Não há macacões vermelhos, máscaras de Dalí ou esquemas bem engendrados para levar a cabo o maior assalto de sempre à Casa da Moeda espanhola. É possível que em "La Catedral del Mar", a nova série espanhola da Netflix, não haja o mesmo nível de ação que em "La Casa de Papel", mas a verdade é que a plataforma de streaming está a apostar todas as suas fichas na nova produção espanhola naquela que é uma tentativa clara de chegar a novos mercados e novos tipos de público.
O nome da série começou a ser avançado aquando do sucesso de "La Casa de Papel", que levou os cidadãos do Brasil a usar os macacões e as máscaras das personagens nas celebrações do carnaval. Na altura, o jornal "El País" escreveu que devido ao sucesso inesperado da série, eram já várias as produtoras espanholas que olhavam para as plataformas de streaming como "potenciais aliadas na disseminação de conteúdo" para novos mercados e a verdade é que, ainda não tinham sido concluídas as gravações de "La Catedral del Mar" e já a Netflix tinha adquirido os direitos. A ideia era clara: a produção dramática iria fazer parte de um catálogo cada vez mais composto.
O momento chegou e apesar de ainda ser muito cedo para perceber qual o alcance que a nova série vai ter no mundo, as expetativas estão muito elevadas — até porque foi uma série que sempre se manteve consistente enquanto esteve em emissão na Antena 3, o canal espanhol.
Os oito episódios chegam já no sábado, 1 de setembro, aos smartphones, tablets e televisões de todos os subscritores dos serviço. E a MAGG conta-lhe um bocadinho do que pode esperar.
Qual é a história?
"La Catedral del Mar" passa-se no século XIV em que a personagem principal é um simples camponês que vê o seu pai ser morto por um poderoso e vingativo senhor feudal. Arnay Estanyol (Aitor Luna), determinado em vingar-se da vida que foi obrigado a levar, é obrigado a trabalhar na construção de uma igreja chamada Santa María de la Mar. Mas nem por isso esquece o desejo de vingança e de se libertar do controlo e domínio do reino.
Tanto o é que acaba mesmo por ser bem sucedido e enriquece, despertando a inveja de grande parte da nobreza e a suspeição da Inquisição espanhola que oferecerá muita resistência à personagem principal. Mas antes disso há também uma história de amor, como não poderia deixar de ser, e uma batalha implacável que coloca em risco a vida de todo os envolvidos, e em especial de Arnay. No fundo, a série conta uma história de sobrevivência onde além de intriga política, o reino deverá ainda sujeitar-se à influência da igreja — fatores que levaram a crítica a comparar a nova produção a uma outra de maior dimensão e num espetro totalmente diferente a nível de género, "A Guerra dos Tronos".
Há planos para uma segunda temporada?
"La Catedral del Mar" foi talvez uma das produções mais difíceis de realizar em Espanha. Além dos 170 atores do elenco e dos mais de 3500 figurantes precisos para as cenas, foi ainda necessário recriar, com recurso a efeitos especiais, grande parte da igreja de Santa María. Fora as duas grandes batalhas que encareceram uma série cujo orçamento não podia nunca chegar ao das grandes produções da HBO, por exemplo.
Por todos estes problemas que só ficaram resolvidos com a entrada da Netflix em ação, que depois financiou grande parte do projeto com a condição de o poder disponibilizar no seu serviço, é difícil especular se haverá ou não uma segunda temporada de novos episódios. E vai depender muito da adesão dos fãs à série que terminou de forma coerente e em concordância com a história que começou a ser contada desde o primeiro episódio.
No entanto, e olhando para o que aconteceu com "La Casa de Papel", que também teve um final fechado e que não deixava margens para dúvida de que a série tinha chegado ao fim naquele momento, tudo pode mudar consoante a adesão do público a "La Catedral del Mar". Sabe-se, no entanto, que a existir uma segunda temporada, esta será baseada em conteúdo original — ao contrário da primeira, que se baseou no livro com o mesmo nome, do escritor Ildefonso Falcones, lançado em 2006.
Em entrevista ao jornal "El País", o escritor elogiou o trabalho de adaptação dos produtores referindo que não teria sido possível uma outra adaptação com o mesmo grau de lealdade pelo trabalho original. "O livro é muito cinematográfico e a série é muito leal a essa caraterística muito forte. Quando queres adaptar 'La Catedral del Mar', o sucesso decorre do facto de não se andar a medir egos para ver quem faz melhor — precisamente porque vão contar uma história que as pessoas já leram antes."