Djerba, uma ilha no norte de África que fica a menos de três horas de avião de Lisboa ou do Porto, que tem o mesmo fuso-horário de Portugal e muitas praias paradisíacas. Se já está a planear as férias, aproveite para decidir com antecedência que excursões quer fazer.

A economia desta ilha apoia-se bastante no setor do turismo. Com o número de turistas a aumentar, já são cerca de 150 as unidades hoteleiras em Djerba, a zona turística da Tunísia. Também vão surgindo novas excursões — e a MAGG experimentou três. Agora, falamos-lhe de cada uma.

7 noites no paraíso (com tudo incluído) por 499€? Não, não está a sonhar (e há borlas para as crianças)
7 noites no paraíso (com tudo incluído) por 499€? Não, não está a sonhar (e há borlas para as crianças)
Ver artigo

Custam a partir de 30€ por pessoa e são todas diferentes. Enquanto uma delas é bem radical, para quem gosta de viver no limite (a nossa preferida), outra é perfeita para aqueles que preferem o sossego e que procuram sair de Djerba com um bronze invejável. Mas também há oferta para os que não dispensam o lado cultural de uma viagem.

Qualquer uma destas excursões pode ser adquirida presencialmente, durante as férias em Djerba, junto dos guias turísticos tunisinos representantes do operador turístico Egotravel. Uma vez lá, terá o apoio de Salim e Ayoub, que falam português e reúnem com os turistas apresentando cada um dos planos, posteriormente acompanhando-os. É nessa altura que efetua o pagamento.

1. Tour pelo deserto do Saara

Uma vez que 40% da superfície da Tunísia está ocupada pelo deserto do Saara, torna-se imprescindível não o visitar durante uma estadia em Djerba. O passeio Top Tozeur dura dois dias e inclui alojamento. A deslocação é feita de autocarro logo de manhã cedo, após o pequeno-almoço, e contempla várias paragens.

A primeira é no lago salgado Chott el Jerid, numa zona bastante árida e a 40 metros abaixo do nível do mar. Pode mexer no sal que ali é produzido (a Tunísia é um país exportador de sal em grandes quantidades), tirar fotografias com a bandeira portuguesa, comprar rosas do deserto ou aproveitar a pausa no percurso para ir à casa de banho.

Estará numa zona onde são necessários sinais de trânsito a alertar para a passagem de camelos e onde é possível ver algumas miragens. Depois de muitas paisagens amarelas e secas, começam a surgir manchas verdes, criadas por vegetação como palmeiras.

Este passeio inclui a visita ao maior oásis do norte de África. Localizado em Tozeur, na zona oeste da Tunísia, perto da fronteira com a Argélia, o oásis Chebika é de cortar a respiração. Ali, no meio de tanta areia e pó, estão árvores, arbustos e nascentes naturais. A maior parte dos oásis pertence a famílias mais abastadas.

Ao final da tarde, quando o sol já não está tão forte, jipes de oito lugares dão boleia até ao deserto do Saara, onde percorrem as dunas com (bastante) emoção. É colocar o cinto de segurança, agarrar-se bem e aproveitar a vista. Fechado, o carro atinge grandes velocidades, percorrendo parte do percurso do rali Dakar.

Sobe dunas, desce dunas e, no caso do carro que nos calhou, às vezes fica atolado — uma situação para a qual estão precavidos, já que possuem equipamento para libertar o veículo com a ajuda de outro. Um passeio perfeito para os mais aventureiros e viciados em adrenalina.

Também no Saara pode conhecer as raposas do deserto (ou fenecos) e estar com camelos. Esta tour passa por alguns dos cenários originais de filmes do universo "Star Wars", que levam os fãs da saga ao delírio, como o hotel Sidi Idriss, onde também foram filmados trechos e onde os quartos têm nomes como "Chewbacca" e "Han Solo".

Neste hotel é servido um almoço com gastronomia típica tunisina, como cuscuz e brik, um pastel salgado frito, com formato de chamuça, feito a partir de uma massa fina e recheado com ovo, atum, batata ou azeitonas, por exemplo. Para a sobremesa, um doce com tâmaras, consideradas um produto afrodisíaco e abundantes na Tunísia.

No dia seguinte, o autocarro parte de madrugada para Douz, onde, caso queira, poderá andar de camelo. Esta experiência acontece durante o nascer do sol, criando um cenário completamente inesquecível. Uma loja local fornece a cada turista um lenço para colocar na cabeça e uma túnica (e, à hora a que é, não terá de se preocupar com o calor).

Os camelos percorrem a areia de forma lenta e até existem paragens para tirar fotografias. Deve agarrar-se de forma firme a todo o momento, já que são animais altos. Este passeio memorável e único é controlado por guias, que garantem que tudo decorre sem percalços.

A excursão continua na aldeia troglodita de Matmata, onde somos recebidos por uma família Berbere, o primeiro povo a habitar a Tunísia. Atualmente, 1% dos tunisinos são berberes. Têm um dialecto próprio e preferem viver em zonas isoladas, como grutas e montanhas.

Neste momento, existem cerca de uma centena de famílias berberes a morar em casas trogloditas. As que estão junto à estrada principal até são modernas, mas as que foram construídas nas montanhas são bastante isoladas, em zonas onde o povo leva uma vida simples, livre de stress, e alheado ao que se passa no Mundo e à restante civilização.

Sustentam-se com a água da chuva e com aquilo que plantam. Têm celeiros e fornos improvisados, onde fazem, por exemplo, um pão típico, que servem com azeite e mel (e que, nesta casa, dão a provar aos convidados, ainda quente). Quem participar nesta excursão, que tem o custo de 145€ por pessoa, passa uma noite no hotel Golden Yasmin Ras El Ain. 

