Tal como na moda há tendências de cores e padrões, quando se trata de fazer malas ou pôr a mochila às costas, é difícil fugir dos destinos da moda. Este ano, as tendências fundem-se com a necessidade de ficar entre fronteiras nacionais e quem ganhou com isso foram, por exemplo, o Gerês ou os Açores. Contudo, São Miguel costuma chamar mais à atenção pela beleza da Lagoas das Sete Cidades ou pelas praias incríveis de Santa Marta e a Terceira fica apenas para uma passagem breve.

Aquilo que sugerimos é explorar esta ilha do grupo central que, pode não parecer, mas tem muito para ver. A MAGG foi à procura das belezas naturais escondidas na Terceira, bem como do que há para comer, como é o caso do queijo curado amanteigado.

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Mas se for intolerante à lactose ou ao próprio cheiro intenso deste lacticínio, pode ficar-se pelas carnes da ilha e provar a tradicional alcatra da ilha Terceira.

Para descansar, não faltam opções de alojamento com vista a preços reduzidos e todo o requinte de que precisa para umas férias na ilha. A página Visit Portugal espera "que não visite esta ilha apenas na sua terceira visita aos Açores" — e nós, que siga as sugestões sem pensar duas vezes, porque razões para visitar esta ilha improvável não faltam.

Primeira paragem: uma cama confortável

Para visitar tudo o que a ilha tem para dar, o primeiro passo é escolher onde ficar. O Angra Bed & Breakfast, junto ao Jardim Duque da Terceira, em Angra do Heroísmo, é um dos locais para ficar isolado com todo o conforto e requinte da estrutura que junta a decoração moderna ao estilo vintage.

Este alojamento combina tons de preto, branco e dourado em toda a parte, que quase nos faz sentir dentro de um antigo palácio. Digno de rainhas e princesas é também o pequeno-almoço, incluído na estadia e servido no quarto como medida de segurança devido à pandemia, do qual fazem parte produtos regionais, como queijo e compotas da ilha. Depois da primeira refeição, pode subir ao jardim com terraço para ler um livro antes das caminhadas.

Uma noite para duas pessoas custa a partir de 40€.

Caso prefira um conceito de hotel, pode ficar pelo Atlantida Mar Hotel, de quatro estrelas, com vista mar e um piscar de olho à piscina para quando o sol descobrir ou ao jacuzzi exterior.

A decoração do hotel, na Praia da Vitória, é minimalista para dar destaque à vista que abrange todos os quartos e suites (com cozinha equipada), que incluem varanda para observar o azul intenso do Atlântico bem de perto. É neste ambiente que pode usufruir do pequeno-almoço, sempre servido no quarto, que inclui os essenciais para um dia a explorar a ilha: pão, manteiga, compota, sumo, fruta e café.

Uma noite para duas pessoas custa a partir de 55€.

Segunda paragem: miradouros

O Miradouro da Serra do Cume é um dos pontos marcantes da ilha e das imagens que são partilhadas por toda a parte. Se o seu feed de Instagram já está a pedir tons verdes, este é o sítio certo, graças ao verde vivo dos campos agrícolas divididos por muros de pedra vulcânica conhecida por “manta de retalhos”. Também aqui tem uma vista singular sob a baía da Praia da Vitória e a planície interior da ilha.

Na rota dos miradouros a percorrer tem ainda o Miradouro Cruz do Canário localizado mesmo sobre o mar, com o ilhéu das Cabras como pano de fundo, e o Miradouro da Serra de Santa Bárbara que fica no ponto mais alto da ilha, a 1.021 metros de altitude, permitindo observar com grande amplitude a cratera da Caldeira de Santa Bárbara, classificada como Reserva Florestal Natural, bem como a “floresta das nuvens” no Pico Alto — uma das formações vegetais mais raras e valiosas.

Já o Miradouro da Alagoa da Fajãzinha, marcado por um derrame de lava que em tempos galgou a arriba criando uma barreira, está inserido numa reserva natural caracterizada pela rica biodiversidade e geologia na zona costeira da Agualva, na Praia da Vitória, e permite admirar o mar no culminar de uma longa caminhada que passa por mais dois miradouros: a Grota da Lagoa e Ponta do Mistério, inseridos no trilho das Baías da Agualva.

Terceira paragem: Monte Brasil

Monte Brasil
créditos: exploreterceira

O Monte Brasil é, afinal, bem português, porque foi precisamente neste espaço que um antigo vulcão com três quilómetros quadrados e origem no mar se juntou à cidade de Angra do Heroísmo para hoje em dia ser admirado (não só pela beleza natural).

É que aqui foi também construído o Castelo de S. João Baptista, a mais antiga fortaleza filipina, com registo dos finais do século XVI, continuamente ocupada por tropas portuguesas, combinando assim natureza, história e uma vista incrível. O vulcão continua rodeado pelos quatro quilómetros de muralhas por onde pode percorrer o percurso pedestre com o mesmo nome deste local incrível: Monte Brasil.

