Numa altura em que se assinala o regresso às aulas da maioria das crianças, o Instituto Português de Oncologia de Lisboa afirma que as crianças com cancro que tenham terminado o tratamento e tenham autorização médica para ir à escola devem continuar a fazê-lo. O IPO esclareceu esta segunda-feira, 21 de setembro, que, na generalidade dos casos, não existe risco acrescido de estas crianças contraírem o novo coronavírus.

"Neste momento, não há evidência de que as crianças com cancro tenham mais risco, quer de contrair a doença Covid-19, quer de ter formas mais graves da doença, dependendo obviamente da fase de tratamento em que se encontram", explica Filomena Pereira, diretora do serviço de pediatria do IPO de Lisboa. A pediatra acrescenta ainda que "a gripe sazonal pode ter quadros clínicos muito mais graves nestas crianças do que a COVID-19" e exemplifica: "Estas crianças, que estejam em tratamento ou tenham concluído o tratamento, correm riscos acrescidos de contrair uma doença infeciosa, no caso de haver uma varicela ou sarampo e não é por isso que deixam de ir à escola".

Mas existem exceções, como é o caso de crianças que estejam na fase inicial do tratamento, ou crianças que, além do cancro, tenham doenças cardíacas ou respiratórias. Os especialistas do Instituto Português de Oncologia procederam à elaboração de orientações genéricas sobre a frequência escolar de crianças com doenças oncológicas a partir de uma investigação bibliográfica sobre os riscos de infeção da COVID-19.

O conhecimento médico-científico atual demonstra que, em comparação com os adultos, as crianças estão por frequência assintomáticas ou têm doença menos grave, sendo as taxas de transmissão "mais baixas" abaixo dos 10 anos. Segundo os especialistas, a reabertura das escolas não deverá aumentar significativamente as taxas de infeção visto  que os contágios acontecem por norma entre familiares.

O IPO de Lisboa aconselha ainda a utilização de máscara em crianças a partir dos dois anos de idade, o ensino da higienização das mãos e das regras de distanciamento físico, a administração da vacina da gripe por parte das pessoas que vivem na mesma casa do que estas crianças e que os irmãos que frequentam a escola sigam religiosamente as regras definidas, devendo desinfetar-se sempre que chegam a casa.