Magno foi levado num “test drive” a Itália e Espanha pelos pais. Não, não tinha 18 anos, não estava prestes a comprar um carro, nem tão pouco sabia conduzir. Tinha apenas um mês de vida e foi nestes destinos europeus que teve a primeira experiência de viagem.

"Correu tão bem que, com 6 anos, já viajou connosco para 61 países", conta à MAGG a mãe, Susana Vale, jurista num organismo internacional. As experiências contínuas fizeram com que esta família criasse um blogue para contar as histórias desta criança que já viajou mais do que muitos de nós.

"Queria muito ter 'um sítio' onde guardar as recordações escritas e fotográficas desta grande aventura com o Magno e sabia que se não houvesse algo que me 'forçasse' a escrever e publicar facilmente começaria a deixar de documentar", conta Susana.

O blogue é onde cabem as palavras e os detalhes das aventuras que Susana, o marido Márcio Parente, head of technology da empresa de serviços financeiros UBS, e Magno, prestes a entrar para a escola primária, vivem em viagem. Já o Instagram, vive das imagens que falam por si e deixam qualquer um com vontade de marcar a próxima viagem. "São uma gaveta onde guardo tudo o que quero um dia mostrar ao Magno", diz a mãe.

Como família apaixonada por viagens que são, — definem-se como "família em expedição pelo mundo" —, o que faria mais sentido é que também Susana e Márcio se tivessem conhecido em viagem, mas não foi assim que aconteceu. "Conhecemos-nos a trepar às paredes. Éramos ambos escaladores e como íamos quase todos os fins de semana para as mesmas zonas de escalada lá acabámos por nos cruzar e juntar as cordas e os pés de gato", conta Susana.

O espírito aventureiro passou das paredes para o ar, que sobrevoam a três desde que Magno nasceu, quase sem receios de o levar seja para onde for. "Lembro-me que quando o levámos à Índia pela primeira vez ainda bebé, houve ali um friozinho na barriga. Era o primeiro destino onde o levávamos realmente desafiante. Mas correu muito bem e a partir daí quaisquer barreiras mentais que pudessem ainda existir caíram e o mundo tornou-se o quintal do Magno", diz Susana à MAGG, e recorda que depois disso, já fizeram várias road trips de jipe e tenda por África.

Como lida uma família de viajantes com uma pandemia que corta fronteiras?

"Não vou aqui armar-me em forte só porque o pior já passou (espero). Foi muito duro, tal como foi para quase toda a gente que conheço. Refugiámos-nos na fotografia à volta de casa (vivemos numa zona rural bastante tranquila) e tivemos a possibilidade de trabalhar a partir de casa, o que facilitou o processo", conta Susana. Já Magno, mesmo habituado a andar em "expedição pelo mundo", teve uma reação surpreendente positiva, apesar das saudades que tinha dos amigos e da escola, revela a mãe.

Logo após o confinamento, a primeira viagem que fizeram foi para Provence, no sul de França, seguida de uma ida a Chamonix e mais duas semanas pela Islândia, todas de autocaravana. "Quando atravessámos a fronteira pela primeira vez depois de tantos meses 'entre paredes' admito que me emocionei", revela Susana.

Ainda que a partir de agora seja sempre necessário verificar se é possível entrar no país de destino, se o vírus está aí controlado, se é preciso fazer teste à COVID-19, ou se se é necessário quarentena, Susana não se importa com estas novas burocracias. "Nada que não valha a pena para voltar a viajar", destaca a mãe e criadora do Mundo Magno, acrescentando que, mesmo assim, optaram nesta primeira fase de desconfinamento por zonas longe de cidades e sem grandes aglomerados.

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"Ao viajar de autocaravana estamos no nosso espaço e sentimos que temos algum controlo. A higienização do espaço é feita por nós, podemos fazer as nossas refeições e, no limite, especialmente em viagens curtas, até podemos levar tudo o que precisamos e nem ter de ir a supermercados", refere, mas não exclui as estadias em hotéis no futuro.

Magno entra este ano para a escola, o que para esta família sempre em viagem pode ser um pouco mais desafiante. No entanto, está "tudo em aberto no futuro, incluindo a opção pelo homeschooling, no caso de viagens mais demoradas", refere a mãe.

A família tinha planeado viajar para a Ásia e África em outubro e dezembro mas Susana admite que, para já, e respeitando as recomendações da União Europeia, estão excluídos países fora da Europa.

Saiba todos os truques de fotografia desta família

As cores, o ângulo, o foco. Parece que nada falha nas fotografias tiradas em cada canto do mundo por onde anda Magno. Parece até quase impossível conseguir um resultado idêntico, mas Susana relativiza e destaca que o segredo, ao contrário do que muitas pessoas pensam, não está na máquina ou na lente, mas sim no "olhar" e na prática.

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"É claro que com bom equipamento fotográfico fica-se com mais margem de manobra em situações em que a luz é pouco favorável mas, na verdade, o segredo está no 'olhar'. Na capacidade de conseguir 'captar com luz' aquilo que nos inspira", refere Susana.

"No meu caso, a minha fonte de inspiração são as pinturas do renascimento até ao impressionismo e vai variando entre tons escuros, dramáticos, até cores mais primaveris, provençais, vestidos compridos, sombrinhas e cabelos soltos ao vento, consoante o espírito e o destino de viagem", acrescenta.

Apesar de parecer simples, exige algum esforço para apanhar a melhor luz e ambiente. "Implica ir previamente ao local para perceber a melhor hora para tirar o melhor proveito da luz, acordar muitas vezes de madrugada para conseguir ter os sítios sem outras pessoas, ou então ter muita paciência para esperar por uns segundos sem ninguém na cena e estar preparado para os aproveitar sem demoras", destaca a mãe de Magno.

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