Quarta paragem: Algar do Carvão e Gruta do Natal

Mais uma vez, a atividade vulcânica continua a ser cratera de entrada para descobrir a ilha. O Algar do Carvão, uma chaminé vulcânica com 90 metros de profundidade formada há cerca de 3200 anos, é exemplo disso. O Algar resulta de um fenómeno natural em que a drenagem do magma da chaminé principal regrediu para a câmara magmática, dando assim origem a esta chaminé que quase parece secreta.

A Gruta do Natal é outro dos pontos obrigatórios. Fica junto aos Picos Gordos, ainda dentro da Reserva Florestal Natural da Serra de Santa Bárbara e Mistérios Negros. Esta gruta, inicialmente conhecida por Galeria Negra, foi rebatizada de Gruta do Cavalo aquando das primeiras explorações, por lá terem sido encontrados restos de uma ossada de um cavalo que havia caído pela abertura de entrada. Mais tarde, passou a chamar-se de Gruta do Natal.

Em ambos os casos, as visitas decorrem todo o ano (exceto, controversamente no caso da Gruta do Natal, a 1 e a 25 de dezembro) e cada bilhete custa 8€. Até 31 de março de 2021, o espaço está aberto às terças, quartas, sextas e sábados das 14h30 às 17h.

Tem ainda a opção de percorrer estes lugares únicos, acompanhado de um guia da Angratravel Tours, que além de trilhos tem passeios e ainda experiências de vela que combinam aventura, luxo e natureza.

Quinta paragem: Museu do Vinho dos Biscoitos

Museu Do Vinho Biscoitos, Açores

Começamos aqui o roteiro gastronómico. Agora que a barriga está cheia de paisagens, é hora de um copo de vinho branco de casta especial. Mas antes de passar ao que se serve no copo, ao entrar neste museu fica a conhecer melhor a região cuja identidade é marcada pelo vinho, em particular da casta Verdelho, através do percurso que mostra as diversas fases de produção, bem como a armazenagem do vinho em pipas de madeira.

O museu integra ainda uma sala de provas, para que não saia daqui de boca seca e prove o vinho na centenária Casa Produtora de Vinho da Região Demarcada dos Biscoitos, fundada por Francisco Maria Brum em 1890.

Sexta paragem: onde almoçar?

As entradas para o almoço servem-se no Queijo Vaquinha, na Canada do Pilar, em Angra do Heroísmo. Aqui prova os queijos tradicionais dos Açores — curados, com crosta bem formada e consistência amanteigada — feitos artesanalmente.

Um deles é o Queijo Vaquinha tradicional, em formato retangular, que leva sal a seco e apenas na côdea para curar, e há ainda o tradicional da Terceira, fabricado com leite inteiro de vaca pasteurizado, com adição de culturas lácteas, cálcio, coalho e sal. Se prefere uma experiência diferente, tem ainda o Queijo Vaquinha picante, que leva pimenta da terra. O espaço está aberto de segunda-feira a domingo, das 10h às 22h.

Chega então a hora de descobrir outros marcos da gastronomia da Terceira. O restaurante O Caneta tem um dos pratos mais típicos: a alcatra, uma carne cozinhada num alguidar de barro próprio para a iguaria. Outra das opções da carta são as iscas de fígado com cebolada, e ainda os pratos de peixe, como a caldeirada de congro ou cherne frito ao alhinho.

Já a Ti Choa, na Grota do Margarida, Serreta, tem comida e ambiente de aquecer a alma, porque o pão sai diretamente do forno de lenha para a mesa do pequeno restaurante. Aqui também se serve alcatra feita em forno de lenha ou um menu de degustação do qual faz parte a morcela caseira acompanhada de laranja, torresmos de cabinho e molho de fígado.

E porque até agora o foco tem sido a carne, o Beira Mar São Mateus é a proposta para uma refeição dominada por marisco ou por peixe fresco. A vista já se adivinha, para o mar, mas como os olhos também comem é servido à mesa desde uma espetada de lulas com camarão às lapas.

Sétima paragem: A sobremesa

Para quando o fim da viagem estiver próximo e a amargar a sensação de estar de férias, nada melhor do que uma sobremesa, neste caso as famosas queijadas Dona Amélia, um doce conventual terceirense, que pode encontrar na pastelaria O Forno.

Outra das sobremesas famosas é o doce de vinagre, disponível na carta de sobremesas de vários restaurantes locais, tal como o restaurante O Caneta, a Ti Choa, ou a Tasca das Tias.

Falta ainda falar da Quinta dos Açores, onde além de se servir a sopa da Quinta baseada numa receita de família e o queijo Quinta com sementes de linhaça, girassol, sésamo, papoila, chia e pevides de abóbora, tem gelados feitos à base do leite e nata das vacas da Terceira. Os 25 sabores estão disponíveis na Loja do Gelado e entre estes há caramelo salgado, coco, e até queijada Dona Amélia.

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