Foi uma das galas mais intensas e surpreendentes desde que começou o “BB2020”, com muitas reviravoltas, tensão, lágrimas, revelações e decisões inesperadas. Um bom programa de televisão faz-se de quase todas estas coisas, por isso, a fórmula de sucesso estava toda ali. Houve muitos pontos altos — não necessariamente pelos melhores motivos — como as ofensas de mãe de Sónia à concorrente Noélia, o assumir do nascimento de algo mais do que uma amizade entre Diogo e Ana Catharina, a expulsão surpreendente de Daniel Monteiro — e outros menos bons, como a reação da família de Teresa à revelação íntima que fez dentro da casa ou o choradinho continuado de Jéssica, que já só é maçador. Mas vamos lá aos momentos bons e maus da gala deste domingo, 28 de junho.
Os melhores momentos
A velocidade com que o “Big Brother” despachou Sónia
Era uma dúvida que andava a ser alimentada ao longo da semana, e que muita gente estava curiosa para ver como iria ser o seu desfecho. Desde que lhe foi retirada a liderança que Sónia andava a dizer que este domingo iria sair da casa, e o Big Brother não quis demorar-se muito tempo com isto. Logo no início do programa, chamou a concorrente e disse-lhe: “Sónia, quer sair da minha casa?”. A concorrente disse que sim, e o Big Brother nem hesitou: “Então vá buscar a sua mala e saia da minha casa”. E assim foi. Temia-se mais uma noite de choradinho, de sai não sai, de “ai as minhas filhas, ai o meu Vitó”, mas não. Foi a andar, e a andar rápido, como se queria.
A nova Ana Catharina
Ana Catharina mudou, e mudou para melhor. A concorrente brasileira, que até há duas ou três semanas mostrara quase sempre ser demasiado séria, demasiado politicamente correta, demasiado focada num jogo ligado unicamente a causas, relaxou. E ter relaxado fez-lhe bem. Nos últimos tempos, e também na gala de domingo, Ana Catharina esteve muito mais solta, brincalhona, divertida, e até abandonou o seu mantra de não votar unicamente em homens. Com apenas dois elegíveis para votação, escolheu Jéssica como a sua primeira eleita para ser nomeada.
No confessionário, também vimos uma nova Ana Catharina, risonha, a falar abertamente, e sem rodeios (viste como é, Yuri?) sobre a sua relação com Diogo. Admitiu que tem interesse em ter uma relação com Diogo, mas não necessariamente durante o programa. “Eu quero é o Diogo lá fora, agora aqui…”, disse. É assim que as pessoas adultas e civilizadas fazem. Palmas, de pé.
A expulsão de Daniel Monteiro
Pouca gente esperaria esta decisão, que acabou mesmo por ser a mais surpreendente da noite. Depois de na semana passada, Jéssica e Pedro terem sido nomeados diretamente pelo público (ou seja, seriam os concorrentes de que o público menos gosta), seguramente que pouca gente estaria à espera de que, este domingo, fosse Daniel Monteiro a sair. Mas saiu e saiu bem.
O bombeiro, que nas primeiras semanas de jogo, muito acicatado pelo líder Pedro Soá, mostrou ser um cão de fila do chefe, sempre obediente e pronto a atacar, deixou-se depois apaixonar por Yuri e ficou perdido no jogo. Nas últimas semanas, não trouxe nada de relevante ao programa. Deixou de ser um concorrente tão conflituoso, mas perdeu personalidade, já que passava os dias atrás da mulher que já diz amar. Não havia momento em que as câmaras apanhassem Yuri e que não se visse Daniel ao lado. A coisa estava a entrar já no campo do enjoativo, ainda mais porque a concorrente continuava com a ladaínha do “somos só amigos”, quando não eram, eram apenas um casal que não se beija na boca.
Pelo meio, Daniel Monteiro ainda foi tendo tempo para mostrar o seu temperamento agressivo, como naquela discussão em que mandou calar Noélia e começou com aquela coisa irritante do “fala para a parede”, “fala para a câmara”, “só sabes falar nas costas” (ah! ah! ah!, um kamikaze a dizer que outro concorrente qualquer só sabe falar nas costas! ah! ah! ah!).
Foi expulso, bem expulso, e o jogo só ganha em ter menos um concorrente chato e em ter uma concorrente que pode renascer, Yuri, desde que não se ponha com a ladainha de que quer sair.
