O bispo de Beja tem uma solução muito católica para os padres abusadores de menores citados na lista da Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja: um perdão generalizado. Mas não é um perdão generalizado só porque sim. É preciso que os padres estejam arrependidos, atenção. E é preciso que já tenham feito a sua penitência católica, para remendarem os seus erros. Foi essa a mensagem que Dom João Marcos deixou em declarações à SIC. Até porque, como disse, "todos somos pecadores, todos somos limitados, todos temos falhas".

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Sobre o pedido de suspensão dos padres envolvidos no escândalo sexual, diz que "essa maneira de abordar a questão não é muito católica". E tem então outra solução: "Na Igreja Católica existe o perdão. O perdão é um novo nascimento — se realmente as pessoas estão arrependidas do que fizeram e fizeram penitência e repararam o mal que fizeram. Se há este novo nascimento, que o perdão nos oferece, isso é importante, não podemos desvalorizar isso”, explicou o bispo de Beja.

Na sua diocese, D. João Marcos tem "nove situações" referidas no relatório, como admitiu. Mas sobre o que vai acontecer aos padres citados é que não tem certezas. Primeiro, irá haver "uma segunda análise dos casos", até porque, como disse, "cada caso é um caso".

O bispo de Beja é o mesmo que disse ter-se esquecido de responder ao pedido de entrevista da Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais Contra Crianças na Igreja. Em fevereiro, quando ignorou este pedido, justificou-se com o facto de ter tido um AVC, o que lhe afetou a memória.