Um cão chamado Bob é a nova estrela das redes sociais. Não fez 300 quilómetros para voltar para casa, não tem 30 anos, não salvou vidas. É um cão banal... mas com cara de pessoa. Não se consegue perceber ao certo o que dá a Bob uma feição humana — serão os olhos, a forma como tem o pelo cortado, o facto de ter o rosto num formato mais próximo dos homens, todo o conjunto — mas a verdade é que toda a gente que vê o cão tem a mesma opinião e perceção.

A imagem do animal de estimação foi partilhada na rede social Reddit pelo usuário “Emceegrarth”, que lançou a discussão quando escreveu que o cão “parece que tem cara de homem”, partilhando a foto do animal, que pertencerá a “um amigo de um amigo”. E a coisa tornou-se viral.

Mas como é que  um cão pode ter o rosto idêntico ao de um humano?

A resposta pode não ser tão superficial assim. É possível um canino ter alguma semelhança facial que se aproxime à de um ser humano devido à seleção artificial feita pelos homens na educação seletiva. O que é que isto significa?

Depois de ser adotado, este cão andou quase 65 quilómetros para ir ter a casa da família que o abandonou
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Se remontamos a milhares de anos, o homem criava o cão com certos propósitos: proteção, caça e até companhia. As escolhas para cada um destes propósitos iam variar consoante as feições do canino.

Estudos científicos demonstram que as pessoas têm tendência para escolher um animal de estimação que tenha alguma semelhança com o próprio dono. Michael Roy, da Universidade de Califórnia em San Diego, Estados Unidos, foi um dos primeiros psicólogos a investigar esta teoria.  A partir de um estudo feito em três parques caninos diferentes, determinou que é mais provável homens muito musculados serem donos de um Pitbull e que na maioria dos casos, mulheres com cabelo comprido tivessem animais de estimação com orelhas grandes. 

Há também teorias de que podemos escolher o nosso animal de estimação tendo em consideração a personalidade. Borbala Turcsan, da Universidade de Eotvos, na Hungria, determinou através de um conjunto de experiências que alguns rasgos de personalidade da pessoa, podem ser encontradas no seu cão.

“A semelhança é inclusive maior do que a que pode ser encontrada entre matrimónios e amigos”, reforçou. Por exemplo, é provável que uma pessoa que seja introvertida, tenha um cão que dificilmente se afaste das pernas do seu dono.

É de reforçar que, embora possam existir semelhanças entre as feições de um cão e o seu dono, continuam a ser animais com as suas próprias necessidades e comportamentos, sendo importante tratá-los como o que são: seres vivos, diferentes dos humanos, cujas necessidades físicas e emocionais devem ser satisfeitas da forma apropriada.