Liderança de Diogo
Finalmente, Diogo conseguiu ser líder da casa. Já tinha dividido uma liderança com Pedro Soá (ninguém merece) na primeira semana, mas é a primeira vez que terá a oportunidade de ser líder sozinho. O concorrente ganhou uma prova de destreza mental (que surpresa), e tornou-se líder. Ficou visivelmente radiante com a oportunidade, que lhe vale pelo menos mais duas semanas dentro da casa, já que não pôde ser nomeado.
Outro grande momento foi quando foi, pela primeira vez, ao confessionário falar com Cláudio Ramos. Estava tão feliz que até cantou um fado para falar da sua relação com Ana Catharina. Foi bonito, elevado, e mostrou porque é que Diogo é diferente de todos os outros.
Os piores momentos
Nomeação de Daniel Guerreiro a Noélia
Daniel Guerreiro tem-se revelado, com o tempo, um concorrente esguio e nem sempre totalmente verdadeiro nas suas ações e intenções. É, talvez a par de Teresa, o que mais vive o concurso como um jogo, o que mais pensa nas suas ações, o que mais age com segundas intenções. Será, de todos, o menos “genuíno”, palavra muito querida pelos concorrentes da casa.
Sobretudo no último mês, Daniel Guerreiro tem-se mostrado muito mais próximo de todos os concorrentes, inclusive aqueles com que aparentemente tem pouco que ver (como Pedro Alves, Sónia, Jéssica ou Daniel Monteiro), sempre com aquele tratamento demasiado condescendente do “minha querida”, “meu amor”, que vai alternando com o guna “mano”. Esta aproximação pareceu muito mais uma forma de tentar fugir a nomeações do que um interesse real nestas pessoas.
A relação com Soraia, o comportamento esquivo, sempre condescendente, a deixar a rapariga andar quase a rastejar atrás dele, tratando-a até com algum desprezo não tem abonado a favor de Guerreiro. O concorrente, cada vez mais, mostra-se muito forte perante concorrentes fracos, que não o enfrentam (como Soraia ou Noélia) e muito fraco com concorrentes fortes e agressivos (como Daniel Monteiro ou Pedro Alves).
Esta semana, este comportamento foi evidente no jogo de abertura do Big Brother. Daniel ganhou a possibilidade de nomear diretamente um concorrente para a semana seguinte e optou por nomear Noélia. O argumento foi o de que Noélia “iria ser sempre nomeada”, e, assim, os concorrentes teriam oportunidade “de nomear outros concorrentes”. Não faz sentido. Não faz sentido porque se Daniel queria mesmo nomear outros concorrentes, e levá-los a votação, era simples: era só atribuir a nomeação direta a outros concorrentes, e não àquela que, semanalmente, já é nomeada por quase todos. Foi jogo, mas foi um jogo mau e sem sentido.
A gritaria, agressividade e discurso de ódio da mãe de Sónia
Foi o momento mais tenso da gala, e também o que gerou mais vergonha alheia. A mãe de Sónia, Esperança, pegou no microfone e, em conversa com Cláudio Ramos, mostrou de onde é que vem a agressividade que a filha mostrou na discussão com Noélia. Esperança começou por dizer que não admitia que Noélia falasse das suas netas. Cláudio Ramos ainda lhe tentou explicar que Noélia nunca falou das suas netas, mas Esperança usou a arma que, pelo que se viu, ensinou a Sónia: quando estiveres a discutir, grita por cima do outro, e sempre que ele te quiser contrariar, grita ainda mais, porque assim ele não consegue falar e tu ganhas a discussão. E foi isto que aconteceu.
O apresentador bem tentava contra-argumentar de forma civilizada, mas sempre que isso acontecia Esperança berrava mais alto e insistia em ideias quase sempre erradas e falsas para defender a filha. O momento mais vergonhoso foi mesmo quando usou a morte do pai de Noélia para a atacar. “Se o meu pai tivesse morrido há duas semanas eu também não entrava num programa”, disse. Isto, porque na cabeça de Esperança, Noélia disse que Sónia tinha deixado as filhas “a passar fome” (coisa que nunca disse).
