Andy Lee nunca planeou entrar no mundo da pornografia gay, mas, quando descobriu que podia ganhar 600 euros à hora, o irlandês de 37 anos não hesitou. Hoje em dia, o protagonista do programa "Dinner with the Enemy" fala abertamente sobre como uma infância marcada pela perda e dificuldades acabou por conduzi-lo ao sucesso.
Aos 12 anos, a vida do criador de conteúdos mudou para sempre. “Acordei e a minha mãe tinha morrido. Ela era tudo para mim, o nosso mundo inteiro", recordou ao "Irish Sun". Depois deste episódio, a família foi separada e ele acabou a viver nas ruas de Dublin. "Havia dias em que saía da escola e ficava horas a falar com ela junto à campa. Aos 15 [anos], já não tinha família – estava sozinho", admitiu.
Três anos depois, usou uma pequena indemnização para começar uma vida nova na Austrália. “Lá, as pessoas viam-me de forma diferente. Não sabiam que eu era aquele miúdo órfão e perdido da Irlanda", explicou, dizendo que, mais tarde, regressou à Europa e começou a trabalhar na construção civil, até que um encontro inesperado no ginásio lhe mudou a vida.
"Um tipo viu-me a sair do duche e disse: ‘Serias milionário com isso [o pénis] que tens’. E não estava errado”, contou. Foi nesse momento, quase por acaso, que a sua vida deu uma reviravolta. O homem que o abordou no ginásio revelou-lhe que trabalhava na indústria pornográfica e que ganhava cerca de 600 euros por hora — uma proposta tentadora para quem andava a sobreviver com pouco.
Curioso e sem grandes alternativas financeiras, Andy Lee decidiu dar a mão à palmatória (e o corpo ao manifesto, vá). Começou a filmar conteúdo adulto e rapidamente percebeu que tinha talento para o negócio. "Era dinheiro fácil e rápido, algo que eu nunca tinha tido. Mas também percebi cedo que o mundo da pornografia é mais duro e complexo do que parece", afiançou.
Durante alguns anos, trabalhou como ator em produções de pornografia gay, apesar de ser heterossexual. Fê-lo de forma profissional, mas garante que nunca o encarou como prazer, mas como trabalho. “Estou nesta indústria para ganhar dinheiro, não para ter sexo. O público quer ver-me a fazer conteúdo gay, e é isso que vende”, confessou.
Ainda assim, consegue reconhecer que nem sempre tomou as melhores decisões (pelo menos, no início). “Cometi muitos erros. Fiz coisas que não queria só pelo dinheiro, e arrependo-me disso. Hoje ensino outras pessoas a fazer as coisas da forma certa — com consentimento, controlo e respeito", afirmou.
Com o tempo, Andy deixou as grandes produções e passou a criar conteúdo de forma independente, através de plataformas como o OnlyFans. O sucesso foi quase imediato. "De repente, tinha milhares de seguidores e mensagens diárias de pessoas a dizer o quanto os inspirava. A maioria eram homens gays, e não percebia porquê, mas deram-me uma nova motivação", admitiu.
Agora, com uma carreira estável e uma legião de fãs, Andy vê o trabalho de forma mais consciente e profissional. "Isto é entretenimento. Trabalhamos com contratos, verificações e consentimento total. E o mais importante é lembrar que o consentimento pode ser dado ou retirado a qualquer momento — mesmo depois de algo estar filmado", rematou.