Passaram 11 anos desde a última reunião como banda e continuam sem conseguir explicar porque "casaram" tão bem. Angélico Vieira, Cifrão (Vitor Fonseca), Edmundo Vieira e Paulo Vintém formaram a inesquecível banda D'Zrt e atuaram juntos em palco pela última vez em 2010.

Alerta, nostalgia: especial "O Reencontro" marca o regresso dos D'Zrt. Saiba quando estreia
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Depois de um período de tempo dedicado às carreiras a solo e no ano que em que se assinalou o décimo aniversário da morte de Angélico, os músicos reuniram-se para uma conversa intimista com Ana Rita Clara num especial da TVI Ficção disponibilizado esta segunda-feira, 20 de dezembro, na TVI Player, e recordaram os tempos em que enchiam as salas de espetáculos do País.

Os D'Zrt marcaram a geração "Morangos com Açúcar" e foi precisamente na série juvenil, em 2004, que tudo começou. Foram "escolhidos para integrar a banda", longe de imaginar o "sucesso" e, segundo Edmundo, sem que essa fosse sequer uma "preocupação". "Limitávamo-nos a usufruir e a divertir-nos com isso, se calhar foi por isso que nos aguentámos tão bem, sem ter aquela pressão do trabalho."

"Quase que não tivemos essa noção da ascensão e do crescimento, porque foi tudo tão fulminante a partir do momento em que a série sai e fizemos o nosso primeiro concerto", explica Vintém, recordando a vida agitada das digressões, o acordar cedo e as muitas horas de trabalho.

Na sua perspetiva, na altura, "as coisas viviam-se com muito mais intensidade" e foi isso, a "entrega" da banda e dos fãs e o caráter "espontâneo e inesperado" que tornaram o percurso musical "tão genuíno".

Vintém assegura que "era muito fácil" estarem os quatro juntos em palco. Cifrão confirma, mencionando a "confiança cega" que sentiam uns nos outros e que fez com que se tornassem "irmãos". "Seres D'Zrt também é isso, é fazeres parte de uma família que nunca acaba. (...) Seres alguma coisa de bom na vida das outras pessoas é incrível e acho que é isso que nós representámos para o nosso País."

Facto é que a boys band foi um sucesso a nível nacional e, ao longo de seis anos, lançaram três álbuns, lideraram as rádios portuguesas, atingiram números recorde e receberam vários galardões de platina. "Misturar estilos diferentes" foi o que os diferenciou. "Tivemos uma ligação tão grande e tão simples, porque todos nós deixávamos que a origem e os gostos pessoais de um e de outro entrassem na mesma música", esclarece o bailarino.

Quando Angélico morreu, era "impossível continuar" com os D'Zrt

Cifrão era "muito rigoroso com os horários" e sempre o primeiro a chegar. Já Angélico, era quem demorava mais tempo a preparar-se antes dos concertos. "Nunca tivemos guerras entre nós, nunca tivemos chatices entre nós, até mesmo as nossas diferenças foram bem aceites", conta Edmundo, apelidado de o "mais baldas" pelos companheiros.

Em conversa com Ana Rita Clara, na emissão especial da TVI Ficção, recordam a morte de Angélico Vieira, a 28 de junho de 2011, na sequência de um acidente de viação, e contam como encaram a situação.

Edmundo começa por explicar que, nesse dia, iam participar num programa na estação de Queluz de Baixo, no âmbito da série "Morangos com Açúcar". Assim, partiu do Algarve (onde residia) em direção a Lisboa, por volta das 5 horas da manhã e já tinha mensagens a dar a notícia. "Não liguei. Achei que não tinha o peso que se veio a verificar ter." O seu pensamento foi sempre de que "ia ficar tudo bem", dado que, segundo revelou, Angélico já tinha tido "vários acidentes".

Vintém soube do acidente poucas horas depois de ter acontecido, através de um telefonema de Rita Pereira. Ainda assim, participaram no programa e substituíram o amigo, "não sabendo ainda a gravidade" da situação. Ao longo do dia, a notícia foi-se atualizando e os acontecimentos pareceram-lhe de "um filme".

"Sabíamos que ele tinha tido um acidente, sabíamos que ele estava a ir para o hospital, mas nenhum de nós soube a gravidade", relembrou Cifrão. Quando souberam, a atitude foi de "dar suporte" a Filomena, mãe de Angélico. "Tínhamos perdido um irmão, mas havia alguém que tinha acabado de perder um filho e é impossível nós equipararmos alguma coisa a isso."

Apesar de já terem anunciado a separação da banda no ano anterior, o dia da morte de Angélico assinalou, definitivamente, o fim. "Sentimos mesmo que naquele momento, os D'Zrt tinham acabado, porque os D'Zrt não éramos nós individualmente. Cada um de nós tinha o peso repartido na banda e era impossível nós continuarmos qualquer tipo de coisa enquanto D'Zrt a partir daquele momento. (...) Para nós, deixou mesmo de fazer sentido continuarmos com o projeto, porque ele [Angélico] era uma das peças chave", afirma Vintém.

A morte de Angélico fez com que entrasse em "choque" e esteve "um ano e meio sem conseguir pegar numa guitarra". Dez anos depois, fala em "sinais" de que se foi apercebendo ao longo do tempo, que confirmam que o amigo está e estará "muito presente".

Vintém não tem dúvidas que, se Angélico estivesse vivo, "estaria muito longe" na carreira e teriam feito "muita coisa juntos" e "em separado". Cifrão acrescenta que, em 2011, o artista estava a "preparar muita coisa fora do País", nomeadamente "uma carreira internacional". Hoje, Angélico continua a ser tema de conversa e dele guarda um grande ensinamento: "aproveitar todos os momentos". "Ele viveu uma vida de 80 anos num curto espaço de tempo."

É unânime entre os membros da banda que, até agora, não tinha feito "sentido" reunirem-se. Questionados sobre o que, eventualmente, poderia motivar um regresso da banda, Cifrão menciona as "saudades" e Vintém "as pessoas" que acompanharam o percurso dos D'Zrt.  "Verão Azul", "Querer Voltar" e "Para Mim Tanto me Faz" são as músicas preferidas de Vintém, Edmundo e Cifrão, respetivamente, ainda que também sintam um carinho especial por "Feeling".

Patrícia Tavares, Rita Pereira, Tiago Castro (que interpretava a personagem Crómio, em "Morangos com Açúcar") também participam na emissão especial da TVI Ficção para contar algumas histórias marcantes. Patrícia recordou que "Mecânica" era o nome inicialmente escolhido para a banda. Os músicos não estavam satisfeitos, pediram-lhe ajuda e "D'Zrt" surgiu no dia da gravação do episódio de revelação do nome: David, Zé Milho, Ruca e Tó Pê eram as personagens de Angélico, Cifrão, Edmundo e Vintém, respetivamente, na série da TVI e foi a partir das suas iniciais que a ideia nasceu. "Percebi que aquilo dava para escrever D'zrt. 'Dessert' é sobremesa em inglês e sobremesa podem ser 'Morangos com Açúcar", contou a atriz, agradecendo por "fazer parte da história".

"D'Zrt — O Reencontro" é a entrevista conduzida por Ana Rita Clara, já disponível no TVI Player e com estreia marcada na TVI Ficção para 24 de dezembro. No Dia de Natal, 25, o canal temático transmite o último concerto antes das carreiras a solo e dá início a uma emissão especial que vai decorrer nos meses de janeiro e fevereiro. Neste espetáculo, Cifrão corta a crista, imagem de marca na altura e, para Edmundo Viera, foi o sinal de que "os D'Zrt acabaram ali".

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