Incapacidade da produção de sustentar as discussões com imagens
Numa discussão como a que Cláudio Ramos teve com a mãe de Sónia era imperativo que a TVI tivesse imagens que provassem que a mãe da concorrente estava a criar uma narrativa assente em premissas falsas. Mas não o fez. Cláudio Ramos teve de estar quase numa de “é a sua palavra contra a minha”, quando não tinha de ser assim, já que existem imagens que provam que a mãe da concorrente não está a entender o que Noélia disse. E é simples recordar. Quando Noélia estava a conversar com Sónia, no diálogo que deu origem a toda a confusão dentro da casa, a concorrente do Algarve nunca criticou diretamente Sónia nem as suas filhas. O que disse foi que se ela, Noélia, tivesse filhos, por decisão dela, provavelmente não entraria no programa. Noélia falou sobre ela, uma escolha sua, nunca apontou o dedo a Sónia por o estar a fazer. E quando falou de “passar fome”, também não o fez para falar de Sónia ou das filhas. Noélia disse que se sentiu à vontade para entrar no programa porque não deixou ninguém lá fora “a passar fome”, como quem diz, “está tudo bem com as minhas pessoas”. Sónia é que levou a expressão a peito e saiu-se com um “nem eu”. E a conversa terminou aí. A leitura de que Noélia acusou Sónia de ter deixado as filhas a passar fome é abusiva e sem sentido. Mostrar estas imagens teria poupado muito trabalho a Cláudio Ramos e teria acabado com a dúvida na cabeça de muitas pessoas que não viram ou já não se recordam desta conversa.
Choradinho de Jéssica
Já não se aguenta. O País esperava em peso que Jéssica abandonasse a casa no decorrer desta gala, mas não foi isso que aconteceu. A concorrente foi salva, Pedro Alves escapou-se à expulsão por muito pouco e Jéssica optou por não sair. Mas não garantiu que ficasse a semana toda. “Não saio hoje, mas posso sair durante a semana”, avisou.
Quando a gala acabou, Pedro Alves foi-se deitar na cama e Jéssica foi deitar-se sozinha num sofá da sala, isolada de toda a gente, a comer pipocas. Se é para ser assim, uma concorrente que anda pelos cantos sozinho, a chorar e a dizer que quer sair, então o que é que anda lá a fazer? Por falar em Pipoca, a comentadora do programa, Ana Garcia Martins, explicou bem a situação já a terminar a gala, quando disse que “Jéssica passa o tempo com cara de frete”, como se “estivesse a fazer um favor aos portugueses” por continuar na casa. Não está. Não quer estar no programa, é sair, por isso quando sair já sairá tarde.
Reação de Yuri à saída de Monteiro
A única atriz da casa é Ana Catharina. Yuri não tem jeito para teatro, e percebeu-se com a sua reação à saída de Daniel Monteiro. A concorrente ainda simulou um choro, uma tristeza sem fim, foi abraçada por todos, mas foi quando foi ao confessionário que se percebeu melhor que, afinal, Yuri não ficou assim tão abalada com a expulsão do bombeiro. A concorrente bem fazia cara de choro, mas nada de lágrimas, tudo muito fingido.
Voto de Jéssica em Soraia
Há duas semanas, Jéssica disse, em conversa com os outros concorrentes, que gostava que fosse Soraia a ganhar o programa, porque passava muitas dificuldades financeiras. Sónia, que também não é rica, não gostou de ver a amiga a desejar a vitória a uma concorrente de fora do ciclo de amizade delas e mostrou a sua indignação. Nessa semana, nenhuma delas votou em Soraia. Mas pelos vistos a consternação pela situação económica de Soraia só durou uma semana. Nesta gala, para proteger os amigos, Jéssica não teve qualquer problema em voltar a nomear Soraia, que ficou nomeada e arrisca expulsão.
Jogo da Teresa
Teresa fez ontem o seu jogo da vida e, em lágrimas, recordou um trauma de infância, que meteu uma tentativa de violação, que quase resultou em homicídio. O caso deixou os outros concorrentes e seguramente muitos telespetadores sensibilizados, mas não deixou o marido de Teresa propriamente contente. A história, demasiado íntima, era apenas do conhecimento de três pessoas no ciclo próximo de Teresa e o marido, Jorge, não gostou que ela a tivesse partilhado perante milhões de pessoas. “Se me perguntassem, eu diria que preferia que ela não tivesse falado disto”, disse. O que passou foi que Teresa usou a história como estratégia de humanização e vitimização para a capitalizar em votos. Não fica bem.