A propósito do 29º aniversário da TVI, Mário Ferreira foi o convidado do "Conta-me" deste sábado, 19 de fevereiro. Entrevistado por Cristina Ferreira, o empresário de 54 anos contou como é que, em três décadas, passou de trabalhar em navios de cruzeiro a ter um império, com um total de 40 empresas.
Recordou a infância em Matosinhos e o empreendedorismo, herdado do avô paterno, que começou desde cedo, na escola, quando organizava as visitas de estudo da escola. Aos 16 anos, mudou-se para Londres, contra a vontade do pai. Estudou e, ao mesmo tempo, trabalhou como empregado de mesa. Aos 20 anos começou a trabalhar em navios de recreio, área onde viria a construir o verdadeiro império, a Douro Azul.
Aos 25 anos regressou a Portugal e deu o pontapé de saída nos negócios com a compra de um restaurante e, seis meses depois, o primeiro barco, "uma carcaça toda velha", que foi depois totalmente restaurante.
Além de se tornar conhecido da opinião pública graças à Douro Azul, Mário Ferreira fez também parte do programa da SIC "Shark Tank", que dava a oportunidade a empreendedores de apresentarem as suas ideias de negócio. Uma cultura que, diz Mário Ferreira, não existe em Portugal. "A atualidade é difícil para os empreendedores portugueses, fruto desta situação que Portugal passou, com a Troika, com os bancos, com estas historias que se vê todos os dias da ligação da banca a determinados empresários que estavam ali próximos daqueles poderes. Isso dá uma imagem negativa e alguns, se calhar, para tentar diluir alguns desses boatos, tentam meter tudo no mesmo pote e é complicado", reflete.
O agora acionista maioritário e presidente do Grupo Media Capital (foi eleito em novembro de 2020) admite que que o processo de aquisição do grupo de media "foi muito difícil". No entanto, afirma estar satisfeito com o momento que a empresa está a atravessar... apesar de lançar um aviso no que toca aos resultados das audiências.
"Estamos, todos os acionistas que entraram, muito contentes. Acho que você também está. Estamos a fazer o nosso caminho. Nota-se alguma dificuldade nesta transição final, de dias como o de ontem [referindo-se a domingo, 13 de fevereiro, em que a SIC bateu a TVI por 0,8pp], em que o prime time arrasou por completo mas quando parece que se sabe que vamos ter uma noite fantástica, o dia por misericórdia é sempre mais fraco e ficamos ali sempre taco a taco com a concorrência. São coisas que não têm explicação e que no futuro verão a luz do dia", afirma o empresário.
"Ter muito dinheiro também quer dizer que se pode perder muito"
Casado há 15 anos com a jurista Paula Paz Dias, com quem tem duas filhas em comum, Carlota, de 15 anos e Catarina, de 11. O empresário portuense é ainda pai de Íris, de 28 anos e Mário, de 20, fruto de um anterior casamento.
"A Paula completa aquela parte que eu não tenho, aquela organização e disciplina que ela tem. Sou muito mais à vontade, sou capaz de fazer um negócio com um passou-bem e está feito, e confio em toda a gente e acho que toda a gente é certinha e honesta como eu. E nem sempre é assim. Por isso é importante ter alguém que nos avisa e que nos traz à realidade às vezes de riscos desnecessários que eu corro, e corri, em determinados contratos", confessa Mário Ferreira.
Desporto, caça e cozinha são alguns dos hobbies do homem forte do grupo Media Capital, bem como ler "coisas técnicas, livros sobre sucessos de gestão, técnicas de marketing". "Gosto de caçar e só caço coisas que sei cozinhar, ou é perdiz ou é javali. Por isso quando volto da caça às perdizes organizo um grande jantar com todos os nossos amigos caçadores", conta.
Questionado sobre se "ter muito dinheiro faz diferença na vida", Mário Ferreira diz que "não é o dinheiro que traz felicidade". "O ter muito também quer dizer que se pode perder muito. 100 milhões menos 100 milhões continua a ser zero. Por isso não é isso que faz a diferença. O que faz a diferença é que as pessoas se possam organizar, planear e ter o nível de vida adequado àquelas que são as suas possibilidades".