2. Visita à Ilha dos Flamingos

A ilha Ras R'mal, mais conhecida como ilha dos flamingos, fica a norte de Djerba. Com cerca de cinco quilómetros de comprimento, é a casa dos flamingos durante os meses de inverno, entre outubro e fevereiro. Em abril estão em migração, pelo que não conseguimos ver nenhuma destas aves.

A visita à ilha dos flamingos dura meio dia e é ideal para quem gosta de andar de barco e pretende fazer praia. É efetuado o percurso do hotel até ao porto, onde está atracado o barco pirata que navega até à ilha. Quando participámos nesta excursão calhou-nos o barco Élyssa, repleto de "piratas" bem animados e até algo acrobatas.

A forma como a tripulação interage com os turistas é um dos pontos a destacar desta experiência. Tiram partido da estrutura do navio para se pendurarem nas cordas e fazem truques de magia, deixando todos boquiabertos — tudo isto ao ritmo da música, que toca constantemente (e que inclui êxitos portugueses como "Malhão, Malhão" e "Coração Não Tem Idade").

Em personagem, vão tirando fotografias recorrendo a adereços como espadas e ganchos, resultando numa lembrança diferente e especial. Dançam a todo o momento, desafiam quem está a bordo e param a embarcação para que seja possível observar os golfinhos, outra das partes mágicas deste passeio. A viagem de barco dura cerca de 45 minutos.

Há casa de banho, comida e bebida, sombra e também lugares ao sol (sendo o protetor solar imprescindível). Ao chegar à ilha, é possível percorrê-la para a conhecer melhor (a pé, de moto 4 ou a cavalo, por exemplo) ou, se preferir, dirigir-se à praia, onde espreguiçadeiras e chapéus de sol estarão à sua espera.

Quando a barriga começar a dar horas é tempo de se dirigir à zona das refeições, coberta e cheia de mesas estilo piquenique. É lá que é servido o almoço (que foi transportado no barco). No nosso caso, pudemos desfrutar de pão, peixe grelhado, esparguete e salada, repetindo sempre que desejado.

A maré vai enchendo e aproxima-se a hora do regresso, mas não sem antes se passar um bom bocado com a ajuda dos "piratas", que dinamizam jogos sempre com a participação do público (e nós ganhámos um deles). Homens, mulheres, idosos e crianças são chamados para atividades que arrancam gargalhadas a todos os que assistem.

A visita à ilha dos flamingos custa 30€ por pessoa e é um bom programa para as famílias com crianças. Proporciona umas horas divertidas e relaxantes, exceto quando está a bordo e começa a ouvir "My Heart Will Go On", o clássico tema de Céline Dion, eternizado no filme "Titanic".

3. Passeio pela ilha de Djerba

Este passeio custa 30€ por pessoa e aposta mais nas vertentes cultural e histórica (e é aqui que vai aviar os souvenirs para toda a gente). Dura meio dia e pode ser feito de manhã ou durante a tarde, consoante o número de pessoas envolvidas. Começa na antiga aldeia berbere Guellala, onde a maior parte das famílias se dedica à cerâmica.

Guellala (que significa "cerâmica" em dialeto berbere) tem potes e loiças em barro em cada canto. Visitámos uma oficina de cerâmica onde pudemos assistir ao processo de criação de um cinzeiro, uma chávena e um pires. O artesão, que falava português, interage bastante com os turistas. No entanto, é o "camelo mágico" quem rouba as atenções.

Como é que um camelo pode ser mágico? Esta parte é difícil de explicar, só mesmo presenciando. No fundo, trata-se de um elemento decorativo ou mesmo um utensílio em forma de camelo, que funciona como um bule, mas no qual dá para despejar dois líquidos diferentes, que apenas se misturam quando entornados (como café e leite).

Se quer impressionar a sogra quando voltar a casa, tem aqui a lembrança perfeita. Porém, nesta loja, há muitas outras peças à venda, como taças, tigelas, pratos, tachos, suportes para velas e ímans. O mercado local também tem várias opções de prendas, como tapetes, roupa típica, acessórios em prata ou ouro e especiarias.

Fica em Houmt Souk, a capital da ilha, cujo nome significa "bairro do mercado". É possível regatear com os comerciantes de modo a fechar bons negócios, com preços atrativos. O Euro vale mais do que o Dinar tunisino, pelo que convém efetuar o câmbio (por exemplo, no hotel onde estiver hospedado) e usar esta moeda (sendo que 10€ correspondem a cerca de 32 dinares).

Para absorver ainda melhor a cultura tunisina, está incluída neste passeio uma visita ao Museu do Património de Guellala, onde estão expostas as tradições deste povo, as vestes e adereços, mas muito mais elementos contadores de histórias. No itinerário está também a sinagoga La Ghriba, localizada no bairro dos judeus.

É em Djerba que se concentra a população judaica da Tunísia. Durante todo o ano (especialmente em maio), a ilha acolhe muitos judeus vindos de todos os cantos do Mundo. A MAGG visitou este lugar de peregrinação construído no século 5 a.C. La Ghriba significa "a estrangeira", já que foi uma estrangeira que a ergueu.

Está em causa a sinagoga mais antiga do norte de África. Qualquer pessoa pode conhecê-la. Os homens recebem uma kipa e as mulheres um lenço para cobrirem o cabelo. No caso de terem roupas mais reveladoras (como ombros ou peito à mostra), é-lhes emprestada uma túnica. Ambos terão, ainda, de se descalçar.

*A MAGG esteve em Djerba, na Tunísia, a convite da Egotravel