António Bravo e Bruno d'Almeida já são finalistas do "Big Brother". "É uma final de manas", brincou o lisboeta, no final da gala deste domingo, 19 de dezembro — termo que tem sido utilizado pelos concorrentes em questão para apelidar a sua relação de amizade.

"Não, não é. É uma final de duas pessoas que estão a concorrer a um programa de televisão. Não se ponham vocês num gueto que não gostam que as outras pessoas vos coloquem", respondeu Cláudio Ramos, em direto. Bruno e António mostraram-se divertidos, em clima de brincadeira, mas Manuel Luís Goucha sentiu necessidade de intervir: "Nós os quatro somos homens. E não deixamos de ser homens".

"Big Brother". Saiba quem são os nomeados e quem já está na final
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Na sequência destas afirmações dos apresentadores do formato, na manhã de segunda-feira, 20, começaram a surgir acusações de "homofobia" nas redes sociais. O influencer Francisco Soares, conhecido por Kiko is Hot no mundo digital, partilhou o vídeo da parte final da gala do "Big Brother", no Instagram. "A maior prisão de todas é daqueles que nem sabem que estão presos. uma oportunidade que passa ao lado, mais uma vez, de sentir qualquer tipo de orgulho por termos dois apresentadores homossexuais em prime time, porque? Porque a maior homofobia e preconceito vem, infelizmente, deles", lê-se na legenda.

Na caixa de comentários, Rita Ferro Rodrigues manifestou-se, referindo-se a "homofobia internalizada" e revelando-se "zero surpresa" com as palavras de Cláudio Ramos e Manuel Luís Goucha. "Infelizmente, ambos muito longe de perceber a gravidade do que disseram", escreveu. "Sim, existem gays machistas. Reparem que os miúdos tratarem-se por 'manas' é altamente ofensivo para estes dois apresentadores que fazem questão de afirmar 'somos homens'. Porque já se sabe, as mulheres são frágeis, são menores. É muito difícil perceber e desconstruir a quantidade de preconceitos fossilizada numa atitude aparentemente inofensiva. Não é", acrescentou, ressalvando "nada contra as pessoas em causa" — que, no seu entender, pela exposição mediática inerente à profissão, correspondem a um "reflexo alargado" de muitas pessoas.

A partir desta observação, as opiniões dividiram-se, sendo a maioria em concordância com a apresentadora, evidenciando "espanto" por "este tipo de coisas continuar acontecer em televisão nacional". Por outro lado, há quem considere que "remeter ao machismo não faz sentido", ironizando, até, que "tudo agora é homofóbico".

Há alguns dias, Bruno explicou, na casa do "Big Brother", que não se considera, "exatamente um homem", definindo-se como "não binário", isto é, alguém que não é estritamente do sexo feminino, nem do sexo masculino. Esta confissão do concorrente foi mencionada num comentário o que, aos olhos de Rita Ferro Rodrigues — que assumiu não acompanhar o programa da TVI — torna a situação "ainda mais lamentável".

No mesmo vídeo, Sónia Tavares também deu a sua opinião: "'Manas? Isso é coisa de gaja , que nojo!!! Nós somos homens.' Por mais voltas que se dê, vamos sempre parar ao mesmo. Homens ou mulheres, o problema está mesmo na pequenez da condição humana".

A MAGG entrou em contacto com a TVI e os apresentadores, mas não obteve quaisquer respostas. O assunto foi, também, discutido no Twitter e "Goucha" está nas tendências da rede social em Portugal. "Concorrentes foram sancionados e alguns expulsos por dizerem coisas menos graves do que isto. Tenho nojo. Vergonha." e "O Cláudio e o Goucha são gays conservadores com atitudes homofóbicas. (...) Eles não representam a comunidade LGBT" são algumas das críticas lançadas aos apresentadores.

Apesar de muitos dos tweets serem a recriminar Cláudio Ramos e Manuel Luís Goucha, há quem não veja maldade nas afirmações proferidas no final da última gala do "Big Brother". "A pergunta é honesta, não percebi", "achei muito bem o que o Cláudio disse (...) São dois concorrentes que tiveram direito a passaporte simplesmente, homo, hetero, feio, bonito, é irrelevante" são exemplos.