Quem tem um cão sabe que isto é verdade: não há vez em que alguém toque à porta ou à campainha e que o animal não comece imediatamente a ladrar, dirigindo-se muitas vezes para a entrada, sempre a ladrar, assumindo muitas vezes uma postura ameaçadora. Mas porque é que isto acontece? O veterinário Juan Enrique Romero, antigo diretor de uma escola de animais, esclarece tudo.
"Todos os cães são, de certa forma, vigilantes. Eles herdaram isso dos seus antepassados, uma vez que tiveram de defender os seus territórios", explica o veterinário, num artigo partilhado no site "El365". Isto é mais ou menos o que acontece quando alguém bate à porta da casa onde o cão vive. Ele começa imediatamente a ladrar, para afugentar o perigo, que é representado por quem chega. Ele assume-se como o protetor da casa, e sempre que os donos abrem a porta e não se verifica nenhuma situação perigosa, ou quando os donos elogiam ou acalmam o cão, ele sente-se recompensado, como se tivesse cumprido a sua missão. "A combinação da bajulação dos donos" com o facto de não se verificar um perigo evidente "faz os cães muito felizes". "Eles simplesmente assumem que assustaram" a pessoa em causa e cumpriram a sua missão, escreve Juan Romero.
"Quase todos os cães têm uma vontade instintiva de proteger as suas casas, mas essa não é a única razão pela qual ficam agitados" quando alguém bate à porta. "É também uma questão de antecipação", explica o veterinário. "Os cães estão em sintonia com ritos e rituais a tal ponto que, se fossem pessoas, seriam rotulados de obsessivos-compulsivos. É provável que os cães comecem a pensar nestes momentos — de alguém bater à porta — quando se levantam de manhã, e a sua excitação aumenta com o passar do tempo". Por isso, quando alguém toca à campainha, "eles já estão altamente estimulados e prontos para a ação".
Esta situação torna-se ainda mais séria quando os cães passam muito tempo sozinhos. "Os cães que passam os seus dias sozinhos ficam especialmente agitados quando alguém bate à porta porque sentem que foram deixados a tomar conta da casa. Se não ladram como loucos e avisam os intrusos da sua presença, quem o fará?", explica o veterinário.
No fundo, os cães assumem esta vigilância como parte de um "pacto com os donos". "Vocês alimentam-me de dia e eu tomo conta de vocês à noite (e de dia também)", escreve Juan Romero.