Quando chegámos, já o aquecedor está ligado para que a sala esteja à temperatura ideal para a pouca roupa que o Ashtaga Ioga exige. As posturas são exigentes, dinâmicas mas, ao mesmo tempo, adaptáveis a todos os que querem começar a fazer ioga. E é principalmente para os menos experientes que estão virados os olhos de Sonia e Adélia, as duas professoras que vieram trazer a Lisboa uma nova casa para praticar ioga.
O Agora abriu a 16 de março e, desde esse dia, não fecha mais. Há aulas todos os dias, de Ashtanga mas não só. Há também aulas de Vinyasa, feito de movimentos sincronizados com respiração, Yin, mais calmo e focado em alongamentos, e também meditação. "Queremos abrir a escola a todos, mesmo a quem nunca praticou", explica Sonia Amalric, que nos abre a porta e diz: "Fica à vontade", num sotaque de quem mistura o brasileiro com o mundo.
Sonia é filha de mãe carioca e pai francês. Viveu no Brasil em criança mas acabou por crescer e trabalhar no sul de França. Fez todo o percurso habitual de faculdade, mestrado e trabalhou durante anos na gestão de fundos governamentais. Largou tudo quando percebeu que o ioga que fazia nos tempos livres podia ser também uma profissão, mas uma profissão que se revelou mais exigente do que imaginava. "De que me servia ter deixado um trabalho mais comum por outro mais alternativo, se passava horas e horas a dar aulas de ioga e andava completamente esgotada?".
Largou tudo novamente, viajou e estudou com os melhores mestres da Índia e de Bali e agora, aos 28 anos, aterrou em Lisboa, de onde não pensa sair. "Crescer no meio de dois países é difícil, nunca me senti 100% francesa nem 100% brasileira e em Portugal sinto-me em casa, não sei bem explicar porquê". Mas afinal sabe. "Tem o rio, tem este sol, as pessoas falam-se na rua, conhecemos os vizinhos. E os azulejos? Já viu os azulejos lindos nas paredes?".
Sonia veio, mas não veio sozinha. Consigo trouxe Adélia Nollet, uma professora de ioga que conheceu em França e que também procurava um sítio para chamar casa. Aliás, Adélia ocupa um dos quartos da escola, deixando todas as outras salas livres para serem usadas por todos os que procurem o Agora. Há uma sala que vai ser usada para meditação, massagens e reiki, projeção de filmes e pequenos concertos, uma cozinha onde há sempre café, chá e uns bolinhos e duas salas nas quais os tapetes estão sempre estendidos para quem queira praticar.
As aulas acontecem todos os dias e existem várias modalidades de pagamento. As aulas avulso custam 12€, mas existem pacotes de dez aulas a 100€. Para quem prefere a prática Mysore — que se rege por uma sequência fixa que cada um faz de forma individual com a ajuda de um professor — existem mensalidades a partir dos 55€. Estudantes e desempregados têm 20% de desconto.