
A Netflix voltou a atacar com uma minissérie cujo único objetivo era conquistar o público - e, claro, conseguiu, uma vez que “Zero Day” já se encontra no primeiro lugar das séries mais vistas da plataforma de streaming dias depois do seu lançamento, a 20 de fevereiro. Protagonizada por Robert De Niro, sendo esta a sua estreia no que toca a fazer séries, a produção conta com um elenco de luxo e uma história inquietante, que promete deixar todos os subscritores agarrados ao ecrã.
“Zero Day” segue o ex-presidente dos EUA, George Mullen (Robert De Niro), depois de este ser convocado para liderar uma comissão especial, criada depois de um devastador ataque cibernético. Acontece que o país foi alvo de um “Zero Day” que paralisou toda a sua infraestrutura, desde semáforos hackeados a telemóveis com mensagens suspeitas, provocando o caos e a morte de milhares de civis. Criada pela atual presidente com o objetivo de descobrir quem está por detrás do ataque, esta comissão vai investigar meticulosamente os factos, não deixando escapar qualquer pormenor.
No entanto, George Mullen vê-se envolvido numa complexa teia de mentiras e conspirações, ao mesmo tempo que a sua própria saúde não se encontra nos melhores dias. A desinformação, as fragilidades das infraestruturas e os desafios da liderança de um país são alguns dos temas centrais, que colocam o ator Robert De Niro no centro da equação, e que questionam até que ponto é que podemos sacrificar os nossos direitos pelo bem comum. Mas se com estas explicações ainda está com dúvidas, estes quatro motivos para ver “Zero Day” vão esclarecer tudo.
Um elenco que promete quebrar fronteiras
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Já falámos de Robert De Niro como o ex-presidente dos EUA, mas para ser ex é porque alguém está agora no seu lugar - e é nada mais nada menos que Angela Bassett, conhecida pelos seus papéis em “Do With It”, “Black Panther” e “9-1-1”. A atriz e cantora norte-americana de 66 anos interpreta Evelyn Mitchell, a nova presidente do país, quebrando assim uma barreira naquilo normalmente visto nas séries: não é um homem branco que faz de presidente, e sim uma mulher negra.
Do elenco também fazem parte outros nomes bastante conhecidos pelo público, como Jesse Plemons (como Roger Carlson, assessor de confiança de Mullen), Lizzy Caplan (como Alexandra Mullen, filha de George Mullen que faz parte do congresso), Joan Allen (como Sheila Mullen, mulher de George Mullen), Connie Britton (como Valerie Whitesell, ex-chefe de gabinete de Mullen), Matthew Modine (como Richard Dreyer, presidente da câmara) e Dan Stevens (como Evan Green, influenciador mediático que vai infernizar a vida do ex-presidente).
Não é baseado em factos reais, mas pode muito bem acontecer
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“Zero Day” não é, de facto, baseado em factos reais, e sim nas situações que podem fazer com que isso realmente aconteça. “Dia Zero”, em português, é o termo utilizado quando ocorre uma vulnerabilidade desconhecida e desprotegida de um software, de acordo com o site “Check Point Software”, existindo a possibilidade de o ataque ser impossível de detetar, e a série explora isso mesmo.
Segundo a Netflix, Eric Newman, Noah Oppenheim e Michael S. Schmidt, os criadores da série, pediram ajuda a vários especialistas, como Clint Watts, ex-agente do FBI especializado em cibersegurança, e Eric Schultz, ex-porta-voz adjunto da Casa Branca durante a administração de Barack Obama, para conseguirem ter todos os pontos de vista na realização da série. A realizadora Leslie Linka Glatter também se baseou em materiais de livros que espelham a realidade deste ataque, como “Countdown to Zero Day: Stuxnet and the Launch of the World’s First Digital Weapon”, de Kim Zetter, para conseguir detalhar na perfeição aquilo que queria transmitir na produção.
No entanto, não é por não ter sido baseado em factos reais que este ataque não pode ser real. A verdade é que, de acordo com alguns especialistas, nomeadamente o criador da série Michael S. Schmidt, jornalista norte-americano que ganhou um Prémio Pulitzer, a ameaça existe mesmo, e há que ter cada vez mais atenção a isso. "Ao longo dos anos, o governo tem vindo a alertar sobre a possibilidade de um ciberataque catastrófico", disse. “O 11 de setembro cibernético e o Pearl Harbor cibernético são conceitos que, quando responsáveis pela aplicação da lei vão testemunhar perante o Congresso, dizem: ‘Olhem, isto afinal é um potencial problema real’”, acrescentou.
A comissão especial é realmente criada
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Outro assunto que também é real é a comissão especial organizada na série para travar o ataque, uma vez que o governo dos EUA faz mesmo isso acontecer quando existem ataques cibernéticos. Quem o diz é Eric Schultz, o ex-porta-voz adjunto da Casa Branca contactado pelos criadores de “Zero Day”, explicando ainda que a rapidez sentida na série para a criação desta equipa acontece também na vida real. Ou seja, quando há situações em que as decisões têm de ser tomadas de forma rápida e sucinta, o governo arranja forma de o conseguir fazer.
“O governo tem verbas reservadas para emergências e pode agir rapidamente quando necessário”, disse o ex-porta-voz, citado pelo “Tudum”. “Penso que [a série] reflete com precisão o facto de que, se o Congresso e o presidente o quiserem avançar, podem fazê-lo. Por muito lento que o governo federal possa ser por vezes, dada a burocracia, há momentos em que podemos ser rápidos e ágeis. Penso que é perfeitamente possível criar uma comissão de dia zero, dando-lhe os recursos de que necessita”, acrescentou.
Os temas explorados são (bastante) importantes
Além dos pontos acima já mencionados para lhe explicar o porquê de ter mesmo de ver esta série, a verdade é que há um ponto muito importante que merece ser aprofundado: os temas explorados em “Zero Day” - e sim, sabemos que já os abordámos várias vezes ao longo deste texto, mas como é que eles realmente se desdobram na série? A verdade é que a nova produção da Netflix debruça-se sobre assuntos importantes relacionados com a tecnologia que muita gente desconhece, fazendo com que seja também um abre-olhos para todos os telespectadores.
Os ataques cibernéticos são, claro, o cerne da questão. Na série consegue-se perceber de que forma é que “a digitalização das infraestruturas nacionais pode tornar as sociedades vulneráveis a invasões cibernéticas”, como explica o site “Mix Vale”, causando assim catástrofes a nível mundial. A desinformação e as teorias da conspiração também são um tema, uma vez que transformam a opinião pública naquilo que quiserem, assim como a questão dos conflitos no governo, dado que a série questiona até que ponto é que os líderes políticos devem ir para garantir a segurança nacional.