Alguns adoram-nos. Outros nem tanto. Há quem não compreenda a independência dos gatos, enquanto outros gostam de lidar com as personalidades fortes deles. Dizem que são imprevisíveis, preferindo a companhia de um cão.

Há dias em que os felinos em ponto pequeno estão muito moles e outros em que os picos de energia destroem a paciência dos donos. Os cães são mais controlados. Os passeios ajudam a que descarreguem a energia e cheguem a casa cansados e prontos para sossegar. Mas há também quem leve o seu gato por uma trela e ande com ele por algum tempo na rua. É normal que seja estranho para quem vê de fora, mas para os donos é como passear um cão.

No entanto, não há certezas de que seja tão adequada como é para os cães e a veterinária Sónia Miranda, do Hospital Veterinário do Baixo Vouga, em Águeda, começou por fazer essa distinção entre espécies.

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"Os gatos não são cães de porte pequeno", começa por dizer. "Adoram andar ao ar livre, mas acima de tudo gostam de explorar, controlando a situação, marcando o ritmo e escolhendo o espaço, tentando, por eles, prever o perigo", continua.

Colocar uma coleira e uma trela para os levar a dar uma volta, sendo os humanos responsáveis pelo seu movimento e trajeto, é algo que dificilmente o gato desejará. Isto porque apesar de garantir a segurança motora, não há como controlar os estímulos sonoros e visuais do animal.

Mas, valorizando cada caso individualmente, a especialista, que integra a Ordem dos Veterinários, não elimina a possibilidade de serem passeados. Tudo depende do temperamento do animal. "Se a personalidade do gato assim o permitir e se houver trabalho de treino para eliminar gradualmente os receios que possa sentir durante um passeio, é possível que comece a desfrutar", garante Sónia. "Porém, é importante não esquecer que um gato precisa normalmente de lugares de segurança para que se possa refugiar no caso de sentir alguma ameaça", adverte.

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Para aqueles que são apologistas desta prática e do bem estar que possa trazer ao amigo de quatro patas, a veterinária aconselha os passeios em locais minimamente controlados e com esconderijos a que possam recorrer caso sintam necessidade.

No entanto, os riscos continuam a estar presentes e a impossibilidade de controlo dos estímulos do animal é o maior deles. "Caso não haja esses esconderijos para lhes dar a segurança que precisam, pode haver reações comportamentais que façam o gato ou o dono saírem magoados", conclui.