Após ter revelado como é que o plano surgiu, e também qual toda a logística que implicou, chegamos à Tailândia. A promessa deste artigo é transmitir-lhe toda a informação de que precisa para garantir uma entrada segura e sem surpresas neste país do Sudeste Asiático. No fundo, vou contar-lhe tudo aquilo que gostaria que me tivessem contado a mim.

Entrada na Tailândia

O primeiro passo é comprar os bilhetes de avião. Dica útil para esta primeira fase do processo: três meses antes da partida, ative os alertas do Skyscanner, indicando a data e destino da sua viagem. Desta forma, receberá avisos no e-mail sobre as alterações aos preços das viagens, e assim aumenta a probabilidade de conseguir comprar a viagem ao preço mais interessante para si.

Visto e COVID-19

Para entrar na Tailândia é necessário adquirir um visto, ou Thailand Pass, designação oficial. Nós fizemos a submissão do pedido de visto neste site, ao abrigo do programa “Test & Go”. Além dos dados que habitualmente são solicitados para a obtenção deste tipo de documentos (como nome, data de nascimento, idade, etc.), devido à situação pandémica, foi-nos também exigido:

  • comprovativo de seguro de saúde com cobertura mínima de 50.000€;
  • certificado de vacinação e/ ou recuperação COVID-19;
  • comprovativo de reserva e pagamento num hotel da categoria SHA Extra Plus, que assegurava o transporte direto do aeroporto para o hotel, a realização de um teste PCR à chegada, e outro teste no 5º dia na Tailândia (este último acabou por não ser preciso, porque as regras mudaram entretanto, mas já lá vamos).

Nós tratámos deste assunto em fevereiro e a emissão do visto foi muito rápida (1 dia). No entanto, à medida que o número de turistas a viajar para a Tailândia aumenta, é expectável que o tempo de espera também venha a aumentar. Para dar margem para eventuais atrasos, a minha sugestão é que o pedido de visto seja feito duas semanas antes da data da viagem. Assim é certo que chega a tempo e horas.

Estes foram os requisitos do nosso visto, que mudam consoante a evolução da situação pandémica no país. O site que partilhei acima apresenta informação atualizada ao minuto sobre tudo aquilo que precisa para ver emitido o seu visto tailandês. Além disso, é também aqui que deve recorrer para ficar a par das últimas medidas implementadas pelo Governo da Tailândia contra a COVID-19. Este tema tem levantado muitas questões e é com todo o prazer que partilho a minha experiência, contudo, relembro que nenhuma informação aqui revelada deve ser tida como oficial, uma vez que as regras estão de facto em constante atualização.

Referi há pouco o programa “Test & Go”, que atualmente está em vigor na Tailândia, e que no fundo dita as regras a serem cumpridas pelos estrangeiros que desejam entrar no país. No nosso caso específico, apenas foi necessário fazermos dois testes à COVID-19:

  • Um primeiro teste PCR, ainda em Portugal, 48 a 72 horas antes do voo. Fizemos o teste na Biosurfit e em menos de 24 horas o resultado já estava no meu e-mail (caso também precise de marcar, pode fazê-lo aqui);
  • Um segundo teste PCR, feito no hotel onde reservámos a primeira estadia, para o qual viemos assim que aterrámos em Bangkok. Feito o teste, ficámos no quarto à espera que nos ligassem a informar sobre o resultado. Quando chegámos, a 1 de março, não era permitido circular na cidade sem a confirmação de teste negativo à chegada do país. Ligaram-nos passadas 16 horas a indicar que os testes estavam negativos e que, assim sendo, podíamos sair. Depois de mais de 15 horas entre voos e escalas, a comer comida de avião, este tempo de espera foi passado a comer e dormir, por isso, honestamente, passou sem sequer darmos conta.

Este parece um processo até natural e simples, mas tem muito que se lhe diga.

O Turismo da Tailândia (TAT) desenvolveu o projeto Amazing Thailand Safety & Health Administration, também designado por SHA, com o intuito de categorizar vários estabelecimentos, como hotéis, tendo em conta as medidas que os mesmos implementam contra a COVID-19. No momento em que foi pensada a reabertura da Tailândia, surgiu no âmbito deste projeto a certificação SHA Plus (SHA+), que indica que determinado estabelecimento segue as normas de prevenção contra a COVID-19 e que, além disso, 70% dos seus funcionários estão vacinados.

