmontei-a só para ver como funcionava. Na altura achei, e ainda acho, todo aquele mecanismo fascinante", revela. Mais tarde, já depois de ter formação musical, começou a colecionar caixas de música que ainda hoje guarda com muito carinho.

Apesar de sempre ter tido o sonho de criar as suas próprias caixas de música, André diz que era "daquelas ideias que achamos que nunca vão acontecer." Mas aconteceu em 2018, numa altura em que o jornalismo não o preenchia e que o obrigou a "puxar pela cabeça na tentativa de pensar em possíveis ideias de negócio."

Por gostar da série e ter esta ligação inquebrável com a música, a união das duas áreas fez-lhe sentido. "A cena d'O Professor com o Berlin a cantarem a canção 'Bella Ciao' é talvez uma das melhores cenas de sempre na televisão. Identifiquei-me com aquele momento, com a série e sentei-me ao piano", conta.

Uma caixa de música permite apenas melodias de 18 notas e o desafio era esse: arranjar forma de compor uma nova versão da "Bella Ciao" ao piano que pudesse funcionar no mecanismo. Depois de composta e gravada, André contactou um fornecedor, criou uma página de Facebook e começou a publicitar.

O único requisito que impôs aos fornecedor era que o mecanismo da caixa fosse visível. "Queria que as pessoas vissem como uma coisa tão pequenina e banal era capaz de ser tão especial", revela.

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Quase um ano depois de ter lançado o negócio, André diz que, apesar de enviar as caixas de música para todos os países do mundo, o grosso das vendas é feita em Portugal.

"Em Israel, por exemplo, compram bastantes caixas destas porque a série é muito conhecida lá ao ponto de haver outdoors gigantes em cada esquina", mas também vende muito para a Arábia Saudita e para França.

O preço de cada caixa de música de "La Casa de Papel" é de apenas 9,99€ com um valor fixo de 2,49€ que serve para pagar os portes de envio — e pode encomendá-la através do página oficial de Facebook.

Segundo conta, o objetivo é mais tarde vir a fazer "vários novos produtos de outras séries ou filmes" mas sempre de forma a juntar a área musical por que nutre tanto carinho.

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