O mais recente convidado de "Conta-me", o programa de conversas intimistas da TVI, foi Flávio Furtado. O comentador das galas de"Big Brother Famosos" aceitou o convite de Maria Cerqueira Gomes e a conversa foi exibida na tarde deste sábado, 16 de abril.

Numa conversa pautada pela honestidade, várias vezes com a lágrima no canto do olho, o comentador, que nasceu e cresceu nos Açores, falou de como, desde cedo, sente na pele as saudades e as angústias de quem é "emigrante".

"Quando se fala em emigração, fala-se muito das pessoas que estão nos Estados Unidos, no Canadá ou na Suíça, e as pessoas esquecem-se de que vir do Porto para Lisboa ou, por razões profissionais, teres de te mudar dos Açores para Lisboa faz de ti também um emigrante", começa por explicar.

"Tu estás longe daqueles de quem tu gostas. E das piores decisões que podes ter de fazer na vida é mudar ou sair de ao pé dos teus, daqueles que, na realidade, sabes que gostam de ti sem qualquer tipo de interesse", acrescentou, revelando que pensa constantemente no hipótese de perder os que lhe são mais próximos, em particular os pais, que continuam a viver nos Açores.

"Para mim não é saudável"

"Pela lei natural das coisas, os nossos pais vão primeiro do que nós", explica. "Eu nunca tiro o som do telefone e tenho-o na mesinha de cabeceira ligado, porque eu todos os dias penso na morte". 

Flávio Furtado conta que já sofreu pelo facto de "os seus" permanecerem nos Açores, um sítio para o qual não se pode deslocar de carro.

"Se tu agora recebesses um telefone com uma notícia menos simpática, podemos pagar todas as multas que houver para pagar, mas em hora e meia, com toda a certeza, que te meto no Porto. Se eu receber uma notícia menos positiva, agora, eu não consigo chegar aos Açores (...) a tempo de. Por isso, eu vivo com isso. Não me sai da cabeça", explica. "O que às vezes para mim não é suadável".

O comentador confidencia que já chegou a questionar uma profissional de saúde se devia recorrer a ajuda por "pensar tanto na morte". "Ainda outro dia, com uma psicóloga amiga, que trabalha na TVI, dizia-lhe se ela achava que eu devia recorrer a alguma ajuda por pensar tanto na morte e por pensar no dia da partida dos que me são mais próximos. Mas ela diz que faz parte do percurso", revela.

Flávio explica como começou a carreira de jornalista

O atual comentador das galas do "Big Brother Famosos" recorda a altura em que sonhava deixar a ilha e partir rumo a Lisboa. À data, confessa que era tudo aquilo em que pensava antes de adormecer e ao acordar, mas explica que nem sempre foi tão cor-de-rosa como havia imaginado.

"Sempre gostei muito da área de comunicação, sabia que era aquilo que queria e corri atrás", conta, com a ressalva de que sempre soube que a mudança para capital pressupunha que tivesse de trabalhar e estudar ao mesmo tempo. E foi o que fez.

"Lembro-me de vir de férias para Lisboa, pegar num jornal e perceber que havia uma empresa que estava a precisar de colaboradores. O Colombo ia abrir. Lembro-me de ir à entrevista numa quinta-feira e a senhora diz-me: 'segunda-feira dou-lhe uma resposta'", começa por contar.

"Saio do elevador e recebo um 'pip-pip' no meu telemóvel e era uma mensagem da senhora a dizer 'gostámos de si. Não vamos aguardar (...), queremos que comece a formação na segunda-feira. E imagina o que ser quinta-feira e tu teres de ir para os açores na sexta, dizer aos teus pais, que na altura só tinham um filho, que no fim-de-semana vais para Lisboa e pronto", continua.

Ainda assim, Flávio explica que, com Lisboa, não foi propriamente amor à primeira vista. "Vim, fiz a minha formação e não me habituei. Fiz as malas e voltei para os Açores. E os meus pais disseram: 'não, não vamos passar por isso novamente. Nem desfazes as malas, toma banho, vai dormir e amanhã voltas para o aeroporto".

"O Flávio hoje está cá dentro, mas foi um deles"

O comentar chegou a trabalhar naquele que foi o primeiro solário em Portugal, o local em que arrecadou contactos que lhe foram úteis, mais tarde, enquanto jornalista. Flávio Furtado começou a sua carreira na imprensa através de um estágio na revista "Nova Gente".

"Conheci grandes atriz, atores e artistas do nosso País, porque a maioria ia lá. E fiz bons contactos. Entretanto faço outras coisas pelo meio, mas quando vou estagiar para a 'Nova Gente', levava uma boa rede de contactos. As pessoas conheciam-me e confiavam em mim".

"Enquanto jornalista, não me incompatibilizei com nenhuma pessoa, porque o trabalho que fazia era limpinho. Não fazia o que muitas vezes se faz hoje de acrescentar coisas. Nunca permiti que nenhuma diretora pusesse um título que não fosse escrito por mim ou com o qual não concordasse", conta. Ainda assim, o comentador, que já está na TVI há cerca de 14 anos, admite que, nos primeiros tempos, era tratado de forma diferente por ter sido jornalista.

"No meu início da TVI, [quando] determinadas coisas escapavam para a impresa, muita gente pensava que tinha sido o Flávio: 'o Flávio hoje está cá dentro, mas foi um deles'", confessa. Ainda assim, continua na indústria até à data.

Comentador revela a maior mentira que já leu a seu respeito

Em entrevista a Maria Cerqueira Gomes, Flávio, que chegou a participar no programa "Big Brother", explica que sempre teve noção de que era "uma pessoa apetecível" para os media.

Ainda assim, admite que a "mentira" lhe faz confusão e recorda aquela que considera a maior mentira alguma vez escrita a seu respeito: "descobrimos a irmã secreta que Flávio esconde há 10 anos". Isto, no caso, a respeito da sua afilhada, que, segundo diz, é das pessoas que lhe são mais importantes. Tanto que confessa que, se morresse hoje, "a última coisa que lhe ia custar era deixar os pais e a afilhada".

No entanto, segundo conta, a panóplia de mentiras não fica por aqui. Flávio destaca ainda títulos como "Artur Furtado com a mulher com quem casou depois da mãe de Flávio ter morrido", a respeito dos seus pais, que ainda vivem nos Açores, ou "Tudo sobre a relação de flávio furtado com Carlos Castro". "Não havia necessidade. Era gratuito. Era poucochinho", acrescenta.

"Tens namorado?"

Flávio Furtado tende a manter privada a sua vida pessoal, mas revelou a Maria Cerqueira Gomes que já tem o coração ocupado. "Tens o teu coração preenchido com amigos e família. E amor?" questionou a apresentadora.

"Eu tive as melhores pessoas do mundo e tu perguntas-me assim: ‘Então porque é que se tiveste as melhores pessoas do mundo não continuas com?’. Porque tudo na vida tem um princípio, meio e fim", começou por dizer. Mas Maria Cerqueira Gomes insistiu: "tens namorado nesta altura?"

"Tenho tudo o que é preciso para ser feliz. Tenho uma pessoa que me aceita com o meu mau-feitio, porque sou mais ou menos como o tempo nos Açores, e tenho a família completa", rematou.