Basta falar na região do Douro e já temos vontade de rumar viagem, seja para onde for. É certo que vamos encontrar um hotel sublime, um alojamento dedicado ao enoturismo ou um turismo rural simples e ao mesmo tempo cheio de detalhes, como são os Moinhos de Ovil, em Baião, de portas abertas desde 2013.
Como indica o nome, são moinhos transformados num alojamento de turismo rural, trabalho da proprietária Eduarda Santos. Estão localizados junto ao rio Ovil, e ao longo dos anos o alojamento sofreu algumas mudanças. Antigamente, a Casa dos Moinhos, precisamente onde funcionavam os antigos moinhos, e a Casa do Moleiro serviam para habitação. No entanto, para cumprir com o conceito de exclusividade do alojamento, Eduarda decidiu mudar o propósito dos espaços.
"A Casa do Moleiro era uma casa para quando as pessoas levavam também familiares ou amigos. Não alugávamos nunca a pessoas que não se conhecessem", explica. "Como os casais iam sempre para namorar e não iam com amigos atrás, a outra casa estava fechada na maior parte das vezes. Então tinha duas hipóteses: ou alugava a pessoas diferentes, o que retirava todo o conceito, ou transformava essa casa num sítio de experiências."
Eduarda optou pela segunda opção e hoje a Casa do Moleiro é denominada de MOseu de Ovil, ainda que para sempre seja também conhecida como Casa da Dona Amélia — em homenagem à esposa do moleiro e antiga proprietária da quinta. Nesta casa nasceram e foram criados os cinco filhos da Dona Amélia e do Senhora Abel Moleiro e, por isso, é um pedaço de histórias de antigamente e de outras que estão por criar.
É que no MOseu de Ovil é possível ter experiências gastronómicas, fazer workshops, aprender a fazer vassouras de giesta, torradas no lume ou apenas relaxar. "Tornei-a num sítio de bem estar, que não passa necessariamente por um spa", refere a proprietária.
Já a Casa dos Moinhos, com cozinha, sala, quarto e casa de banho, é dedicada à experiência de ficar alojado numa casa singular, situada por cima da água do rio Ovil. Isto significa que logo ao acordar e ao abrir a janela vai poder ouvir a corrente a bater nas rochas. Não consegue imaginar tal perfeição a acontecer num dia de férias? Deixamos um cheirinho.
A paz e o silêncio são duas das principais características do Monhos de Ovil e, apesar de não haver spa, há outra forma de relaxar (e nem tem de sair da Casa dos Moinhos para isso).
Falamos do mais recente espaço, a Boa Zona, um refúgio de bem estar para a terapeuta Cláudia fazer massagens e para os hóspedes desfrutarem do prazer de um vinho do Porto, com a salamandra a aquecer quando o tempo o pede. Talvez agora não faça tanto sentido, mas ainda sabe bem um chá aqui, assim como azeite e açúcar (não para comer, mas para esfoliar e hidratar as mãos e o corpo).
"Esse sítio era a antiga cozinha e como as pessoas não vão cozinhar, porque querem mesmo ter a experiência da comida na outra casa e poder comer coisas da aldeia, a cozinha estava a ser inútil. Então tirámos os móveis, colocámos num outro espaço para um cozinha menor, mas que serve muito bem de apoio, e no sítio fizemos esta Boa Zona", explica Eduarda.
Aqui também está uma televisão de uma forma camuflada, de modo a que só se recorra à mesma para ver um notícias durante alguns minutos ou para "ver um filme", e o escalda pés. "Uma bacia bonita, uma coisa assim quase à época dos reis, para escaldar os pés. E se for com sal, é terapêutico, por causa das energias que hoje em dia toda a gente procura", diz Eduarda.
Várias celebridades portuguesas já desfrutaram deste turismo rural conhecido como um "paraíso escondido", como é o caso da nutricionista Ana Bravo, sempre em busca de espaços de natureza para alinhar o corpo e a mente, e também Sónia Morais Santos, que mal chegou aos Moinhos de Ovil, já tinha tanto para dizer sobre "o lugar mais delicioso" onde já esteve.
Pode dizer-se que o é pela proximidade ao rio, assim como pela decoração pensada e posta em prática por Eduarda, que tentou dar um toque pessoal. "Sou apaixonada por decoração, por detalhes, por mimo e por receber o outro. E a nossa decoração, mais do que bonita, é calorosa. Ou seja, gosto de materiais simples e que tenham que ver com a região", refere Eduarda. Madeira e pedra são alguns dos materiais usados, assim como os tons claros e os puffs fofos.
Igualmente especial nos Moinhos de Ovil é o pequeno-almoço, deixado à porta numa cesta, sempre entregue com um mimo, seja um raminho de alecrim ou umas camélias. Tem o típico pequeno-almoço (com pão, queijo, frutas e iogurte) e alguns apontamentos como é o caso da marmelada preparada por Eduarda, servida em pequenas formas individuais como se fosse um queque, e da manteiga embrulhada num folha e enrolada com um fio de ráfia.
Fora das casas dos Moinhos de Ovil, pode mergulhar ou pescar no rio Ovil, rio truteiro, ou tirar fotografias no barco (navegar não é boa ideia).
"Tenho um barco, que se chama Amor, e que é um bocadinho Titanic, porque está um bocado furado", brinca Eduarda. O barco é já quase uma mascote do turismo rural e é perfeito para tirar fotografias instagramáveis.
A estadia na Casa dos Moinhos custa 245€ por casal (mínimo de duas noites), com pequeno almoço self catering incluído e acesso exclusivo à quinta.