Mais tarde, surgiu a modalidade SHA Extra Plus (SHA++), que diz respeito a todos os hotéis que, além de cumprirem os requisitos da primeira certificação, asseguram também a quem acaba de chegar: um shuttle/ táxi privado - que faz a transferência do aeroporto diretamente até ao hotel -, testagem à COVID-19 e, por fim, condições para que os hóspedes possam ficar no quarto até ser conhecido o resultado deste primeiro teste.

Aquando da reserva do hotel, antes da nossa chegada, era ainda obrigatório um segundo teste ao quinto dia de estadia na Tailândia, num hotel desta categoria, ou seja SHA++. Por essa razão, reservámos estadia para os primeiros 5 dias no Grande Centre Point Hotel Ratchadamri. Apesar da localização muito central, na zona nobre de Bangkok, assim que chegámos, verificámos que, apesar de cumprir com os requisitos impostos pelo Governo Tailandês, o conforto e a limpeza ficavam muito aquém do esperado.

Feitos os primeiros testes obrigatórios, fomos informados de que a partir desse mesmo dia, 1 de março, as regras já seriam outras e que, assim sendo, o segundo teste obrigatório deixava de o ser. Procurámos então assegurar o reembolso das restantes noites e um hotel alternativo para ficar. Perante o feedback positivo, lá fomos para o nosso segundo hotel. Com tudo isto (shuttle e testes PCR incluídos), a primeira noite acabou por nos custar pouco mais de 200€.

Menos de 48h depois de termos aterrado em Bangkok e já estávamos no segundo hotel, o ASAI. Aqui foi amor à primeira vista… Como não? Este é um hotel jovem e cool, com muito bom gosto, e absolutamente preparado para nómadas digitais. Dispõe de inúmeros espaços de trabalho muito acolhedores e aliás o que por aqui não falta são jovens ao computador. Eu incluída.

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Estamos no ASAI Bangkok Chinatown, uma das zonas mais vibrantes da cidade, que, sendo à prova de som, é também o sítio certo para descansar. Tendo em conta tudo o que oferece, a meu ver o preço por noite não podia ser mais justo (45€/ noite: preço por casal). O pequeno-almoço é um verdadeiro brunch delicioso, o quarto é extremamente limpo, e o staff não podia ser mais acessível. Tenho-me sentido em casa por aqui. O conforto é mais do que muito.

Tendo em conta estas experiências pelas quais passámos, ficou a impressão de que há hotéis a usar a certificação SHA++ como pretexto para fazer lucro. Como este é um assunto ao qual o turista será sensível, parece estar a valer tudo. Como se o conforto, a meu ver o mais relevante numa estadia de hotel, fosse secundário. Fica a aprendizagem.

Agora que revelei todos os detalhes menos simpáticos, mas essenciais, do início desta experiência, é hora de focar nos mais práticos e úteis.

Onde temos reservado as nossas estadias?

Temos recorrido à Agoda e à Booking para fazermos as nossas reservas em hotéis. Consultamos sempre as duas plataformas, mas a Agoda tem sido a mais surpreendente. Excelentes ofertas que temos encontrado por aqui.

Sem dúvida, estas são ambas soluções ideais, sobretudo para aqueles casos em que o site do hotel não o deixa 100% seguro. Ao avançar com uma reserva nestas plataformas oficiais, fica livre de disponibilizar os dados do seu cartão de crédito a um site que não está a transmitir-lhe confiança. Em princípio, esta opção será sempre mais segura. Para além disso, caso encontre o mesmo hotel com condições de reserva semelhantes noutro website, tanto a Agoda quanto a Booking, igualam o preço, o que o pode ajudar a poupar algum dinheiro.

