O empresário Manuel Serrão está a viver uma situação muito complicada e poderá ter de devolver ao Estado 42 milhões de euros que foram entregues à sua Associação para a Promoção de Salões Internacionais (a Seletiva Moda), que terá recebido ilegalmente o dinheiro, através de um esquema de captação de fundos europeus. Recorde-se que Manuel Serrão é atualmente arguido neste processo, em que está precisamente em causa uma fraude que terá levado ao desvio destes fundos europeus para proveito próprio, bem como de outros envolvidos.

Em causa está o processo de insolvência da Seletiva Moda, a associação liderada por Manuel Serrão que, depois de ter recebido dezenas de milhões de euros de fundos europeus declarou falência. O Ministério Público acredita que o dinheiro foi usado para proveito do principal arguido, Manuel Serrão. Agora, a Agência para o Desenvolvimento e Coesão, que é tutelada pelo Ministério da Coesão Territorial, está a exigir de volta 42 milhões de euros entregues à Seletiva Moda. "Estando em causa projetos da Seletiva Moda financiados pelo Programa Compete e pelo Programa Lisboa, as autoridades de gestão destes programas, em resultado dos trabalhos que desenvolveram e das conclusões da ação de controlo da Agência para o Desenvolvimento e Coesão, realizada a pedido do senhor ministro Adjunto e da Coesão Territorial, tomaram a decisão, após audiência prévia realizada junto do beneficiário, de revogar as operações em causa, tendo os respetivos créditos sido reclamados pela Agência, nos termos da legislação aplicável aos períodos de programação 2014-2020 e 2021-2027", explicou o próprio Ministério da Coesão, citado pelo "Correio da Manhã deste sábado". O valor em causa é de "41 194 672 euros", precisou a entidade governativa.

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Recorde-se que, por exemplo, entre 2015 e 2023, o empresário Manuel Serrão viveu no hotel Sheraton do Porto. E durante este mesmo período a sua associação, a Seletiva Moda, recebeu dezenas de milhares de euros em fundos europeus. O Ministério Público acredita que esta vida de luxo era financiada com este dinheiro. O empresário será interrogado no Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa já na próxima quarta-feira, 30 de outubro.