7-Eleven: aqui está quase tudo aquilo que vai precisar

Seja o que for que precise, fique tranquilo, a loja de conveniência 7-Eleven está em cada esquina e dispõe de tudo aquilo que possa imaginar. Caso precise, pode por exemplo comprar aqui um cartão SIM tailandês, de forma a garantir que tem dados móveis ilimitados todos os dias e todas as horas, durante um mês. Esta foi das primeiras coisas que fiz quando cheguei, e tem funcionado sem qualquer problema. A opção que comprei é esta, que mostro na imagem.

volta ao mundo em 365 dias - Tailândia
Cartão SIM tailandês, cujo valor é apenas 9,48€. Garante dados móveis ilimitados todos os dias e todas as horas, durante um mês, e funciona em qualquer telemóvel desbloqueado. créditos: Joana Costa Pereira

Custou apenas 9,48€ e funciona em qualquer telemóvel desbloqueado. Como proceder após a compra do cartão? Antes de qualquer coisa, será necessário retirar do seu telemóvel o cartão português (não se esqueça de o guardar bem). Depois disso, basta inserir o cartão tailandês no seu telemóvel. Não é preciso PIN e não há qualquer alteração ao seu WhatsApp pessoal desde que mantenha o seu número português como opção na app (desta forma, pode continuar a usá-la normalmente e todas as conversas tidas por lá estarão intactas).

Aplicações úteis

  • Grab: essencial para o dia-a-dia, está para a Tailândia como a Uber está para Portugal. Esta é a aplicação que usamos para solicitar que um carro/ táxi nos venha buscar. É espetacular porque como o preço é fixo e consta na aplicação, não há margem para a prática de “preços de turista”, muitas vezes acima do preço real das viagens. Para além disso, se associar o cartão de crédito à sua conta Grab, não tem que se preocupar com o pagamento no fim da viagem, pois este será automático na aplicação. Tem ainda a opção de partilhar os detalhes da sua viagem com quem quer que seja, e a grande maioria dos condutores na plataforma estão vacinados. Não prometo que todos falem inglês, mas como o destino é desde logo partilhado com o condutor através da app, não vai ter problemas com este tema;
  • Food Panda: não podia faltar um equivalente à Uber Eats, certo? Às vezes dá jeito encomendar comida e esta aplicação não falha nessa missão;
  • Google Translate: caso precise de alguma ajuda e se depare com alguém que não fala inglês, recorra ao Google Translate. Desta forma a comunicação deixa de ser um problema e está garantida. Não se esqueça que, além de ser útil para a comunicação frente a frente com alguém, esta aplicação tem também a mais-valia de traduzir qualquer palavra a partir de uma simples fotografia da sua câmara.
  • TripAdvisor: sempre que estamos à procura de um sítio para almoçar ou jantar, recorremos ao TripAdvisor, que reúne feedback de milhões de utilizadores em todo o mundo. Para “fugir” aos restaurantes mais turísticos, colocamos filtros pelo tipo de cozinha e preço médio que desejamos (os melhores e mais típicos restaurantes tailandeses estão quase sempre no nível mais baixo de preço). Destaque também para o modo mapa da aplicação, muito útil para visualizar os restaurantes mais próximos de si;
  • Guia Michelin: ao contrário do que se possa pensar, o Guia Michelin é uma plataforma que reúne muito mais do que restaurantes com estrela Michelin, exclusivos, e com preços acima daquilo que se considera acessível para a generalidade das pessoas. Este conceituado guia é indissociável do selo Bib Gourmand, que distingue, em cada país, os restaurantes que oferecem boa comida a preços moderados. Aqui em Bangkok, é fácil acedermos a restaurantes que preenchem estes requisitos, através das bancas de rua, que estão por toda a parte. Com base na minha experiência, posso desde já confirmar que uma refeição em muitos destes locais destacados pelo Guia Michelin, pode custar entre 2,40€ e 5€ por pessoa. Sim, leu bem. Nós temo-nos guiado por este guia e a experiência não podia ser melhor;
  • 12go: esta aplicação indica, de forma muito intuitiva, de que forma pode chegar do ponto A ao ponto B, disponibilizando toda a informação útil de que precisa para tomar a melhor decisão: meio de transporte, preço, duração. Vai com certeza tornar mais simples o processo de descoberta de qualquer que seja cidade à qual acabou de chegar pela primeira vez.

Desejo muito que este artigo lhe tenha sido útil e também, como não podia deixar de ser, que faça uma boa viagem, caso esteja em vias de vir até cá.

Caso tenha alguma dúvida ou sugestão, não hesite a contactar-me por e-mail (joanapereira@magg.pt) ou mesmo pelo Instagram, onde estou também a partilhar sobre esta minha aventura.